Extorsão e tráfico: saiba mais sobre a Operação Juros Altos
As investigações apontam que alguns desses indivíduos possuem ligação direta com facção para garantir a cobrança de dívidas.
A Polícia Civil divulgou áudios das ameaças feitas pelo grupo familiar responsável por uma série de crimes como extorsão, tráfico de drogas, lavagem de dinheiro no Piauí. Em vários áudios, um homem se coloca na posição de poder dentro de uma facção criminosa para punir a vítima pelo não pagamento da dívida. A Operação DRACO 147 “Juros Altos” foi deflagrada na manhã desta quarta-feira (21).
“Se tu não vier se acertar, eu vou mandar os caras do PCC atrás de tu. Eu tô bem aqui na sua casa. Você tem moto, tem carro aqui que estava empenhorado nos agiotas. Então, você vai me pagar aqui ou no inferno”, diz um dos criminosos.
Em outro arquivo, ele afirma que está juntando um grupo de pessoas para uma nova série de ameaças. O criminoso chega, inclusive, a afirmar que não se preocupa com a possibilidade de morrer por que se trata de “uma guerra”.
“É uma guerra. Ele tá pegando, tá juntando a máfia de nóia, e nós também somos pesados. E aí o cara estava armado, nós também estava. Vamos deixar pra sexta-feira de novo, nós temos outro rebuliço. É pra tá junto nós três, e lá com uma gangue deles. Vamos botar a mão pra tremer essa p*rra. Eu nasci pra morrer mesmo”, destaca.
O núcleo familiar também usa informações sobre a vida pessoal e de familiares das vítimas para enfatizar o poder do grupo. “Olha, tu fala pra esse nóia do teu marido, que eu já fui na casa da mãe dele, as vizinhas me falaram que a mãe dele foi para São Paulo, e vocês se mudaram daí, né? Mas eu vi ele na rua, na hora que eu ver ele na rua, o que ele tiver eu vou tomar”, afirma.
Outra voz masculina afirma estar de acordo em ir realizar a cobrança. “Tá beleza, pois nos vai. Tem que tomar o que esse cara tem, o carro que ele tem. Tem que levar ele pra algum lugar, porque compensa pra nós”, diz.
Em um vídeo divulgado por um dos criminosos, ele exibe uma grande quantidade de dinheiro da extorsão contra outra pessoa sob mediante ameaça e violência. Em outra gravação, um indivíduo aparece mostrando uma sacola com maconha. “Só o pozinho, mas é naturalzinha e dá uma lombra”, diz ele mostrando ainda estar em um sítio e filmando outro homem, que não foi identificado.
Sobre os presos
Entre os investigados, destacam-se um homem identificado como J. O. G, que é o principal responsável pela lavagem de dinheiro, ele utilizava-se de agiotagem e extorsão para dissimular os recursos oriundos de atividades criminosas.
- A companheira dele, identificada como L. G. O, que atuava na ocultação de patrimônio e administração dos recursos ilícitos;
- D. G. O (vulgo “Tan Tan”), envolvido na aquisição e ocultação de veículos de luxo, usados para camuflar o enriquecimento ilícito;
- T. O. G, executor das ordens do grupo, conhecido por sua violência extrema nas ações de cobrança de dívidas;
- L. G. O (vulgo “Cabeludo”), líder local da organização, comandava as operações de cobrança com uso de ameaças e violência;
- J. F. S, esposa de L.G.O, era intermediária nas transações financeiras ilícitas.
Draco 147
A Polícia Civil do Piauí deflagrou a Operação DRACO 147 “Juros Altos”, na manhã desta quarta-feira (21), em Teresina, São Raimundo Nonato, Timon (MA) e em São Paulo. A ação teve como principal objetivo desarticular um núcleo criminoso familiar na região sul do estado, responsável por uma série de crimes como organização criminosa, usura, extorsões, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
Foram cumpridos 11 mandados de prisão preventiva e 13 treze mandados de busca e apreensão, além de 24 medidas cautelares, incluindo o bloqueio de bens e valores em dinheiro, e a apreensão de veículos de luxo. Todos os alvos integram um núcleo familiar que, além de compor uma organização criminosa, praticava diversos crimes na região de São Raimundo Nonato, com foco na extorsão violenta e cobrança de dívidas impagáveis através da usura.
Durante as investigações, constatou-se que o grupo criminoso movimentou quantias vultosas de dinheiro nos últimos anos, demonstrando o nível de influência dessa organização na região. Além das medidas cautelares de prisão e busca e apreensão, foram bloqueados bens e valores em dinheiro.
Fonte: Portal A10+