Polícia Civil do Piauí indicia sete alvos da Operação Turismo Criminoso
Entre os indiciados está Bruno Arcanjo, acusado de matar o policial Marcelo Soares durante a operação.
A Polícia Civil do Piauí, por meio do Departamento de Combate à Corrupção (DECCOR), indiciou sete alvos da Operação Turismo Criminoso, acusados de integrarem um esquema criminoso de fraudes contra o Departamento Estadual de Trânsito do Piauí (DETRAN-PI). Entre os indiciados no último dia 23, está Bruno Manoel Gomes Arcanjo, acusado de matar o policial Marcelo Soares da Costa, do DRACO, durante cumprimento de mandado em seu endereço, no Maranhão, no dia 3 de setembro deste ano..
Além de Bruno Arcanjo, o delegado Ferdinando Martins indiciou Wallace Fernandes Moreira Silva, Thallyson Santiago Campelo, Pedro Gabriel de Carvalho Sena, Gabriel Seabra Araújo apontados como líderes do esquema e Carlos André Araújo Santos e Hélcio Laércio da Costa Martins, que tiveram participação acessória.
Na Operação Turismo Criminoso, a DECCOR aprofundou as investigações sobre outro braço da organização criminosa, que, entre os anos de 2019 e 2022, lucrou com o emplacamento de veículos inexistentes (fakes) no DETRAN-PI.
Segundo as autoridades, a partir da ajuda de despachantes e servidores do DETRAN, parte do grupo criminoso de fora veio até o Piauí e, com ajuda de alguns piauienses, conseguiu emplacar vários carros inexistentes, fraudando desde o emplacamento desses veículos até sua futura comercialização por meio de empréstimos e financiamentos em bancos.
De acordo com a polícia, a partir da atuação da despachante Maria Ovete de Andrade Monteiro (já indiciada), o grupo conseguiu realizar as inúmeras fraudes. Foi comprovado que ela era a responsável por iniciar e validar as fraudes, usando, muitas vezes, o ato administrativo de primeiro emplacamento de veículos com notas fiscais falsas, e/ou alteração de propriedade sem o consentimento do real proprietário dos carros.
Primos participam do esquema
Bruno Arcanjo e seu primo, Wallace Fernandes, foram apontados por Maira Ovete como sendo os responsáveis por iniciar o esquema criminoso, cooptando servidores do DETRAN.
Maria Ovete foi alvo da Operação Hidra de Lerna, em junho de 2022, sendo punida e afastada do DETRAN, contudo, o outro braço da organização criminosa seguiu operando.
Participação dos demais indiciados
No relatório do inquérito, o delegado Ferdinando Martins detalhou a atuação de cada um dos indiciados, destacando a participação de alguns deles, como Hélcio Laércio e Thalysson Santiago, apontados como trabalhadores do ramo de compra e venda de veículos, que ajudavam no emplacamento de carros fictícios e suas posteriores negociações no Piauí.
A investigação apontou ainda uma movimentação suspeita no valor de R$ 2 milhões por Thallyson Santiago em um período de 6 meses, recursos incompatíveis com o patrimônio, a atividade econômica ou a ocupação profissional e a sua capacidade financeira.
Os investigadores concluíram que Pedro Sena capitaneou e trouxe pessoas de fora para atuar no esquema em Teresina, hospedando-as em uma casa alugada por um mês, deixando o imóvel com débitos na imobiliária.
Já Gabriel Seabra, filho de um funcionário do DETRAN-PI, atuava no recrutamento de pessoas para atuar nos crimes.
No decorrer da investigação, a DECCOR também chegou ao nome de Carlos André Araújo, acusado de ter emprestado seus dados para emplacar vários carros em seu nome, e também de transferir valores decorrentes das vendas simuladas desses carros para contas de pessoas indicadas pelos membros da organização criminosa, ajudando-os nas condutas de lavagem de dinheiro.
“Como elucidado, agindo com unidade de desígnios, convergências de vontades e divisão de tarefas, os indiciados valeram-se da atuação dos despachantes e servidores do DETRAN e conseguiram fraudar o primeiro emplacamento de pelo menos 37 carros na autarquia de trânsito deste estado. Esses agora indiciados foram os líderes e principais responsáveis pelas fraudes aqui elucidadas”, concluiu o delegado Ferdinando Martins.
Indiciamento
Com base nas informações e provas obtidas na investigação, o delegado indiciou Bruno Arcanjo, Wallace Fernandes Moreira Silva, Thallyson Santiago Campelo, Pedro Gabriel de Carvalho Sena, Gabriel Seabra Araújo e Carlos André Araújo Santos pelos crimes de constituir organização criminosa com uso de funcionário público, falsidade ideológica, uso de documento falso e lavagem de dinheiro.
Pedro Gabriel de Carvalho Sena também foi indiciado por falsificação de documento, enquanto Hélcio Laércio da Costa Martins foi indiciado apenas por constituir organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Fonte: GP1