Saiba como estudante agiu para fraudar vestibular do Iesvap
A PF apontou que as conversas com o líder do esquema, também estudante de Medicina, iniciaram em 2021.
Natural de Fortaleza (CE), a estudante de medicina Jeovanna Gabryella Reges da Silva, do Instituto de Educação Superior do Vale do Parnaíba (IESVAP), é um dos alvos da 4ª fase da Operação “Passe Livre”, que apura um esquema criminoso especializado em aprovações fraudulentas para cursos de Medicina. A PF apontou que as conversas com o líder do esquema, André Rodrigues Ataíde, também estudante de Medicina, iniciaram em outubro de 2021.
As investigações indicam que o contato entre Jeovanna e André começou com o objetivo de obter vagas em vestibulares de pelo menos quatro instituições. Segundo a PF, a estudante forneceu uma segunda via do seu documento de identidade, que foi adulterado para incluir a foto de uma pessoa contratada para realizar a prova em seu lugar. A mulher identificada como Adriele Pedroso foi a responsável por prestar o vestibular do IESVAP em nome de Jeovanna. A cearense teria pago R$ 2 mil a André para garantir sua aprovação.
No cumprimento de mandados da 4ª fase da operação, agentes da Polícia Federal realizaram buscas no apartamento da estudante, localizado no Condomínio Ideal Residence, no bairro Frei Higino, em Parnaíba. A operação também apura outras fraudes em vestibulares on-line, nas quais terceiros respondiam as questões para candidatos. Em alguns casos, o esquema operava simultaneamente para até nove pessoas, utilizando várias conexões para acessar e resolver as provas.
O grupo liderado por André Rodrigues Ataíde é acusado de burlar sistemas de segurança de forma recorrente, facilitando a entrada de candidatos em cursos concorridos. A PF identificou os pagamentos por meio de transferências bancárias, e os lucros obtidos com as fraudes eram distribuídos entre as pessoas responsáveis por realizar as provas de maneira ilegal.
Operação Passe Livre
A Operação Passe Livre teve início em fevereiro deste ano, combatendo fraudes no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Na 1ª fase das diligências, a investigação identificou que André Ataíde teria realizado provas do Enem de 2023 e 2022 no lugar de dois candidatos. Com base na nota no Enem conseguida através de fraude, essas duas pessoas foram aprovadas em medicina, pela Universidade Estadual do Pará (Uepa) em Marabá, mas sem terem feito a prova.
A perícia da Polícia Federal constatou que as assinaturas nos cartões de resposta e as redações não foram produzidas pelos inscritos nos processos seletivos do Enem. Para se passar por outros candidatos, o suspeito de fazer as provas pode ter usado documentos falsos. Na época, André Ataíde cursava Medicina na Uepa de Marabá, mas passou por processo de expulsão e migrou o curso para a Faculdade de Ciências Médicas do Pará (Facimpa).
Crimes que os alvos podem responder
Os alvos da operação podem responder pelos crimes de estelionato, já que foram utilizados meios fraudulentos para obter aprovações indevidas em vestibulares e no Enem, prejudicando candidatos legítimos. Também pode ser imputado o uso de documento falso, pois Jeovanna forneceu uma identidade adulterada para que outra pessoa realizasse a prova em seu lugar. Além disso, há indícios de falsidade ideológica, devido à inserção de informações falsas em documentos oficiais para enganar as instituições de ensino.
A configuração de associação criminosa (art. 288) é outra possibilidade, uma vez que várias pessoas participaram do esquema com tarefas bem definidas.
Fonte: GP1