Professor da Uespi é afastado após denúncias de assédio
Em nota, a UESPI informou que a aluna não fez uma denúncia formal. Conforme o Diretório Central dos Estudantes (DCE) de Picos, a aluna denunciou o caso na Ouvidoria e o Grupo de Enfrentamento à Violência contra a Mulher (NEVIM).
Uma estudante de 18 anos da Universidade Estadual do Piauí (Uespi), no campus de Picos, denunciou ter sido assediada sexualmente por um professor de 60 anos. Segundo o Boletim de Ocorrência (BO) registrado pela vítima, o suspeito a perseguia durante as aulas e chegou a apontar um laser para os seios dela durante uma aula.
Em nota, a UESPI informou que a aluna não fez uma denúncia formal. Leia a nota na íntegra no final da reportagem.
Conforme o Diretório Central dos Estudantes (DCE) de Picos, a aluna denunciou o caso na Ouvidoria e o Grupo de Enfrentamento à Violência contra a Mulher (NEVIM). Ao fazer a denúncia, a estudante foi informada que o professor havia sido afastado em razão das queixas. Na nota divulgada à imprensa, a UESPI não cita o afastamento.
Ao saberem que uma aluna havia sido vítima de assédio, no dia 17 de outubro, os estudantes da instituição organizaram uma manifestação e espalharam pelo campus diversos cartazes pedindo o afastamento do professor (foto abaixo). Até então, os estudantes não sabiam quem era a vítima.
Denúncia
A vítima ingressou na instituição apenas há dois meses, no dia 28 de agosto de 2024, e está no primeiro período. E com menos de um mês de aula o assédio começou. A reportagem teve acesso à denúncia formalizada pela aluna na ouvidoria no dia 18 de outubro, um dia após a manifestação organizada pelo DCE. E no mesmo dia em que denunciou o caso à Polícia Civil.
Confira a lista em ordem cronológica das importunações que a aluna relatou à universidade:
- Inicialmente, a vítima relatou que, durante as aulas, era constantemente chamada pelo professor com perguntas e interações. Por isso mudou de lugar na sala, para tentar afastar a atenção, mas as investidas continuaram;
- No dia 19 de setembro de 2024, ela recebeu seis chamadas telefônicas, sendo cinco perdidas e uma atendida. Era o professor, que se identificou e disse que havia ido até o local de trabalho de uma colega de sala da aluna para conseguir o número. O assunto da chamada, segundo a denúncia, eram assuntos da aula anterior;
- No dia seguinte, o professor ligou outra vez, falando novamente sobre a aula do dia anterior. Então a vítima contou a alguns colegas o que estava acontecendo e eles falaram que também notaram o comportamento estranho do docente com a aluna durante as aulas;
- Depois, durante uma aula que a estudante chegou atrasada, seus colegas contaram que o professor questionou a classe se ela iria faltar, porque ainda não estava na sala.
- Em outra aula, em que a aluna sentou no fundo da sala, notou que o professor apontava um objeto para ela. Ao abaixar a vista, notou que ele apontava o laser que utilizava durante as aulas para os seus seios;
- No dia 9 de outubro, conforme a denúncia da ouvidoria, a vítima pediu para que sua mãe a levasse em um psicólogo. A mãe não sabia do que se tratava. A vítima relatou que queria ter certeza que as atitudes do professor era assédio contra ela. O profissional a orientou a contar o que estava acontecendo para sua família;
- Então, no dia 10 de outubro, ela contou o que estava acontecendo para a família. E acompanhada da mãe, foram na diretoria do campus de Picos da Uespi e relataram essas ocorrências para a instituição. A direção do curso informou que a situação seria resolvida imediatamente. No mesmo dia, quando foi para a aula, o coordenador do seu curso informou à turma que o professor em questão havia sido afastado.
Leia a nota da Uespi:
NOTA
A Direção do campus Prof. Barros Araújo, em Picos, vem a público manifestar seu posicionamento diante das recentes informações de assédio envolvendo um professor e uma aluna da instituição.
Em primeiro lugar, reafirmamos nosso compromisso inalterável com um ambiente acadêmico seguro, ético e respeitoso para todos e todas. A Universidade não compactua, em hipótese alguma, com comportamentos que firam os princípios da dignidade humana, como assédio moral, sexual ou qualquer tipo de violência.
É importante ressaltar que a Universidade dispõe de canais institucionais devidamente estruturados para acolher e apurar denúncias de forma séria e responsável. A Ouvidoria e o Grupo de Enfrentamento à Violência contra a Mulher (NEVIM) estão à disposição de todos os membros da comunidade acadêmica para receber denúncias, realizar orientações e garantir o encaminhamento correto das informações, sempre resguardando a privacidade e a segurança das partes envolvidas.
Reforçamos a necessidade de tratar este tema com a máxima sensibilidade, evitando qualquer exposição ou julgamento antecipado, a fim de preservar a integridade e bem-estar da vítima. A Direção do campus mantém-se atenta e comprometida em manter os espaços da universidade como locais de aprendizado, respeito e inclusão.
Importante esclarecer que não houve a denúncia formal, porém, a Direção do Campus realizou os procedimentos e fez os encaminhamentos após ouvir as partes envolvidas.
A Direção do campus reforça o compromisso de aprimorar continuamente suas políticas e ações de combate a qualquer forma de violência ou discriminação, por isso, assim, como aconteceu no início do semestre, o campus irá preparar um novo evento para debater sobre violência contra as mulheres e reforçar que o campus universitário é um espaço de paz, respeito e conhecimento.
Fonte: G1