Suspeito de ‘indicar’ R$ 50 milhões em esquema, Ciro Nogueira posta vídeo condenando a corrupção
Senador piauiense está entre os mais contemplados em suposto esquema denunciado pelo Jornal O Estado de São Paulo
O senador Ciro Nogueira (Progressistas), investigado pela Polícia Federal, usou sua conta no Instagram, na manhã desta quarta-feira (12), para publicar um vídeo onde a mãe do comediante Paulo Gustavo, vítima da Covid-19, critica aqueles que desviaram recursos públicos durante a pandemia.
“A corrupção mata, e roubar na pandemia é assassinato”, disse Dea Lúcia, mãe do comediante.
A crítica compartilhada pelo senador ocorre poucos dias após ele ser acusado pelo Jornal O Estado de São Paulo, de ter participação no esquema do ‘Bolsolão’. O esquema, de acordo com o jornal, consistiu na ‘compra de parlamentares’, por parte do Governo Bolsonaro, em troca de apoio no Congresso Nacional.
Ao todo, ainda segundo o jornal, cerca de R$ 3 bilhões foram indicados pelos parlamentares para execução de obras e compra de equipamentos que seriam destinados às suas bases eleitorais, em seus respectivos estados. Ciro Nogueira teria indicado emendas no montante de R$ 50 milhões.
Assista ao vídeo:
Trio que comandou o ‘Bolsolão’
Os senadores Davi Alcolumbre (DEM-AP) e Ciro Nogueira (PP-PI) e a secretária de Governo de Bolsonaro, Flávia Arruda (PL-DF), são três dos integrantes mais destacados do Bolsolão, um esquema para criar ilegalmente um orçamento paralelo de R$ 3 bilhões em emendas.
Boa parte das emendas foi destinada para a compra de tratores e equipamentos agrícolas por preços até 259% acima dos valores de referência fixados pelo governo. O jornal teve acesso a 101 ofícios enviados por parlamentares nos últimos três meses para “ditar” como o Ministério do Desenvolvimento Regional deveria gastar os recursos disponíveis no orçamento, utilizando-se de termos como “minha cota” e “recursos a mim reservados”.
O esquema dificulta o controle do Tribunal de Contas da União (TCU) e da sociedade, além de desrespeitar leis orçamentárias, pois são os ministros que deveriam definir onde aplicar os recursos. Os acordos para direcionar o dinheiro não são públicos, e a distribuição dos valores não é equânime entre os congressistas, atendendo a critérios eleitorais. Nesta operação, só quem apoia o governo acaba saindo beneficiado.