Alckmin oficializa filiação ao PSB para ser vice de Lula
Em Brasília, ex-tucano participa de ato ao lado de petistas
O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin assinou nesta quarta-feira, em Brasília, sua filiação ao PSB. Político alinhado à centro-direita, Alckmin terá a missão de ampliar o alcance da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Incentivado a ser vice da chapa presidencial, o ex-tucano será importante, segundo aliados de Lula, para conquistar eleitores de centro e setores econômicos ainda relutantes ao retorno do PT ao poder.
A entrada de Alckmin na disputa eleitoral também serve ao propósito de Lula de tentar ocupar o vácuo político ainda não preenchido na chamada terceira via, de eleitores de centro.
Primeiro a discursar durante o evento, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, ressaltou a necessidade de a oposição a Jair Bolsonaro ampliar o leque de apoios durante o pleito.
Não se trata de uma disputa entre esquerda e direita. Será entre a democracia e o arbítrio — disse Siqueira, que mais de uma vez fez referência a Jair Bolsonaro: — Essa anomalia (governo Bolsonaro) precisa ser encerrada.
Adversário histórico do PT em São Paulo e em disputas nacionais, Alckmin ainda é recebido com relutância por correntes do petismo. Nesta quarta-feira, a presidente da legenda, Gleisi Hoffmann, representa Lula na cerimônia.
Como informou O GLOBO, a avaliação de Lula é que uma aparição pública ao lado de Alckmin poderia provocar embaraço, já que a indicação do ex-governador para vice da chapa não passou ainda pelas instâncias partidárias. O lançamento da pré-candidatura de Lula deve ocorrer no dia 30 de abril, em São Paulo.
Nas próximas semanas, o PSB deve formalizar a indicação de Alckmin para vice da chapa do petista. Depois disso, o PT deve marcar um encontro nacional com delegados para aprovar a escolha.
Sem consenso para a formação de uma federação entre PT e PSB, que obrigaria a união das legendas por quatro anos, os socialistas se concentram neste momento em reverter as saídas de deputados. A sigla deve ser uma das maiores afetadas até o fim da janela partidária.
Ainda assim, os socialistas já confirmaram publicamente que farão parte da frente de partidos de esquerda na coligação de Lula. Alckmin, por sua vez, será o símbolo principal dessa união.
Nesta quarta-feira, além de Alckmin, foram filiados o vice-governador do Maranhão, Carlos Brandão; o senador Dario Berger; e os deputados Pedro Tobias e Floriano Pezaro; além de outras pessoas sem mandato.
No PT, correntes de esquerda e dois ex-presidentes nacionais do partido, Rui Falcão e José Genoino, têm se manifestado contra a indicação do ex-tucano para vice na chapa. Mas a expectativa é que a opinião de Lula prevaleça. O ex-presidente tem afirmado, em conversas, que caberá a ele indicar o seu vice, já que o posto é de extrema confiança.
Após o processo de escolha de Alckmin ser resolvido no PT, Lula passará a envolver o tucano em discussões sobre o programa de governo que será apresentado ao país. O ex-presidente enfatiza ainda que o ex-governador, que deixou o PSDB após 33 anos na legenda, não será um vice decorativo e participará ativamente, tanto da campanha como de um eventual governo.