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O que se sabe sobre o caso da adolescente encontrada morta em matagal na Zona Sudeste de Teresina

O g1 conversou com a delegada responsável pela investigação do crime para tentar esclarecer alguns pontos do caso que começou como um desaparecimento e terminou como homicídio.

A adolescente Maria Camila Ferreira Silva, de 16 anos, foi vista pela última vez no dia 23 de abril, quando saiu de casa, na Vila Irmã Dulce, Zona Sul de Teresina, com uma amiga. Dias depois, na quarta-feira (27), o corpo dela foi encontrado no povoado Boquinha, zona rural sudeste da capital.

O caso é investigado pelo Núcleo de Feminicídio do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), que investiga assassinatos contra mulheres, independente da qualificadora. Neste caso, até o momento, não há indício de ter sido um crime de gênero.

A delegada Nathalia Figueiredo, responsável pelo caso, conversou com o g1 sobre a investigação, que ainda está em fase inicial, e contou as informações que podem ser repassadas no momento, dado que o caso envolve uma menor, por isso algumas informações devem ficar em segredo de justiça.

A adolescente foi sequestrada?

A família de Maria Camila disse que a adolescente sofria de dependência química. No dia do seu desaparecimento, 23 de abril, a mãe da garota Maria Cleone, a encontrou andando pela vizinhança e a levou para casa.

Momentos depois, a mulher precisou sair e quando retornou não encontrou mais a filha no local. Maria Cleone relatou ter recebido, na segunda-feira (25), pelo WhatsApp, uma foto da filha chorando.

Família recebeu foto de Maria Camila chorando antes de ser assassinada em Teresina — Foto: Reprodução

Depois, a mãe procurou a Polícia Civil e registrou um Boletim de Ocorrência informando o desaparecimento da filha. A Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente iniciou a investigação para tentar localizar Maria Camila.

Contudo, na quarta-feira (27), um casal que estava próximo ao povoado Boquinha encontrou o corpo da adolescente, avisou outras pessoas e a polícia foi acionada.

Corpo é encontrado em matagal na Zona Sudeste de Teresina — Foto: Reprodução

A delegada Nathalia Figueiredo informou que ainda não é possível afirmar se a garota foi sequestrada, que somente com mais elementos que serão colhidos durante a investigação será possível esclarecer a dinâmica dos fatos.

Vítima morreu no local onde corpo foi encontrado?

Ao encontrar o corpo, a polícia identificou marcas de violência. Entretanto, a causa da morte ainda não foi esclarecida. “Existe a materialidade. O corpo foi encontrado, mas estamos aguardando o laudo do exame cadavérico e do local em que o corpo foi encontrado”, informou a delegada Nathalia Figueiredo.

Para a delegada, o crime pode ter acontecido em outro lugar e o corpo da jovem ter sido levado para o local onde foi encontrado. “É uma investigação que precisa de uma análise mais apurada. De início não é possível passar muitas informações”, disse.

Delegada Nathalia Figueiredo, da Polícia Civil do Piauí — Foto: Reprodução

Com os laudos, a delegada espera esclarecer questões como as circunstâncias em que a adolescente foi morta, se há sinais de tortura, por exemplo, e se o crime de fato aconteceu onde o corpo estava.

“Essa parte pericial, técnica, é fundamental para a investigação”, explicou.

Quem cometeu o crime?

Até o momento nenhum suspeito foi preso ou identificado. Devido às circunstâncias envolvendo o crime, especula-se que tenha sido uma execução feita por algum grupo criminoso em uma prática criminosa conhecida como “tribunal do crime”.

Entretanto, a delegada afirmou ser muito cedo para confirmar ou descartar essa hipótese. “Durante a investigação pode ser que se chegue a essa conclusão. Inicialmente, não é possível dizer isso. É muito cedo para dizer, tudo isso ainda é objeto de investigação”, explicou Nathalia Figueiredo.

Familiares temem represálias de assassinos

No dia em que aguardavam a liberação do corpo de Maria Camila, o padrasto e o avô da adolescente relataram, em entrevista à TV Clube, terem medo de que a família sofra represálias dos criminosos que assassinaram a garota.

“A gente quer só levar [o corpo] e enterrar ela. A gente não quer represália com esse pessoal. A gente está temendo por isso. O que eu me pergunto é: esses infelizes que fizeram isso com ela não têm irmã? Não têm pai, não têm mãe?”, questionou Francisco Soares, padrasto de Maria Camila.

Ameaças de morte

O padrasto comentou que a adolescente havia dito à mãe, dias antes de desaparecer, que recebeu ameaças de morte. “Ela relatou para a mãe uma vez. Chegou chorando, e disse ‘mãe, vão me matar, vão me matar’. A mãe perguntou o que ela tinha feito, e ela disse ‘nada’. Acho que ela queria proteger as irmãs, a família”, disse.

A partir daí, os familiares de Camila buscaram formas de tirar a adolescente da vizinhança, como enviá-la para alguma instituição de apoio a dependentes químicos, mas ela desapareceu antes que eles conseguissem.

“Isso pegou a gente de surpresa. O que aconteceu foi a pior desordem, não quero que ninguém sinta o que eu estou sentindo. Eu, o pai, a mãe, sempre dávamos conselho a ela: ‘Minha filha se saia desse tipo de coisa’. Quantos conselhos nós demos, e olha no que deu”, lamentou o avô de Camila.

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