Motoristas podem paralisar após aviso de que não serão pagos
De acordo com o sindicato, parte do salário que deveria ser pago amanhã (20), não será possível, conforme foram informados.
Os trabalhadores do transporte coletivo de Teresina podem paralisar novamente, já que os empresários avisaram hoje (19) que não vão pagar parte do salário dos trabalhadores, que deveria ocorrer amanhã (20), segundo o presidente Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários (Sintetro), Antônio Cardoso.
Após 22 dias de greve, no dia 12 de abril deste ano foi firmado um acordo entre a Prefeitura de Teresina, o Sindicato das Empresas de Transporte Urbano (Setut) e o Sintetro. Após várias reuniões, foi fechado um acordo para que o salário do motorista ficasse em R$ 2 mil, o cobrador em R$ 1.231 e dos fiscais R$ 1.325. Já o plano de saúde ficou de R$ 60 e o vale refeição de R$ 170. Ao todo são 1,2 mil trabalhadores que atuam no transporte coletivo da capital.
A categoria recebe o pagamento de forma quinzenal, então a primeira parte deveria ser paga amanhã, mas de acordo com o sindicato, alguns empresários já informaram que não seria possível. Isso porque os empresários informaram ao sindicato que receberam R$ 1,2 milhão da prefeitura, mas que ainda faltaria o subsídio de R$ 850 mil que foi acordado.
Para Antônio Cardoso, os empresários possuem condições financeiras de realizar o pagamento mesmo sem esse repasse.
“Nosso pagamento sempre ocorre de forma quinzenal, então seria pago até amanhã. Algumas empresas já disseram que não vão fazer o pagamento amanhã, por conta da prefeitura não ter feito o repasse de R$ 850 mil. A gente sabe que antes desse pagamento da prefeitura, as empresas estavam pagando e possuem condição de pagar no dia 20, porque é uma parcela menor, é 40% do salário. Eles estão querendo usar a gente, nós não temos nada haver com a prefeitura e a Strans. Somos funcionários das empresas”, afirmou.
Como o pagamento é quinzenal, amanhã os motoristas deveriam receber R$ 800, o cobrador R$ 482 e o fiscal R$ 530. De acordo com o presidente do Sintetro, quando foi assinado o acordo coletivo, os empresários retiraram, sem informar aos trabalhadores, a cláusula que determinava o pagamento quinzenal, e que eles só perceberam após a assinatura. Antônio Cardoso disse que mesmo assim os empresários afirmaram que continuariam pagando dessa forma.
“Desde 1991 esse pagamento é feito de forma quinzenal. Eles tiraram de propósito a cláusula no acordo coletivo, onde determinava o pagamento no dia 20. A cláusula estava no documento aprovado, mas eles tiraram e a gente só foi perceber depois, porque confiamos né, mas já tínhamos conversado com eles, que disseram que iriam continuar pagando de forma quinzenal”, disse o presidente.
Outro problema é o plano de saúde. Confiando que o pagamento que seria pago no dia 20, o sindicato fez um acordo com uma empresa de plano de saúde, onde o pagamento deveria ser realizado no próximo dia 23 de maio, mas sem o dinheiro, a assinatura fica inviabilizada.
Caso o pagamento não seja realizado amanhã, uma Assembleia será realizada na sede do Sintetro, no sábado (21), em horário que ainda será definido, para que os trabalhadores decidam se vão dar um novo prazo aos empresários ou se vão paralisar novamente.
“Os trabalhadores estão cumprindo com a carga horária, indo trabalhar, então eles precisam receber o seu salário. Vamos aguardar se eles realmente não vão pagar. Sem pagamento, vamos fazer a assembleia”, destacou.
Intervenção do TRT
O Sintetro informou que se o pagamento não for realizado, vai procurar a desembargadora do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), Liana Chaib, para que ela intervenha no caso.
“Vamos pedir o bloqueio das contas das empresas para que o salário seja pago, pois a desembargadora afirmou que iria acompanhar esse acordo e que iria tomar providência em caso de irregularidades. Vamos procurar também o Ministério Público para nos ajudar”, acrescentou.
Outras irregularidades
Antônio Cardoso disse que as empresas ainda estão cometendo várias irregularidades. No dia 31 de maio uma audiência será realizada com o Ministério Público para tratar sobre esses problemas.
“Tem trabalhador que está há 3 anos sem carteira assinada. Nós assumimos o sindicato agora, eles [empresários] pediram um prazo para regularizar, mas eles continuam com práticas irregulares em termo de carteira assinada. Temos motivo para paralisar, com trabalhadores ainda recebendo por diária, descumprimento de férias com 3 vencidas, desconto de férias sem explicação”, declarou.
Ele ainda pontuou que algumas empresas estão também descumprindo em relação a circulação dos ônibus, que atualmente mais de 200 estão circulando na cidade.
“Depois do acordo, achávamos que eles iriam melhorar, mas não foi isso. Eles estão com uma prática de colocar os carros pela manhã para fazer uma viagem ou duas e às vezes coloca a tarde ou não, para burlar a fiscalização da Strans. Estamos atentos a isso, então tem vários descumprimentos por parte do Setut”, criticou.
Nota do Setut
Em nota, o Setut afirmou apenas que está faltando o pagamento referente ao mês de abril.
O Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (SETUT) informa que a primeira parcela referente ao mês de março, do valor de R$ 850 mil, foi repassado no dia 06 de maio. Contudo, o repasse da Prefeitura referente ao mês de abril continua em aberto e as empresas seguem aguardando o pagamento.
Fonte: cidadeverde.com