‘Inthegra voltará mas é preciso ajustes’, diz superintendente
Segundo Cláudio Pessoa, não há prazos para a conclusão desses reajustes. Até o momento, a Prefeitura de Teresina está estudando o comportamento dos passageiros e modificações no sistema.
O superintendente municipal de transporte e trânsito, Cláudio Pessoa, falou em entrevista à TV Clube, nesta sexta-feira (5), sobre os problemas no transporte público de Teresina e sobre a volta efetiva do sistema Inthegra. Atualmente, os teresinenses enfrentam uma crise no transporte público e os principais prejudicados são os passageiros que dependem do serviço.
De acordo com Cláudio, o sistema de integração entre terminais, corredores e estações de passageiros voltará a ser efetivo. Contudo modificações e ajustes precisam ser feitos para que os terminais de integração, por exemplo, voltem a funcionar.
“Quando se fala em soluções de problemas existem alternativas de curto, médio e longo prazo. A curto prazo nós detectamos uma reavaliação do contrato vigente. Onde precisou se ver como refinanciar a execução desse serviço pelos operadores. Em um segundo momento, a prefeitura trabalha para infraestruturar a cidade para que atenda ao plano diretor, ao plano de ordenamento do município e a própria licitação que prevê essa modalidade em rede”, explicou.
Ainda segundo o superintendente, não há prazos para a conclusão desses reajustes. Até o momento a Prefeitura de Teresina está estudando o comportamento dos passageiros e modificações no sistema.
A licitação feita em 2014 atuou em cima de uma estimativa de 9 milhões de usuários do transporte público. Na época, transportes alternativos como por aplicativo não eram tão atuantes na cidade. Mas com o passar do tempo ocorreu uma perda de passageiros, que injetavam recursos nesse sistema, por isso, a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (Strans) precisa reavaliar o sistema Inthegra, segundo o superintendente.
“Infelizmente ainda não conseguimos fazer todos esses estudos. Esse é um problema que se arrasta há décadas, não é só no município de Teresina, o Brasil todo está se reinventando no transporte público e logicamente que a gente vai precisar estar dialogando com os outros entes e com a população para chegar a uma solução aceitável a todos”, finalizou Cláudio Pessoa.
Atualmente Teresina, conforme a Strans, existe uma ordem de serviço de 250 veículos atuantes na capital, porém as concessionárias alegam que não há receita para por mais ônibus nas ruas. Então, efetivamente circulam 215 ônibus pela cidade.
Sistema Inthegra
O Sistema de Transporte Público de Teresina – Inthegra foi implantado em 2008, com orçamento de cerca de R$ 500 milhões. Com o tempo, os problemas na mobilidade urbana da capital foram só aumentando e hoje a realidade mostra estações de passageiros depredadas, terminais de ônibus subutilizados, greve de motoristas e cobradores e frota insuficiente.
Neste cenário, os passageiros são os mais prejudicados e que sofrem com a falta de um transporte público de qualidade na capital Teresina, como é o caso da assistente de lojista Liana Gomes.
“Estou 1h20 esperando um ônibus. É bem complicado porque a gente paga nossos impostos certinhos e quando chegamos aqui as nossas paradas estão precárias. Sou obrigada a ficar aqui, sentada em um lugar super desconfortável esperando um ônibus e fico muito vulnerável a violência”, declarou a passageira.
Para a estudante Isadora Alves a situação também é difícil, ela reclamou da superlotação do transporte em seu trajeto de ida e volta da escola.
De acordo com o Plano Diretor de Transporte e Mobilidade Urbana, que teve seu relatório final apresentado em 2008, foram gastos R$ 500 milhões com a construção de terminais, estações, corredores, faixas exclusivas e adequações no trânsito.
Na época da implantação, o sistema Inthegra previa menos tempo de espera por ônibus e economia de dinheiro para os passageiros.
Com o sistema funcionando, os usuários pegariam os ônibus nos bairros e seguiriam até o terminal mais próximo, nesse local, já teriam ônibus esperando para levar em direção ao centro da cidade, sem o acréscimo de uma nova passagem o deslocamento, seria por vias exclusivas, então não teriam que enfrentar o trânsito.
Segundo Emerson Samuel, auditor fiscal de transporte público, o sistema de integração não precisa ser apenas por meio do cartão eletrônico, segurança e infraestrutura precisam também fazer parte. E os terminais subutilizados em Teresina precisam voltar a funcionar.
“Tem uma frota muito reduzida que não consegue retomar o sistema tronco-alimentar anterior, que também teve rejeição da sociedade. Então, nós da auditoria popular do transporte, identificamos que é preciso utilizar essa infraestrutura com as linhas existentes. Então as linhas radiais podem chegar nesses terminais para equilibrar a demanda”, afirmou o auditor.
Na capital existem 60 estações de ônibus, que atendem 100 mil passageiros. Também há oito terminais construídos, mas que não desempenham a função para que foram criados. Quatro destes estão sendo usados como ponto de vacinação, exemplo é o terminal do bairro Buenos Aires, na Zona Norte, que custou aos cofres públicos R$ 3,5 milhões. Ele foi inaugurado no dia 9 de fevereiro de 2020, mas foi pouco utilizado e com a pandemia os terminais foram fechados.
Para o arquiteto e urbanista, João Alberto Monteiro, que já foi secretÁrio municipal de planejamento, houve falhas desde a elaboração do plano diretor, mas os principais erros foram cometidos na execução do projeto.
“Há uma dicotomia do que foi pensado, idealizado, projetado, para o que foi posto em prática. Hoje, definitivamente, não temos transporte, nem muito menos integrado. Foi feito uma estrutura, que eu diria, não exatamente adequada para a cidade, para o trajeto e condição de Teresina. Interferiu brutalmente no projeto, porque era o mais barato para ser executado rapidamente e o resultado foi esse”, comentou.
Fonte: g1piauí.com