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Pais de crianças mortas em incêndio podem responder por abandono de incapaz

Avós das vítimas e vizinhos afirmam que elas estavam sozinhas na casa quando tudo aconteceu. Os pais das crianças ainda não foram ouvidos. Uma das crianças sobreviveu, mas está em estado gravíssimo.

Os pais de Maria Eloá e Francisco Ayllan, de 4 e 6 anos, crianças que morreram após um incêndio dentro de casa podem responder por abandono de incapaz, de acordo com a Polícia Civil do Piauí (PC-PI). A irmã mais velha Francisca Aylla, de 7 anos, sobreviveu e está internada em estado grave. O g1 tentou, mas não conseguiu contato com a família.

A delegada Daniella Dinali, que acompanha o caso, afirmou que os avós das vítimas foram à delegacia, mas não foram ouvidos oficialmente devido ao abalo emocional. Os pais ainda não foram localizados e nem ouvidos. De forma preliminar, os avós afirmaram que, aparentemente, as crianças estavam sozinhas em casa.

“Estamos ainda investigando. É cedo para concluir, mas, inicialmente, estamos trabalhando com o abandono de incapaz com resultado morte. A equipe já esteve no local do crime e a perícia. Estamos aguardando os relatórios para que possamos dar continuidade e concluir o inquérito”, explicou.

A explosão aconteceu por volta das 22h, no quarto onde as crianças dormiam. Vizinhos já haviam afirmado que os irmãos estavam sozinhos em casa no momento. O Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar não informaram se havia adultos no local, porque quando chegaram as crianças já tinham sido levadas ao hospital pelos vizinhos.

Segundo os bombeiros, os moradores relataram que perceberam a fumaça, quebraram portas e janelas do quarto e conseguiram retirar as crianças e o colchão incendiado antes da chegada dos bombeiros e levaram (por meios próprios) uma criança ferida ao Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (HEDA).

Ainda segundo os vizinhos, uma das crianças ainda sofreu cortes na boca e no nariz, causando sangramento. Uma delas era asmática e acabou inalando muita fumaça, ficou inconsciente e foi reanimada pelos vizinhos. Eles utilizaram mangueiras e baldes pra conter o fogo.

Estado de saúde de sobrevivente

Francisca Aylla, de 7 anos, está recebendo atendimento médico no Hospital Estadual Dirceu Arcoverde e os médicos aguardam estabilização em seu estado de saúde para que ela seja transferida a Teresina. As cidades ficam a cerca de 330 km de distância.

De acordo com informações do hospital, Aylla está em estado gravíssimo por ter inalado fumaça tóxica e está em ventilação mecânica, com uso de drogas vasoativas (noradrenalina e adrenalina), sem sedação, mas sem reflexo neurológico no momento.

O hospital afirma ainda que ela chegou ao local em parada cardíaca e foi reanimada por cinco minutos. A criança não tem comprometimento por queimaduras.

Foto: Reprodução

Causa do incêndio sob apuração

Segundo os bombeiros, a origem do incêndio não foi identificada. A principal suspeita é de que um ventilador tenha incendiado no quarto onde os irmãos dormiam, mas a origem do fogo será determinada apenas após uma perícia.

Os bombeiros destacaram que não conseguiram apurar o ocorrido no local porque os moradores estavam no hospital com as crianças.

Eles adiantaram que não havia vestígios de explosão no quarto e que é possível que o fogo tenha sido apagado logo após ter iniciado. Não havia vestígios de fogo no teto e a estrutura do imóvel parece não ter sido afetada.

Foto: Reprodução

Dificuldade em pedir socorro

Ainda segundo os bombeiros, os populares mencionaram dificuldade em acionar os telefones 193 e 192 (dos Bombeiros e do Samu), dizendo que haviam realizado várias tentativas, mas o telefone não chamava.

“Durante o dia, várias ligações e vários testes ao telefone 193 foram realizados, mas não foram identificados defeitos nas linhas, inclusive com o atendimento de outras ocorrências”, relataram os militares.

Leia abaixo o comunicado do Hospital Estadual Dirceu Arcoverde sobre a tragédia:

Nota oficial

A Direção do Hospital Estadual Dirceu Arcoverde e colaboradores manifestam profundo pesar e sua solidariedade à família pelo falecimento dos irmãos M.E. e F.A. que morreram após um incêndio na casa onde moravam no bairro Frei Higino.

Ainda durante a noite desta segunda-feira (17) todas as equipes do HEDA foram mobilizadas para ajudar no caso, mesmo com todos os esforços e todas tentativas de reanimação, infelizmente duas crianças não resistiram.

F.A., a irmã mais velha, está em estado grave e recebendo atendimento médico no Hospital Estadual Dirceu Arcoverde. A direção informou que está aguardando estabilização em seu estado de saúde para que ela seja transferida para unidade específica em Teresina.

Prestamos condolências aos familiares pelas perdas a Deus que conforte seus corações.

Fonte: g1piauí

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