Pais de bebê morto durante ritual no Piauí são soltos após oito meses presos
Sete pessoas, entre os pais da criança, foram indiciadas por homicídio qualificado e ocultação de cadáver. O corpo da vítima nunca foi encontrado. Pais e avós paternos da criança já foram soltos.
Os pais do bebê Weslley Carvalho Ferreira, de 1 ano e 10 meses, foram soltos após decisão da Justiça nessa quarta-feira (26). O pai e a mãe da criança, que não tiveram seus nomes informados, estavam presos desde fevereiro, portanto há oito meses. Além deles, mais cinco pessoas foram indiciadas por homicídio qualificado e ocultação de cadáver. O corpo da criança nunca foi encontrado.
A Justiça já havia concedido na segunda-feira (24) liberdade aos avós paternos do menino. Ele está desaparecido desde dezembro do ano passado. Ao g1, o advogado Smailly Carvalho explicou que a decisão se deu com base na inexistência de materialidade do crime e autoria por parte dos avós. Em agosto, as duas tias e um tio foram soltos.
“Não há provas do crime de homicídio, essa versão foi dada pela Polícia Civil. A mãe apresentou várias versões do fato, mas nenhuma foi comprovada. Por isso, solicitamos os exames de sanidade mental dela e do marido, que ainda continuam presos, para que seja colocados em liberdade também”, disse o advogado.
Ao todo, 11 pessoas foram presas na morte do bebê Wesley. Quatro menores foram apreendidos suspeitos de participação no crime, mas também foram colocados em liberdade.
Durante a investigação, a família informou que a criança morreu durante um ritual e o corpo foi jogado em uma caieira [cova rasa destinada à produção de carvão], em um sítio na cidade de Altos, Norte do Piauí. Em depoimento, o pai confessou ter cremado o próprio filho, logo após o bebê desmaiar nos braços da mãe, porque estava há duas semanas sem se alimentar.
Para a defesa, não existem indícios de que a criança teria sido morta e queimada durante um ritual. O advogado Smailly Carvalho defende que a investigação do sequestro da criança retorne para delegacia e seja concluída.
Investigação
No dia 9 de fevereiro deste ano, a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) abriu um inquérito para apurar o desaparecimento da criança. A primeira versão, que foi apresentada pela família, era de que Weslley teria sido sequestrado no Centro de Teresina em 29 de dezembro de 2021.
A primeira hipótese foi descartada pela polícia que, em seguida, pediu a prisão dos pais e dos avós paternos do bebê devido às irregularidades nos depoimentos deles. Os quatro mandados de prisão temporárias foram cumpridos no dia 21 de fevereiro.
Uma segunda versão, contada pela mãe de Wesley, é de que o menino teria caído em um poço no local onde os pais moravam, no município de , a cerca de 40 km de Teresina. Segundo a mulher, o marido e os sogros presenciaram o acidente. A hipótese foi investigada e também descartada.
A avó materna de Weslley, Maria Lúcia, contou que a filha Ângela [mãe do bebê] foi obrigada pelos sogros a mentir sobre o desaparecimento da criança. Ângela contou que o filho morreu nos seus braços, quando ela estava participando de um ritual na casa dos sogros. Todos os participantes, inclusive o bebê, estavam há duas semanas sem se alimentar.
Ainda em fevereiro, policiais civis fizeram buscas por vestígios que pudessem ajudar nas investigações sobre o desaparecimento de Wesley Carvalho Ferreira, mas os restos mortais não foram encontrados. A diligência ocorreu em um sítio no Povoado São Bento.
Fonte: g1piauí