Procissão do Fogaréu: mais de 10 mil homens ‘perseguem Cristo’
A cidade é considerada a Capital da Fé do estado mais católico do país. Ato que representava a perseguição dos soldados romanos a Jesus, aos poucos ganhou novo significado para os católicos e simboliza a fé em busca do Salvador da Humanidade.
Há mais de 200 anos, milhares de homens com tochas nas mãos percorrem toda Quinta-Feira Santa um longo trajeto pela cidade de Oeiras, a primeira capital do Piauí, localizada 280 km ao Sul de Teresina. A Procissão do Fogaréu acontece em uma caminhada de cerca de 2 km e lembra a perseguição dos soldados romanos a Jesus Cristo, segundo os católicos, antes de sua crucificação.
Amauri Campos é um dos que mantém a tradição viva há quase 50 anos. E tem lugar de destaque, participa levando, em vez da lamparina, a matraca, instrumento de madeira e ferro que reproduz o sino da igreja e guia a caminhada.
“Enquanto eu viver eu acompanho, e aqui faço tudo: limpo igreja, toco sino e acompanho a procissão”, contou ele.
Como em todos os anos, a caminhada levou milhares de fiéis às ruas e atraiu turistas. Alguns têm antigas ligações com a cidade e, neste período, sempre voltam à Capital da Fé do estado considerado o mais católico do país, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística: a religião é a declarada por 85% da população.
“Trouxemos filhos, maridos, para participar desse espetáculo que é um sucesso e é um prazer imenso estar aqui”, disse a dentista Ana Teresa Freitas, que não mora em Oeiras, mas fez questão de acompanhar em 2023.
A filha, pela primeira vez testemunhando a Procissão, contou da emoção de participar. “É a cidade natal do meu avô e eu só tinha vindo uma vez, mas não tinha visto [a caminhada], achei interessante, importante conhecer a origem da família”, disse.
As mulheres acompanham o percurso das ruas e praças ou oram na Catedral de Nossa Senhora da Vitória, onde a Procissão inicia e encerra. Os homens, em duas filas, caminham por cerca de uma hora e retornam à capela para acompanhar o Sermão do Fogaréu.
Todo o trajeto fica escuro por onde os “soldados” passam e vai se iluminando pelas tochas e lamparinas levadas por eles. Dom Edilson Soares detalha como, ao longo dos anos, a Procissão foi ganhando um novo significado.
“Hoje, andar ao encontro de Jesus com a tocha é muito mais que um soldado que prende o Salvador da Humanidade, trata-se de homens que vão ao encontro porque sabem que ele é a luz do mundo!”, explica.
Fonte: G1 Piauí