Política

73% dos que votariam em Bolsonaro se posicionam contra Lula, PT ou ‘comunismo’

A ampla maioria dos eleitores de Bolsonaro, num eventual segundo turno contra Lula, apoiaria sua reeleição por causa de um sentimento antiesquerdista

Dos 33% de eleitores que votariam em Jair Bolsonaro (sem partido) num segundo turno contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – que venceria a disputa com 54% das intenções de voto – apenas uma minoria de 9% (ou 27% do total dos apoiadores do presidente) baseia sua escolha no desempenho administrativo do atual ocupante do Planalto. É o que mostra pesquisa divulgada nesta manhã pela Quaest Consultoria e Pesquisa e pelo banco Genial Investimentos.

A ampla maioria dos eleitores de Bolsonaro, num eventual segundo turno contra Lula, apoiaria sua reeleição por causa de um sentimento antiesquerdista: 73% justificam a opção porque o presidente é um representante contra Lula, o PT ou o “comunismo”.

Indagados sobre o motivo da escolha, 9% (27% dos que preferem Bolsonaro) disseram que “não querem que o PT volte ao poder”; 8% (24% do grupo) afirmam que o voto é para “afastar o comunismo/ditadura do Brasil”; e 5% (15%) porque “não querem que Lula volte a ser presidente”. Somente 9% disseram que o escolheriam porque “Bolsonaro está fazendo um ótimo trabalho”.

Para o cientista político Felipe Nunes, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e fundador da Quaest, o resultado mostra que há espaço para uma terceira via na medida em que o voto em Bolsonaro está baseado essencialmente na negação do esquerdismo e não no mérito como gestor.

Sendo assim, diz Nunes, o surgimento de um candidato antipetista competitivo poderia fazer Bolsonaro derreter. Em sua visão, é por isso que a pré-campanha de Ciro Gomes (PDT) tem batido tanto no ex-presidente Lula. “É o que os outros pré-candidatos deveriam estar fazendo. A terceira via não entendeu ainda que é isso que toma voto de Bolsonaro. Não tem que ficar neutra. Para mim, não há nada resolvido. Diria que a polarização não será necessariamente entre Bolsonaro e Lula”, diz.

Sobre a capacidade de Ciro se beneficiar dos ataques a Lula, porém, ela teria um limite, dado que o pedetista se posiciona como um candidato de centro-esquerda. “Para o eleitor de Bolsonaro, o problema é que o Ciro, o cara que tem mais chance de ser essa terceira via hoje, não cumpre todos os requisitos. Ele [Ciro] pode ser anti-Lula e antipetista, mas não é antiesquerdista”, analisa.

Foram entrevistadas 1.500 pessoas, presencialmente, acima de 16 anos, nos 27 Estados da Federação, entre os dias 1º e 4 de julho. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

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