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Jovem com deficiência ficou preso injustamente por estupro em Teresina; mãe detalha sofrimento

Mesmo sem provas, M.P.C., que é deficiente intelectual, foi acusado de estuprar uma criança de 12 anos.

A10+ conversou com a mãe e com a advogada do jovem de 22 anos, de iniciais M.P.C, que ficou internado em uma casa de recuperação por 3 meses, ao ser apontado injustamente como o autor de um estupro contra uma menina de 12 anos em Teresina. O caso aconteceu em junho deste ano e o jovem foi preso logo após o abuso. 

Um homem e uma mulher foram presos nesta segunda-feira (04) como os verdadeiros autores do crime. Eles teriam coagido a vítima a colocar a culpa no rapaz, que tem deficiência intelectual e necessita de cuidados de terceiros continuamente. Em entrevista ao A10+, a advogada Pâmella Monteiro explicou que desde o início do caso, a defesa observou inconsistências na acusação e realizou diligências ainda em delegacia para que fosse ouvidas outras pessoas e fosse identificado o verdadeiro autor. 

“Ele foi injustiçado; ele tem problemas mentais e devido a isso ele também uma dificuldade na fala o que impossibilita ele se defender e explicar os fatos. No dia 2 de junho ele foi preso de forma injusta, ele foi apontado pela vítima como o autor do estupro de vulnerável […] Nós tivemos a notícia de que as vestes da menina haviam sido lavadas e aquilo nos chamou atenção, ou seja, os verdadeiros supostos agressores estavam ali no ciclo familiar dela, o que dificultou a investigação e a elucidação”, destacou a advogada. 

A defesa ressaltou que sempre acreditou na inocência do jovem, diante de sua condição mental e física. A reviravolta no caso ocorreu há poucos dias, quando a vítima, ao ver que a mulher suspeita do crime fora intimada para prestar esclarecimentos, ficou nervosa e resolveu revelar a verdade aos pais, afirmando que o casal teria sido o verdadeiro autor do crime.

“Todo tempo a gente diligenciou, pediu a produção de provas e inclusive pedimos o exame de confrontamento genético, que é onde eles vão se o material colhido na garota era mesmo dele. Não houve coleta do material […] Quando aconteceu a oitivas de algumas pessoas a garota não resistiu a pressão psicológica e falou. Ela foi obrigada a mentir, ela foi direcionada a apontar o rapaz como autor do estupro, mas aí ela voltou atras e falou que mentiu porque havia sigo obrigada e induzida”, completou Pâmella. 

Moradores há mais de 20 anos no residencial Mario Covas, na zona Sul de Teresina, os suspeitos presos eram do círculo familiar da vítima e próximos dos familiares do jovem, o que fez com que facilitasse o apontamento dele acerca do delito, segundo a advogada. A mãe de M.P.C passou os três meses o acompanhando, diante do seu quadro que necessita de atenção. 

“Apesar de não ter sido obrigada pela justiça, ela ficou no local para preservar a integridade do filho, pelo fato de que o filho não possui coordenação motora, não tem habilidade, força muscular. Nós diligenciamos, vimos algumas inconsistências, como o horário do abuso. Não teria como ele ter praticado aquele crime”, pontuou a defesa. 

Processo contra o estado

Para a defesa, a família deve ser reparada por todo o dano causado. A mãe do jovem vendeu bens para poder acompanhá-lo. E não foram só danos materiais. M.P.C após a detenção, passou a ter tremedeiras, traumas, nervosismo e precisará de acompanhamento psicológico. 

“Agora nós vamos entrar com as medidas legais cabíveis para tentar reparar o dano que foi imposto a ele, mas também a mãe dele. São pessoas humildes, são pessoas desprovidas de capital financeiro; eles se desfizeram de bens, tudo em prol dele e ajuda ele, que passou por toda essa situação constrangedora. As pessoas que fizeram isso se aproveitaram do fato de ser uma pessoa com deficiência mental, impossibilitada de se defender. O que a família deseja é justiça e reparação. Se para um cidadão comum já é um trauma grande, para uma pessoa com problemas esse trauma é agravado”, finaliza. 

Sentimento de revolta e pedido de justiça

Preferindo preservar sua identidade, a mãe do jovem disse que apesar do alívio de já ter seu filho em casa, o sentimento é de revolta diante de todo o constrangimento. A família quer justiça. 

“Hoje a gente soube a notícia que os verdadeiros culpados foram pegos. Meu filho foi acusado injustamente. Hoje estamos com sentimento de revolta por tudo que passou, não foi fácil o que a gente passou, foi muito difícil. Eu gastei, fiz dívida para pagar advogado e graças a Deus hoje resolvemos isso. Ele está com traumas, não quer sair de casa. Agora em diante uma vida nova, sentimento de revolta ainda, mas agora é seguir para frente”, desabafou a mãe. 

Fonte: A10+ 

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