Política

MINISTRO: Preocupado com esquemas, Ciro assume a Casa Civil para lançar ‘bucha’ em 2022 no Piauí

Senador piauiense perdeu força no interior do Piauí e em Teresina. Saída honrosa da disputa pelo Palácio de Karnak é assumir ministério e lançar um laranja em 2022

O nome do senador Ciro Nogueira, presidente nacional do Progressistas, alvo da Polícia Federal e de diversas investigações no âmbito da Operação Lava Jato, será efetivado no Ministério da Casa Civil. A mexida de Bolsonaro vai de encontro ao que a classe política sempre previa, o rendimento do Governo Federal ao Centrão.

Por um lado, Ciro Nogueira sempre foi resistente à ideia de assumir a cadeira, que um dia já foi de nomes como o de Dilma Rousseff (PT), eleita presidente da República por duas vezes. O senador piauiense ostentava um projeto de se lançar candidato ao Governo do Piauí, mas por trás, sem intenção alguma de efetivá-lo. Ciro não é capaz de peitar o Governo de Wellington Dias (PT), ao lado de quem foi eleito ao Senado em duas ocasiões.

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Esquema da vacina: CPI mira contrato entre Saúde e empresa ligada a Ciro Nogueira
Ciro Nogueira, Lira e Flávio Bolsonaro teriam esquema para transportar vacinas

O senador nunca quis ser ministro. Nos governos de Dilma Rousseff e Michel Temer (MDB), ele teve a oportunidade, mas não era conveniente no momento. Desta vez, perdendo todas as forças no interior do Piauí, onde sempre se gabou de levar obras e ações, ele busca uma saída honrosa. Vai assumir o Ministério da Casa Civil, para assim, desistir da eleição para o Governo do Estado e lançar um nome qualquer. O ex-prefeito de Teresina, Sílvio Mendes (PSDB) e o ex-senador João Vicente Claudino (PTB), são cotados.

Nas últimas semanas, aliados de peso passaram a dialogar com segmentos do Governo do Piauí. Em Floriano, por exemplo, o prefeito Joel Rodrigues (Progressistas), está por um fio de abandonar o barco de Ciro. Em Parnaíba, o prefeito Mão Santa (DEM), se reuniu com o secretário de Saúde, Florentino Neto (PT), adversário histórico. São movimentos dessa natureza, que mostram como tem sido as investidas aos aliados do senador.

Ultimamente, Ciro Nogueira tem, inclusive, deixado de viajar pelo interior. Apenas algumas ações isoladas na capital foram realizadas. Por outro lado, nomes como o de Rafael Fonteles (PT), principal candidato ao Governo do Estado segue crescendo.

CIRO E O ESQUEMA DA VACINA CONTRA A COVID-19
A CPI da Covid vai apurar detalhes do contrato firmado entre o Ministério da Saúde e uma empresa ligada ao presidente da Câmara, Arthur Lira, e aos senadores Ciro Nogueira e Flávio Bolsonaro. A negociação envolve a empresa VTCLog, responsável pelo transporte de vacinas, e tem suspeitas de irregularidades.

Foto: Divulgação

Um áudio atribuído ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), cita o nome de Ciro Nogueira, como um dos supostos envolvidos no esquema de propina envolvendo a compra de vacinas.

O esquema seria um dos trunfos que aproximou o senador piauiense da família Bolsonaro, sobretudo do senador Flávio Bolsonaro. Ciro é chamado de filho 05, pela proximidade e pela cumplicidade junto ao presidente da República.

Foto: Divulgação

DENÚNCIAS E INVESTIGAÇÕES
Ciro Nogueira responde a duas denúncias apresentadas ao Supremo Tribunal Federal (STF) em decorrência das investigações da Lava-Jato e ainda é alvo de um inquérito decorrente da delação do empresário Joesley Batista. Também foi alvo de três ações por improbidade administrativa.

Senador desde 2010, a maior parte das questões judiciais envolvendo Ciro corre nas instâncias superiores em razão do foro privilegiado. Os casos na Suprema Corte caminham desde 2017.

Uma das denúncias apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em 2018 acusa o senador de tentar obstruir as investigações da Lava-Jato por supostamente ameaçar e tentar comprar uma testemunha que prestou depoimentos à Polícia Federal.

A outra denúncia, apresentada em fevereiro de 2020, aponta pagamento de dinheiro ilegal da Odebrecht para campanhas eleitorais de Ciro Nogueira. Os crimes apontados são corrupção passiva, lavagem de dinheiro e corrupção ativa.

Segundo os delatores, ele pediu à Odebrecht recursos para sua campanha eleitoral em 2010, tendo recebido R$ 300 mil, fora da contabilidade oficial. Segundo a PGR, as doações tinham como contrapartida a ajuda que Ciro poderia prestar à Odebrecht em razão do cargo público que ocupa.

O STF ainda não julgou o recebimento dessas ações contra Ciro. Caso elas sejam recebidas, ele se tornaria réu.

Há ainda o inquérito aberto a partir da delação de Joesley Batista que o investiga por suposto recebimento de propina da JBS para que o PP apoiasse a eleição e o governo de Dilma Rousseff. Em maio, a Polícia Federal informou que encontrou provas que reforçam a suspeita de que Ciro recebeu R$ 5 milhões, pediu prorrogação do inquérito e solicitou que o senador seja interrogado novamente. A ministra Rosa Weber ainda não se manifestou sobre o pedido.

No Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), responsável por analisar em segundo grau questões que chegam do Piauí, o senador figura em três ações por improbidade administrativa. Em uma delas, o Ministério Público Federal (MPF) acusa o senador de usar recursos públicos para a propaganda eleitoral da mulher dele, a deputada federal Iracema Portella (PP), nas eleições de 2014. O caso está concluso para decisão desde 2019.

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