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FIM DE UMA ERA: Bolsonaro se impõe e pode não renovar concessão da TV Globo

Emissora da família Marinho tem sido alvo constante do presidente da República. Queda de receitas e alvo de investigações por sonegação, podem contribuir para a ruína do Grupo Globo

O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), tem cogitado desde os primeiros dias de seu mandato, não renovar a concessão da TV Globo, caso a mesma não apresente toda a documentação necessária e esteja dentro do que determina a lei.

De acordo com Bolsonaro, em recente entrevista, a concessão da TV, que deve ser renovada no final de 2022, último ano de mandato do presidente, poderá ser renovada ou não.

“Não vou dar dinheiro para vocês. Globo, não tem dinheiro para vocês. Em 2022… Não é ameaça não. Assim como faço para todo mundo, vai ter que estar direitinho a contabilidade, para que você [Globo] possa ter sua concessão renovada. Se não tiver tudo certo, não renovo a de vocês nem a de ninguém”, afirmou o presidente.

TV Globo perdeu recursos com a nova gestão presidencial Foto: Divulgação

Em diversas oportunidades, o presidente passou a ser provocado por profissionais da emissora. Desde a campanha eleitoral, Bolsonaro ameaçava cortar verbas publicitárias da TV e dividir de forma igualitária entre todas as emissoras. E assim fez, despertando a ira da TV da família Marinho.

“Essa imprensa lixo chamada Globo. Ou melhor, lixo dá para ser reciclado. Globo nem lixo é, que não pode ser reciclado. Entrou o ‘e daí’ e depois insistiram a me fazer perguntas idiotas. Eu acabei entrando na deles. Essa imprensa lixo, porcaria.”

As emissoras de rádio e TV no Brasil são concessões públicas. A da TV Globo vence em abril de 2023. A concessão é renovada ou cancelada pelo presidente, e o Congresso pode referendar ou derrubar na sequência o ato presidencial em votação nominal de 2/5 das Casas (artigo 223 da Constituição).

Segundo lei aprovada pelo governo Michel Temer (MDB), no entanto, o presidente pode decidir sobre a concessão até um ano antes de ela vencer, ou seja, no caso da Globo, em abril de 2022, início do último ano do mandato de Bolsonaro.

Não é a primeira vez que Bolsonaro ameaça impedir a renovação da concessão da TV Globo.

“Vocês vão renovar a concessão em 2022. Não vou persegui-los, mas o processo vai estar limpo. Se o processo não estiver limpo, legal, não tem renovação da concessão de vocês, e de TV nenhuma. Vocês apostaram em me derrubar no primeiro ano e não conseguiram”, afirmou na ocasião.

Jorge Nóbrega, vice-presidente do Grupo Globo, diz que não há intriga da emissora com o Governo Bolsonaro Foto: Divulgação

Além do impasse entre a TV e o Governo Bolsonaro, a Receita Federal segue em investigações dentro do Grupo Globo. A informação é de que a emissora deve milhões de reais em impostos ao Governo Federal. Por outro lado, estaria usando contratos com PJ (Pessoa Jurídica), para contratar profissionais, diminuindo assim, a carga de impostos a serem pagos. O apresentador William Bonner, do Jornal Nacional é um dos investigados.

A disputa entre o Grupo Globo e o Governo Bolsonaro também envolve uma série de desinformações. A TV é acusada constantemente de divulgar informações inverídicas sobre o Governo e sobre o presidente da República. Uma delas, deixou a entender que o presidente Jair Bolsonaro teria relações direta com a morte da ex-vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), morta à tiros. Ele recharçou a reportagem.

“Isso é uma patifaria, TV Globo! TV Globo, isso é uma patifaria! É uma canalhice o que vocês fazem. uma ca-na-lhi-ce, TV Globo. Uma canalhice fazer uma matéria dessas em um horário nobre, colocando sob suspeição que eu poderia ter participado da execução da Marielle Franco, do PSOL. Temos uma conversa em 2022. Eu tenho que estar morto até lá. Porque o processo de renovação da concessão não vai ser perseguição, nem pra vocês nem para TV ou rádio nenhuma, mas o processo tem que estar enxuto, tem que estar legal. Não vai ter jeitinho pra vocês nem pra ninguém”, disse.

Presidente ameaça não renovar concessão da TV Globo Foto: Divulgação

Contra a Copa América, mas a favor das Olimpíadas
Outra briga entre a TV Globo e o Governo Bolsonaro, envolveu a realização da Copa América de futebol. Após perder os direitos de tramissão para o SBT, concorrente, a Globo chegou inclusive, a pedir perdão à Conmebol, no intuito de conseguir transmitir o torneio. O pedido foi negado pelo presidente da entidade, Alejandro Domínguez.

Ao longo da programação, os comentaristas esportivos da TV Globo atacaram a realização do torneio. As críticas foram contundentes contra a Copa América, principalmente depois que foi anunciada a sua realização no Brasil.

No SporTV, o narrador Luis Roberto detonou a confirmação da competição no Brasil. “Isso é uma vergonha. Essa Copa América já não deveria ser realizada. A pandemia interrompeu várias competições mundo afora. Neste momento, é só mais um torneio caça-níquel”, protestou.

Nos bastidores da concorrência e no Palácio do Planalto, as críticas dos jornalistas da Globo foram vistas como uma tentativa de politizar a Copa América por interesses comerciais. De fato, o posicionamento crítico da Globo, mesmo que não institucionalizado, prejudicou as negociações do SBT. A rede de Silvio Santos só vendeu três das seis cotas de patrocínio.

Ao passo em que foi crítica com a realização da Copa América no Brasil, a TV Globo investiu pesado na cobertura das Olimpíadas no Japão. Ao todo, são 500 profissionas atuando diretamente na cobertura do evento, sendo 53 destes direto do Japão. Uma grande contradição, visto que na Copa América, cerca de 1 mil profissionais vieram ao Brasil à trabalho, incluindo as seleções e os profissionais responsáveis pela execução dos jogos.

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