Economia

Filha de Wellington Dias comemora faturamento de sua empresa

Iasmin Dias disse que pandemia não afetou faturamento de sua empresa online e que arrecadação só cresce

Em meio ao caos econômico provocado pelo fechamento das atividades econômicas desde o mês de março no Estado do Piauí, a empresária Iasmin Dias, proprietária da Mooi Natural Beauty, empresa online que atua no ramo de cosméticos, usou o programa Piauí que Trabalha, da TV Cidade Verde, para se vangloriar pelo sucesso de vendas e lucro obtido nos últimos meses.

Não seria nada demais, se ela não fosse filha do governador Wellington Dias, do PT, que determinou o fechamento do comércio em todo o Estado desde a segunda quinzena de março.

“Nosso faturamento tem crescido todos os meses, até de forma surpreendente pelo período que a gente tá, além do produto ter uma qualidade muito boa, um feedback muito especial de nossas clientes, não tivemos nenhum problema com queda de faturamento até agora”, ressaltou a jovem arquiteta.

Não há nada de errado com o negócio da empresária, mas a iniciativa de ir para a imprensa dar visibilidade ao sucesso econômico de seu empreendimento, recebeu diversas críticas principalmente de aliados do governador. Isso tudo acontece ao mesmo tempo em que o Piauí registrou o fechamento de quase 2.500 empresas no primeiro quadrimestre deste ano.

Negócio já havia sido destaque no Portal 180 Graus Foto: Divulgação

 

“É de uma enorme falta de sensibilidade. O Estado do Piauí e o mundo vivem uma situação muito ruim em relação ao Covid e a filha do governador vai para a impressa falar de vantagens econômicas, divulgar um empreendimento particular. Enquanto isso, a sociedade se esforça para tentar manter o isolamento e milhares de empresários estão falindo”, disse um petista que não quis se identificar.

Ao final da entrevista, a empresária ainda deu uma dica para aqueles que buscam empreender no ramo digital. “Não desistir, estudar muito”, aconselha. Iasmin se esquece que nem metade da população que reside no interior do Piauí possui acesso à internet e fica impossibilitada de se conectar ao mundo digital, tanto para consumir e muito menos para empreender.

Estudar também continua sendo um grande problema. Sem aulas desde março, milhares de estudantes piauienses, principalmente os do interior não conseguem ter acesso aos conteúdos da rede estadual de ensino, muito pela falta de acessibilidade ou de mecanismos que facilitem o acesso do alunado.

Não se trata apenas de levar internet, mesmo que de péssima qualidade às casas dos piauienses, mas também de proporcionar aparelhagem tecnológica. Uma família que rala para colocar comida na mesa não pode se dar ao luxo de ter um computador ou um celular de qualidade. É obrigação do Governo oferecer educação em todos os rincões do Piauí.

Empresários falidos e milhares desempregados

De acordo com dados do Ministério da Economia, o Piauí é o 5º Estado do Brasil com crescimento de empresas fechadas. Além disso, somente no mês de maio, sete mil trabalhadores perderam seus postos de trabalharam e entraram com pedido de Seguro-Desemprego.

Em março, quando iniciou a pandemia do novo coronavírus, o Piauí registrou 4.361 pedidos, e em abril esse número subiu para 5.259. Abril e maio foram os dois meses atingidos diretamente pela pandemia, com todas as atividades não essenciais fechadas, como escolas, comércio, dentre outros setores.

Nas últimas semanas, empresas como o Grupo Barroso anunciaram o fechamento de atividades e de algumas lojas, ocasionando demissões em massa. O Barroso fechou 14 lojas. Além disso, o resort de luxo Bob Z anunciou encerramento das atividades no litoral do Piauí. O empresário Danilo Damásio também anunciou o fechamento do maior motel do Piauí, o Garden, em Teresina. O clube da Luta e academia Demóstenes Ribeiro anunciaram o fechamento.

Maior Motel do Piauí anunciou o fechamento das atividades 21 anos depois de sua fundação Foto: Divulgação

 

“É complicado manter um empreendimento que passou a apresentar apenas prejuízo. Desde março o movimento começou a cair e o caixa da empresa começou a se deteriorar. Tínhamos, em média, cerca de 70 atendimentos por dia. Após 21 anos, é hora de encerrar as atividades”, lamentou Danilo Damásio.

Leia mais: Grupo Barroso anuncia o fechamento de 14 lojas

Empresário anuncia o fechamento de resort luxuoso BobZ

Empresário anuncia fechamento do Clube da Luta

Maior motel do Piauí, Garden fecha as portas

 

No Piauí, pandemia dificulta acesso ao mercado

Cerca de 505 mil pessoas não conseguiram buscar emprego no Piauí no mês de maio por causa da pandemia ou da falta de oportunidade de trabalho na localidade em que moravam. Nesse mesmo período cerca de 94 mil pessoas estavam desempregadas e buscaram uma ocupação.

Nessa conjuntura o estado alcançou a marca de 599 mil pessoas que queriam um emprego, mas enfrentaram dificuldades para se inserir no mercado de trabalho, seja por falta de vagas ou receio de contrair o novo coronavírus.

As informações são do IBGE. O levantamento é uma versão da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), realizada com apoio do Ministério da Saúde.

Dados foram divulgados pelo IBGE Foto: Divulgação

 

151 mil pessoas sem remuneração no Piauí

No mês de maio, um total de 301 mil pessoas ocupadas estavam afastadas do trabalho no Piauí, sendo o distanciamento social o principal motivo para 89% dos afastamentos, atingindo 268 mil pessoas. Os demais afastamentos, cerca de 33 mil, referem-se a motivos como férias, licença-saúde, licença-maternidade etc. Dentre as pessoas que mantiveram sua ocupação, mas que foram afastadas do trabalho, cerca de 50,16% delas deixou de receber remuneração, o que atingiu cerca de 151 mil pessoas.

Dentre as pessoas ocupadas e que não estavam afastadas do trabalho, cerca de 80 mil trabalhavam remotamente, o que representava aproximadamente 11,7% do total de pessoas ocupadas.

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