Política

Sonho de Ciro no Karnak, passa por Lula e recebe ‘não’ da PMT

Senador sonha em governar o Piauí, mas nem os prefeitos ligados a ele acreditam. Prefeitura de Teresina não apoiará sonho de Ciro em 2022

O calvário que deverá ser enfrentado pelo senador Ciro Nogueira (Progressistas), em 2022, alvo da Policia Federal, deverá ser bem maior do que ele imagina.

Até o momento, o senador piauiense, que é figurinha constante nos noticiários por seguidas batidas da PF, acredita que o apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), será o divisor de águas e a mola que dará o gás final para sua eleição de governador do Piauí em 2022.

Desde que se alinhou ao governador Wellington Dias, em meados de 2013, Ciro Nogueira sempre viveu na sombra do PT, seja em nível estadual ou em nível nacional. Ligado ao poder, o senador que perdeu capital político com a derrota tucana em Teresina, se apega a um alento, o Governo Federal.

Desde o início da semana, em todas as rodas políticas, o comentário é de que Nogueira, poderá se afastar de Bolsonaro, caso o presidente caía de popularidade e não tenha uma reeleição assegurada em 2022, como o próprio senador afirma (situação da pandemia e econômica serão cruciais). O motivo é a entrada do ex-presidente Lula no cenário.

Livre das condenações no âmbito da Operação Lava Jato, o petista já deu o tom, e afirma que irá rodar por todo o Brasil dialogando com a classe política, empresários e as diferentes camadas sociais. O desejo é agregar valores, independente de Centrão, Direita ou Esquerda. Lula quer enfraquecer Bolsonaro, que conta com a força do Congresso, mas não conta com o apoio popular, como em 2018.

Ciro Nogueira sempre esteve ligado aos governos do PT Foto: Divulgação/Redes Sociais

 

Com a decisão do ministro Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), Nogueira exigiu ao presidente Bolsonaro mais espaço em troca de apoio. Ele quer o comando do Banco do Brasil, do Banco do Nordeste, da Caixa Econômica Federal e cargos na Infraestrutura e na Economia. Foi aí onde Bolsonaro passou a olhar com outros olhos para o Centrão. Paulo Guedes, ministro da Economia e homem de confiança do presidente, não concorda com a cessão dos cargos.

A ascensão de Lula e asfixia provocada pelo Centrão serão cruciais para determinar em que estágio estará o candidato Bolsonaro em 2022. E é aí onde Ciro irá se posicionar e definir de qual lado ficar. Inclusive, a PEC do Auxílio Emergencial, que irá dispor de R$ 44 bilhões para amparar os mais pobres é a moleta que poderá dar um suspiro e melhorar a popularidade do presidente.

A PEC também é um fôlego que os aliados de Bolsonaro precisavam para prestar contas juntos aos seus eleitores nos rincões do país. Deputados e senadores terão um alívio em defesa do nome do presidente nos próximos meses. Mas, vale lembrar que a pandemia não acabou e seguindo a lógica do Governo Federal e inércia do Ministério da Saúde, a previsão é de que o país entre em 2022 com menos de 50% da população totalmente imune ao vírus.

Pressionado pelo Centrão, Bolsonaro está sendo asfixiado e obrigado a ceder espaços preciosos para Ciro e os aliados. Queda de popularidade poderá jogar tudo por água abaixo Foto: Divulgação/O Globo

 

Ciro é desacreditado pelos seus prefeitos
Uma candidatura que já nasceu fraca, levou o golpe final com a derrota de Kléber Montezuma (PSDB), na disputa pela Prefeitura de Teresina em 2020. O tucano era a chama que dava entusiasmo ao projeto de poder de Ciro Nogueira. Sem os tucanos no comando do Palácio da Cidade, o senador se ampara em apoios no interior, de prefeitos que eventualmente estariam ligados a ele, mas que dialogam com o Karnak constantemente.

Um bom exemplo disso é o prefeito de Parnaíba, Mão Santa (DEM). Nesta semana, ele se reuniu com Wellington Dias (PT) e falou em alto e bom som, que o petista “é o melhor governador que o Estado já teve” e ressaltou sua força política. Mão Santa é o que se pode dizer, ser um dos poucos oposicionistas declarados ao Governo de Wellington Dias e ao PT.

Em defesa da saúde dos parnaibanos, Mão Santa esquece Ciro, negacionista como Bolsonaro, e busca amparo ao lado de Wellington Dias, que viabiliza vacinas para o Piauí e para os demais estados brasileiros Foto: Reprodução

 

Ciro recebeu os elogios de Mão Santa ao governador petista como um escravo que recebe uma chibatada nas costas. O senador se vê em um cenário, onde nem mesmo seus principais aliados acreditam em sua eventual vitória.

Dr. Pessoa e Robert Rios não querem Ciro
Em Teresina, o prefeito de fato, Robert Rios (PSB), também já se posicionou. Sem o preparo e o trato político adequado, o prefeito eleito Dr. Pessoa (MDB), deve seguir as ordens de Themístocles Filho (MDB), presidente da Assembleia Legislativa do Piauí, mas o vice-prefeito de Teresina, Robert Rios decidiu. Delegado aposentado da Polícia Federal, responsável por combater o Crime Organizado no Piauí, Robert e a Prefeitura de Teresina não irão apoiar Ciro Nogueira em 2022.

Nesta semana, em um grupo de WhatsApp, canal por onde Robert Rios mais se comunica, um jornalista publicou uma imagem do senador Ciro Nogueira ao lado de Lula e outra ao lado de Bolsonaro. Na imagem, um texto indaga: “E agora? Com quem ficarei em 2022?”. De imediato Robert respondeu: “Besteira, ele sempre escolhe depois”.

Recado de Robert Rios foi um ‘chega pra lá’, no sonho de Ciro contar com apoio da Prefeitura de Teresina visando a eleição de 2022 Foto: Reprodução/Redes Sociais

 

A fala, encoberta pelo tom de humor, é antes de qualquer coisa, um aviso. A gestão de Dr. Pessoa não quer parceria política com Ciro e nem vai apoiá-lo em 22. Recentemente, em diversas oportunidades, pessoas enviadas pelo senador buscam aproximação com o Palácio da Cidade. O último deles foi o deputado estadual Júlio Arcoverde (Progressistas). Ele esteve reunido com o presidente da Câmara Municipal de Teresina, o vereador Jeová Alencar (MDB).

Sem agredir os fatos, é certeiro afirma que a ilusão de Ciro Nogueira em ser governador, passa estritamente pela ascensão de Lula na disputa presidencial e pela repulsa do Palácio da Cidade ao seu nome.

Mesmo disputando, contrariando o há muito é dito (não será candidato), Ciro não goza do carisma e popularidade de outros nomes ligados ao Palácio de Karnak. Nomes estes, que serão mais turbinados ainda pela onda Lula.

“A estrutura”, nem sempre é decisiva em uma eleição. A vontade do povo é soberana.

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