Uespi aprova unificação de cursos em Teresina; alunos protestam
A medida valerá apenas para os estudantes que entrarem na instituição a partir de 2025.
O Conselho Universitário (Consun) da Universidade Estadual do Piauí (Uespi) aprovou, nessa quinta-feira (24), a unificação dos cursos em duplicidade dos campi Clóvis Moura e Torquato Neto. A medida valerá apenas para os estudantes que entrarem na instituição a partir de 2025.
A decisão afeta as licenciaturas em História, Letras-Português, Geografia, Matemática e Pedagogia e os bacharelados em Direito, Administração e Ciências Contábeis.
O campus Torquato Neto, na zona Norte de Teresina, ficará com os cursos de Direito (será criada a Faculdade de Direito) e as licenciaturas em História, Letras-Português, Geografia, Matemática e Pedagogia.
Já o campus Clóvis Moura, que fica localizado na zona Sudeste, receberá os cursos de bacharelado em Administração, Biblioteconomia, Ciências Contábeis e Turismo.
A unificação dos cursos tem sido discutida desde junho deste ano, sob forte reprovação da comunidade acadêmica, que afirma que a mudança irá prejudicar os alunos da região Sudeste, que precisariam se deslocar até o outro lado da cidade para continuar estudando. Além disso, professores e alunos argumentam que a decisão irá diminuir o número de vagas dos cursos unificados.
O reitor da UESPI, o professor Evandro Alberto, afirma que a decisão atende à recomendação do Ministério Público do Piauí (MPPI), que afirma que a Universidade é a única do país a ofertar cursos duplicados em uma mesma cidade. Além disso, o reitor argumenta que há alguns cursos no campus Clóvis Moura com 7 a 10 alunos e até 5 professores, sendo que a média nacional estabelecida pelo Ministério da Educação é de 19 alunos.
“Não iremos diminuir a quantidade de vagas, porque temos como ofertar em turnos diferentes, e se precisar ampliar a quantidade de vagas iremos fazer isso”, afirma.
Decisão causou protesto
Em 17 de outubro, professores e alunos realizaram uma manifestação contra a alteração. Eles temem a diminuição de vagas, o fechamento de cursos e como a possível mudança de campus pode afetar candidatos na escola de cursos. A Uespi afirmou que a medida, caso implantada, só vai valer para novos alunos e que visa otimizar a estrutura da instituição.
“Querem reduzir esses cursos ao funcionamento em um dos campus. Isso é um retrocesso, porque diminui vagas, diminui oferta e atenta contra o direito à expansão do ensino superior. Recorremos à Justiça como último artifício, porque tentamos internamente e não foi possível”, afirmou a professora Lucineide Barros, da ADCESP.
Segundo a professora, a intenção da reitoria é que os bacharelados fiquem no campus Clóvis Moura e as licenciaturas no Torquato Neto. “É uma diminuição das oportunidades. Quem mais procura as licenciaturas são as pessoas mais empobrecidas. E, portanto, o Clóvis Moura está num bairro popular em que serve basicamente a população ali do entorno”, disse.
“Estamos em uma cidade que não tem ônibus. Então, o que nós estaríamos fazendo é restringindo oportunidades. Por isso, nós somos contrários, vamos lutar até as últimas consequências para não deixar que isso aconteça”, completou.
Nota do DCE
Em nota, o Diretório Central Estudantil (DCE) da Uespi disse que a medida é um “fechamento dos cursos disfarçado” e terá um “impacto devastador” sobre a permanência estudantil e o acesso ao ensino público”.
“Essa decisão prejudica diretamente tanto aqueles que já estão matriculados quanto futuros alunos que verão suas opções de ingresso na UESPI reduzidas. Mesmo após forte resistência e argumentação de estudantes, professores e conselheiros, a administração insiste em medidas que não levam em consideração o impacto devastador que isso terá sobre a permanência estudantil e o acesso ao ensino público. O discurso de “junção de cursos” é, na verdade, um fechamento disfarçado, que afeta a diversidade acadêmica da nossa instituição. Apesar dos esforços do DCE junto com ADCESP e estudantes, a decisão final da reitoria e dos conselheiros que votaram a favor prejudica estudantes que dependem da UESPI para uma educação pública de qualidade”, argumenta o DCE.
Fonte: Piauí Hoje