Estudante que matou casal atropelado na zona leste de Teresina é indiciado por homicídio doloso
O relatório final, assinado pelo delegado Carlos César Camelo de Carvalho, foi finalizado nesta terça.
A Polícia Civil concluiu o inquérito sobre o trágico acidente de trânsito ocorrido em Teresina no dia 1º de dezembro de 2024, que resultou na morte do casal Laurielle da Silva Oliveira e Francisco Felipe Oliveira Duarte. O relatório final, assinado pelo delegado Carlos César Camelo de Carvalho, finalizado nesta terça-feira (10), apresenta detalhes alarmantes sobre o caso. O motorista João Henrique Soares Leite Bonfim foi indiciado por homicídio doloso.
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O acidente aconteceu por volta das 00h15, no cruzamento das avenidas Jockey Clube e Nossa Senhora de Fátima. De acordo com as investigações, o casal trafegava em uma motocicleta pela Avenida Jockey Clube, no sentido oeste-leste, quando foi violentamente atingido pelo veículo Fiat Fastback branco conduzido por João Henrique. O impacto da colisão foi tão intenso que Laurielle foi arremessada a cerca de 10 metros, vindo a óbito no local. Francisco Felipe foi arrastado junto com a motocicleta, sofrendo lesões gravíssimas. Ele chegou a ser socorrido, mas faleceu dois dias depois, em 3 de dezembro, no Hospital de Urgência de Teresina (HUT).
Dolo eventual
O relatório policial destaca diversos elementos agravantes no caso. O laudo pericial confirmou que o condutor estava em estado de “embriaguez completa” no momento do acidente. Testemunhas relataram que o veículo trafegava em velocidade muito acima do permitido e que o indiciado ultrapassou o sinal vermelho no cruzamento onde ocorreu a colisão. Além disso, foi encontrada com o motorista uma substância identificada como MDA (3,4-metilenodioxianfetamina), droga de uso proibido no Brasil.
A conduta do indiciado transgrediu de uma só vez todos os limites da prudência e da lei. Ele dirigiu o veículo em alta velocidade em uma das avenidas mais movimentadas de Teresina, sob o efeito de álcool e provavelmente drogas ilícitas, colocando em risco a vida de incontáveis pessoas. O relatório enfatiza que o indiciado utilizou a via pública como uma pista de corrida, onde o perigo, ao que parece, era sua maior motivação, caracterizando, por conseguinte, o dolo eventual.
Veículo trafegava sem as placas para evitar multas por excesso de velocidade
Um detalhe crucial apontado pela investigação é que o veículo dirigido pelo indiciado, apesar de ser registrado no DETRAN-PI com as placas SLV 6E76, encontrava-se trafegando sem as placas identificadoras. Essa ação deliberada sugere que o indiciado sabia que ao ultrapassar semáforos geraria a aplicação de multas de trânsito, evidenciando premeditação em suas ações irresponsáveis.
A testemunha Italo Romulo de Sousa Gomes forneceu um depoimento chocante, afirmando ter visto o indiciado tentando esconder as placas do veículo, colocando-as dentro das calças e abaixo da camisa. Acredita-se que essas placas tenham caído de dentro do veículo quando da capotagem decorrente do acidente. Esse testemunho reforça a tese de que havia uma intenção clara de ocultar a identidade do veículo, demonstrando o dolo de dirigir em alta velocidade, ultrapassar semáforos vermelhos e desrespeitar regras de trânsito que existem para manter as pessoas seguras.
O delegado responsável pelo caso enfatizou em seu relatório a presença do dolo eventual na conduta do motorista. Segundo a investigação, o indiciado assumiu o risco de produzir o resultado morte, demonstrando indiferença quanto às possíveis consequências de seus atos.
Tragédia deixou três crianças órfãs
A tragédia deixou três crianças órfãs: duas filhas de Laurielle de um relacionamento anterior, com 11 e 6 anos, e um bebê de apenas 3 meses, filho do casal. A família das vítimas, profundamente abalada, expressou através de depoimentos a dor da perda e a preocupação com o futuro das crianças. O caso ganhou grande repercussão na sociedade teresinense, mobilizando uma onda de solidariedade com doações para auxiliar no cuidado dos órfãos. No entanto, familiares expressam preocupação sobre o longo prazo, especialmente considerando as limitações financeiras da avó materna, que assumiu a guarda das crianças.
João Henrique Soares Leite Bonfim teve sua prisão em flagrante convertida em preventiva. O Ministério Público estadual acompanha o caso e deve oferecer denúncia com base no relatório policial.
Fonte: GP1