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Piauí já contabiliza quase metade do total de feminicídios de 2024

Nos três primeiros meses de 2025 foram registrados 18 casos.

O Piauí já registra um crescimento significativo no número de feminicídios nos três primeiros meses de 2025. O último caso foi registrado neste sábado (05), quando um ex-companheiro confessou ter assassinado Gisele Maria Pinheiro a golpes de canivete dentro de um apartamento na zona Sudeste de Teresina.

Somente nos três primeiros meses de 2025 foram registrados 18 casos. Em comparativo com o ano passado, há um aumento de 10 casos, já que foram contabilizados 8 em janeiro, fevereiro e março do ano passado. Ao todo, em 2024, a Secretaria de Segurança do Piauí registrou 40 casos. Até o início deste mês de abril, já são 19 casos registrados.

Além do aumento no número absoluto de casos, os dados da Secretaria de Segurança Pública divulgados nesta semana mostram que a cada 100 mulheres vítimas de feminicídio, apenas 10 tinham medida protetiva. 87,85% das vítimas de feminicídio não haviam registrado boletim de ocorrência antes do crime. 73% dos feminicídios ocorreram dentro da residência da vítima. 68% das vítimas foram assassinadas pelo companheiro ou ex-companheiro.

Para o delegado João Marcelo, gerente da Gerência de Análise Criminal e Estatística da SSP-PI, a ideia é fortalecer a atuação da secretaria garantindo que as mulheres tenham acesso mais rápido a medidas.

“A ideia é fortalecer, através de inteligência e dados confiáveis, a atuação da Secretaria frente aos outros órgãos de proteção no estado. Precisamos garantir que essas mulheres tenham acesso rápido e eficaz às medidas de proteção e que os casos de violência sejam prevenidos antes de culminarem em tragédias irreversíveis”, ressaltou.

Em entrevista ao Família na Real, a delegada do núcleo de feminicídios do Piauí, Nathalia Figueiredo, afirma que o trabalho tem sido voltado para fortalecimento de mulheres vítimas de violência.  

“Já tivemos casos, eu como delegada, de ser procurada pela vítima no dia seguinte porque ao chegar em casa, após realizar a denúncia e o agressor tendo sido preso, ela foi julgada pela família como se a culpa fosse dela. E julgada pela sociedade como se tivesse uma marca nela de vítima de violência doméstica familiar. E uma das coisas que a gente vem fazendo no nosso trabalho é justamente tirar essa posição de vitimismo da mulher, colocar ela na condição de protagonismo da sua vida, e colocar o agressor onde ele realmente merece estar que é no hall dos culpados”, afirma a delegado.

A delegada pontua ainda necessidade de atendimento multidisciplinar em delegacias para acolhimento de mulheres em situação de violência.

“Acho que a gente ainda tem que evoluir muito como colocar como padrão o atendimento multidisciplinar nas delegacias. A gente vê que a lei fala sobre a assistência social, atendimento psicológico, e ainda poucas unidades da delegacia da mulher tem isso. Ainda infelizmente não é 100% nas delegacias, porque essa mulher tem que ser acolhida”, analisa.

Fonte: Cidade Verde

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