Por que o Dia Internacional da Mulher é 8 de março?
A história mais conhecida sobre a criação do Dia Internacional da Mulher fala de um incêndio ocorrido em uma fábrica têxtil de Nova York em 25 de março de 1911, quando cerca de 130 operárias morreram carbonizadas
Por Marcelo Tajra Hidd Filho
Nem sempre o Dia da Mulher foi comemorado no dia 8 de março, além de ser uma data para cada país.
O primeiro Dia Nacional da Mulher que se tem notícia foi celebrado em maio de 1908 nos Estados Unidos, mas sem o dia específico para todos os estados.
A história mais conhecida sobre a criação do Dia Internacional da Mulher fala de um incêndio ocorrido em uma fábrica têxtil de Nova York em 25 de março de 1911, quando cerca de 130 operárias morreram carbonizadas.
Entretanto, apesar de ter sido trágico e tenha marcado a trajetória da luta feminista, mas não foi evento responsável pela conquista do Dia Internacional das Mulheres.
No século 19, organizações femininas buscavam melhores condições de trabalho, criando movimentos operários para protestar em vários países da Europa e nos Estados Unidos.
Na época, as mulheres buscavam redução das jornadas de trabalho, melhorias salariais, melhores condições de trabalho e o fim do trabalho infantil nas fábricas.
Daí, surgiu o 1º Dia Nacional da Mulher, que foi celebrado em maio de 1908 nos Estados Unidos, quando cerca de primeiro 1500 mulheres aderiram a uma manifestação em prol da igualdade econômica e política no país.
Em 1909, o Partido Socialista dos EUA oficializou a data como sendo 28 de fevereiro, com um protesto que reuniu mais de 3 mil pessoas no centro de Nova York.
Ainda em 1909,no mês de novembro, houve uma longa greve têxtil que fechou quase 500 fábricas americanas.
Em 1910, a data começa a ser unidicada, deixando de ser uma luta individual de uma nacão para internacionalizar, reunindo o clamor feminino de vários países.
Durante a II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas na Dinamarca (1910), foieditada uma resolução para a criação de uma data anual para a celebração dos direitos da mulher foi aprovada por mais de cem representantes de 17 países. O objetivo era honrar as lutas femininas e, assim, obter suporte para instituir o sufrágio universal em diversas nações.
Com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) eclodiram ainda mais protestos em todo o mundo. Mas foi em 8 de março de 1917 (23 de fevereiro no calendário Juliano, adotado pela Rússia até então), quando aproximadamente 90 mil operárias manifestaram-se contra o Czar Nicolau II, as más condições de trabalho, a fome e a participação russa na guerra – em um protesto conhecido como “Pão e Paz” – que a data consagrou-se, embora tenha sido oficializada como Dia Internacional da Mulher, apenas em 1921.
Somente mais de 20 anos depois, em 1945, a Organização das Nações Unidas (ONU) assinou o primeiro acordo internacional que afirmava princípios de igualdade entre homens e mulheres. Nos anos 1960, o movimento feminista ganhou corpo, em 1975 comemorou-se oficialmente o Ano Internacional da Mulher e em 1977 o “8 de março” foi reconhecido oficialmente pelas Nações Unidas.
Portanto, o dia 8 de março deve ser visto como momento de mobilização em busca de direitos trabalhistas femininos, sobretudo à igualdade de gênero, mediante o combate a violências morais, físicas e sexuais ainda sofridas pelas mulheres.
No Brasil, as movimentações em prol dos direitos da mulher surgiram em meio aos grupos considerados anarquistas (na época) do início do século 20, que buscavam, assim como nos demais países, melhores condições de trabalho e qualidade de vida.
A luta feminina ganhou força com o Movimento das Sufragistas, no Século XIX, em busca de direito ao voto – que foi conquistado em 1932, na Constituição promulgada por Getúlio Vargas. Somente a partir dos anos 70 , que a igualdade entre os gêneros, a sexualidade e a saúde da mulher veio a ser pauta das organições públicas e privadas. Iniciando-se, assim, um novo ciclo em defesa dos Direitos da Mulher.
Como se observa, o Dia Internacional da Mulher, sempre girou em torno de condições de trabalho, mas a verdade é que o foco sempre foi a igualdade de gênero, para que mulheres tivessem os mesmo direitos que homens, não só relacionado ao trabalho, mas ao voto, a voz, à saúde, à liberdade, dentre outros. Por isso, o tema é sempre muito atual e importantíssimo para que seja abordado no cotidiano das empresas, famílias e escolas.
*Marcelo Tajra Hidd Filho é advogado e consultor empresarial em Teresina/PI