Em gravação, Ciro trata presidente do Cade como ‘meu menino’: “Botei ele lá”
“O Cade é um dos órgãos mais temidos por empresários. É lá que são investigadas as acusações de prática de cartel e são decididas fusões em empresas que envolvem bilhões”, diz o Estadão
O Jornal o Estado de São Paulo traz que o ministro-chefe da Casa Civil Ciro Nogueira refere-se ao presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) Alexandre Cordeiro como “meu menino” e diz ainda: “eu botei ele lá”.
“O Cade é um dos órgãos mais temidos por empresários. É lá que são investigadas as acusações de prática de cartel e são decididas fusões em empresas que envolvem bilhões”, diz o Estadão.
A gravação, de 2017, feita pelo empresário Joesley Batista, do grupo J&F, consta do inquérito da Polícia Federal que acabou por apontar indícios da prática dos crimes de corrupção e de lavagem de dinheiro pelo ministro Ciro Nogueira.
O contexto da gravação envolve reclamações de Joesley Batista sobre a atuação do Cade, quando ouviu do seu interlocutor que tinha alguém lá dentro: “um cara de bom senso. Meu menino, ele era meu chefe de gabinete, eu botei ele lá”, informou o jornal, ao reportar trechos do inquérito.
Na conversa Ciro demonstra ao empresário preocupação em manter a maioria no Cade. Ainda segundo a matéria Nogueira não respondeu ao empresário o porquê de um político querer manter o controle de um órgão técnico como o Cade.
No governo de Dilma Rousseff o “menino” foi colocado como conselheiro do Cade pela primeira vez.
Na época do governo Michel Temer, Ciro Nogueira colocou Alexandre Cordeiro como superintendente-geral do órgão, que é justamente o cargo responsável pelas investigações econômicas como cartel.
Segundo o jornal, em 2019, o ministro conseguiu convencer o presidente Jair Bolsonaro a reconduzir seu ex-chefe de gabinete para o cargo na superintendência em questão.
Já em 2021, depois que Bolsonaro aderiu ao Centrão, o “menino” de Ciro Nogueira ascendeu como presidente do Cade até 2025, tendo poder sobre processos bilionários que envolvem multinacionais.
LIGAÇÕES
A publicação informa ainda que Sabá Cordeiro, irmã do presidente do Cade, é quem ocupa a chefia de gabinete de Ciro Nogueira na Casa Civil.
PF conclui que Ciro Nogueira teria recebido propina através do Comercial Carvalho, diz O GLOBO
“Cerca de R$ 5 milhões foi repassado em espécie, por intermédio do Comercial Carvalho, para Gustavo Nogueira”, diz relatório da PF
O jornal O GLOBO noticiou que a Polícia Federal concluiu que o ministro-chefe da Casa Civil Ciro Nogueira recebeu propina do grupo J&F e cometeu os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Ainda que o relatório de investigação foi encaminhado nesta sexta-feira (8) ao Supremo Tribunal Federal (STF). A mais alta Corte do judiciário brasileiro vai agora enviar o caso para a Procuradoria Geral da República (PGR), que decidirá se apresenta denúncia ou arquiva o caso, noticiou o jornal.
O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, negou qualquer irregularidade à reportagem.
Segundo o GLOBO, citando informações do relatório da PF encaminhado ao Supremo, “parte da vantagem indevida foi encaminhada ao Partido Progressista, por determinação de CIRO NOGUEIRA LIMA FILHO, por intermédio de doação eleitoral oficial, como consta nos recibos da prestação de campanha”.
Mas “outra parte, cerca de R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais) foi repassado em espécie, por intermédio do Supermercado COMERCIAL CARVALHO, para GUSTAVO ESILVA NOGUEIRA LIMA, irmão de CIRO NOGUEIRA, que se incumbiu da tarefa de pegar o dinheiro e repassar para CIRO NOGUEIRA”.
