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Cerca de 500 mil famílias vivem quase sem renda no Piauí

Em Teresina o número de pessoas em situação de rua chega a mil segundo a Sasc

No Piauí, cerca de 500 mil famílias vivem quase sem renda. Somente em Teresina, de acordo com os dados da Secretaria de Assistência Social (Sasc), são quase mil pessoas em situação de rua. Aqueles que integram a faixa de pobreza e pobreza extrema, segundo os dados, a renda chega a R$ 105 por mês. A eles, resta somente a esperança de receber alimentos por meio das doações.

O Djacir Dantas mostrou como vive com o baixo salário. Autônomo, ele mora apenas com a mulher em uma casa de barro e vive da renda alcançada na venda de lanches pelas ruas, que nem sempre garante a alimentação.

“Vamos supor que eu venda 150. Às vezes até 130 deixo no mercado. Acaba sem nada de volta”, conta Djacir. Na área ondem o casal mora, ocupada há cerca de um ano e meio, vivem 26 famílias. A maioria delas, sem emprego, não conseguem comprar alimentos e recebem cestas básicas doadas dos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e mesmo assim passam necessidades.

A mulher de Dejacir afirma: “uma cesta básica com cinco quilos de arroz para uma família de sete pessoas você acha que dura um mês? Não dura!”


Cristiane Silva mora nas ruas há 20 anos, sofre de câncer no útero e só se alimenta quando recebe doações. “É muito ruim. A vida é difícil, morar na rua, ainda mais uma pessoa que está doente”, afirma.

Roberto Rocha, ex-morador em situação de rua, deixou as condições precárias há um ano, mas decidiu dedicar seu tempo para ajudar outros moradores. Ele lembra as dificuldades de viver assim: “ninguém quer dar trabalho para gente quando falamos ser morador de rua. Fora a guerra que tem aí fora, a guerra que a gente vive aqui é fome, a gente tem que comer. A gente precisa de ajuda! A gente quer ajuda! Porque fome dói!”

Índices alarmantes

O professor de Economia, da Universidade Federal do Piauí (UFPI), João Vítor, disse que nos últimos sete anos a situação de miséria cresceu no país. De acordo com ele, são mais pessoas com dificuldade para sobreviver e recebendo menos ajuda em todo o país.


“Essa pobreza extrema, que temos verificado no país, exige políticas múltiplas e não somente as políticas de estímulo à geração de emprego. Mas também políticas sociais, de saúde e de amparo a essas pessoas em condição de déficit habitacional e em condição de insegurança alimentar”, disse.

Ação social

Para matar a fome de quem vive nas ruas, a assistente social Betty Sousa criou o grupo “Pão Nosso”. Duas vezes por semana, a instituição distribui 100 pratos de comida em Teresina. Ajuda que agora, segundo ela, está ameaçada. A cada dia a assistente social recebe menos doações.

“A inflação está aí quebrando com todos os tipos de doações. Porque, quando a gente vai pedir doações para os nossos amigos, eles dizem que está tudo muito alto e caro. A nossa maior dificuldade é a chamada mistura, que é o frango, a carne ou a calabresa”, ressaltou.

Situação dramática

A especialista em Direitos Sociais, Iracilda Braga, explicou que o país enfrenta atualmente o desmonte das políticas públicas de assistência às pessoas mais pobres.

Conforme explicou Iracilda, quadro de fome e vulnerabilidade social se agravou com a chegada da pandemia. “A população fica muito à mercê da caridade, das instituições, das organizações da sociedade civil. Você tem um Auxílio Brasil que é vangloriado, que paga R$ 400 e que não alcança toda a população. Esse valor não cobre as necessidades básicas da população”, disse.

Restaurante Popular

O Restaurante Popular de Teresina é um espaço que oportuniza refeições por valores mais acessíveis à população em geral, especialmente, pessoas em situação de rua.

Localizado na Rua Lisandro Nogueira, no segundo piso do Mercado Central “São João”, Centro, ele funciona de segunda a sexta-feira, de 11h às 14h.

Cerca de 1.200 pratos são servidos por dia e custam o valor de R$ 2,00. A expectativa é de que, para os próximos meses, o número de refeições suba para 1.500.

Fonte: portalclubenews.com

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