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Polícia investiga se servidora teve ajuda de outros funcionários

Os policiais também buscam saber se o crime foi um “caso isolado” ou se outras pessoas já foram vítimas da mulher.

Polícia investiga se servidora suspeita de receber R$ 2 mil para agilizar processos teve ajuda de outros funcionários

A investigação do Grupo de Repressão ao Crime Organizado (Greco) sobre o caso da servidora terceirizada do Tribunal de Justiça, suspeita de cobrar propina para agilizar um processo na 5ª Vara da Família, em Teresina, busca agora descobrir se a mulher agiu sozinha ou se o crime teve participação de outras pessoas.

Os policiais também buscam saber se o crime flagrado nesta segunda-feira (16), em uma operação do Greco com a Delegacia de Corrupção (Deccor) foi um “caso isolado” ou se outras pessoas podem ter sido vítimas da cobrança de propina.

“A investigação continua para verificar se foi um ato isolado ou se a cobrança de propina vinha ocorrendo de forma reiterada. […] Pela naturalidade que observamos da pratica delitiva, há indícios de que outras pessoas foram abordadas com a mesma proposta”, disse o delegado Francírio Queiroz.

O delegado pede ainda que pessoas que tenham sido vítimas do mesmo crime procurem a delegacia para denunciar.

Segundo o delegado Ferdinando Martins, da Deccor, a pena para o crime de corrupção passiva varia de 2 a 12 anos de prisão.

A Polícia Civil divulgou, na manhã desta terça-feira (17), áudios e vídeos da suposta negociação entre a servidora da 5ª Vara da Família do Tribunal de Justiça do Piauí (TJ-PI) presa por corrupção passiva e uma vítima. Nas gravações, a funcionária cobra uma quantia em dinheiro para acelerar processos judiciais.

Os áudios, segundo a Polícia Civil, foram gravados por uma das vítimas ao longo deste ano. Nas gravações, a servidora relata que, para garantir que o serviço seja feito, o pagamento da propina deve ser feito antecipadamente.

A servidora revela ainda que a prática é comum e foi adotada para evitar golpes, depois que outras pessoas tiveram processos agilizados e não efetuaram o pagamento.

“Primeiro a pessoa tem que pagar, porque se a doutora assinar é muito fácil, a pessoa nem ajuda, entendeu? Como teu processo é sistema virtual, tu pode muito bem só imprimir. Como já aconteceu várias e várias vezes, ela ter adiantado muito, botado o processo da pessoa lá na frente, e aí no final ela ser enganada”, explicou a servidora para vítima.

Tribunal de Justiça do Piauí – Foto: Reprodução

Em outro áudio, a servidora cobra o pagamento para que encaminhe o processo judicial para assinatura de uma juíza.

“Eu não te falei que ia entregar hoje, eu falei que tava minutado, tava aguardando só a assinatura da doutora. E aí ela só vai enviar pra doutora depois que tu me entregar, que eu repassar pra ela, entendeu?”, destacou.

Em vídeo, a vítima registrou o momento em que realiza o pagamento para a servidora, em frente a sede do TJ-PI, no Centro de Teresina. As imagens foram gravadas na tarde de segunda-feira (16).

“Confere aí pra ver se tá tudo certinho. Tem certeza que a notinha já caiu no sistema?”, questionou a vítima ao entregar o dinheiro.

“Assim, tava faltando a doutora assinar, ela envia pra doutora e a doutora assina. Entra no sistema automaticamente”, respondeu a servidora.

“Mas eu quero saber se tem a garantia”, disse a vítima.

“Em relação a garantia, ela faz, porque ela tem muito mais a perder do que tu. Não vou conferir aqui não, chegar lá em cima, só faço arrumar mesmo”, confessou.

Após receber o pagamento, a servidora foi abordada por policiais, que foram acionados pela vítima. Com a mulher, foram apreendidos R$ 2 mil para agilizar o trâmite processual de uma ação de separação cumulada com pensão alimentícia, ajuizada em 2013.

Ao g1, o Tribunal de Justiça do Piauí e a Corregedoria Geral da Justiça informam que não compactuam com quaisquer condutas ilegais e que, em caso de acusação contra servidor, são adotadas todas as providências legais, como a abertura de Processo Administrativo Disciplinar caso haja indícios suficientes, obedecendo a todos os preceitos legais.

Fonte: g1piauí

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