Desabafo de Luciano Nunes expõe coronelismo dentro do TCE
Governador Wellington Dias teria tentado interferir em processos em gestões anteriores; conselheiro foi impedido pelos integrantes da Corte de atuar em processos
O desabafo feito pelo conselheiro Luciano Nunes, do Tribunal de Contas do Estado do Piauí, expôs a forte influência do governador Wellington Dias (PT) dentro da Corte.
Luciano foi impedido de votar e participar de qualquer processo que envolva, o governador, o Governo do Estado, secretarias e gestores estaduais. Foi vencido por 5 a 1.
Leia mais: TCE atende Wellington Dias e barra Luciano Nunes de atuar em processos
No desabafo, Luciano lembrou que no Estado do Mato Grosso, o governador foi preso e entregou o conluio com os conselheiros do TCE. Cinco deles acabaram presos também.
“No Mato Grosso o Tribunal de Contas era muito ligado ao governador. Ele foi preso, abriu o bico, jogou cinco conselheiros fora. Eram coniventes, achavam que deveriam estar do lado do governador. O que estou fazendo é votar com independência”, destacou.
Ainda segundo ele, o governador tenta interferir no TCE-PI desde a gestão de Olavo Ribeiro, mas teria sido barrado durante sua gestão no comando da Corte.
“Votar por votar o Finisa, um negócio que todo mundo sabe o que é, o que foi o desvio do Finisa, eu ser proibido de votar um governador, que na época do Olavo adentrou neste Tribunal mandando maneirar, e na minha época pediu e entendeu que eu não queria nada, então meus amigos eu estou feliz. Graças a Deus conheço com profundidade todos os meus colegas. Amanhã faço 74 anos e vocês só terão mais um ano para me aturar. Eu não vou sair porque tem pessoas aí que eu quero muito bem, tenho muita atenção e devo deferência à essas pessoas”, completou Luciano Nunes.
O conselheiro finalizou citando frases do ex-governador Mão Santa, cassado em 2001, por corrupção.
“Por isso vou ficar até o último momento, mas depois do que ouvi eu só tenho a lembrar frases da minha vida. Eu ouvi quando o Mão Santa dizia assim: a ignorância é audaciosa, a ingenuidade é dadivosa, todo incesto gera deformidade, o cinismo é abominável, a arrogância é abjeta, a desonestidade é nociva. Se a justiça é tolhida só nos vai restar a mão de Deus, que vez por outra manda seu recado”, concluiu.
O CASO
O pedido foi feito pelo governador Wellington Dias. De acordo com a denúncia apresentada pelo governador, na eleição de 2018, Luciano Nunes Filho (PSDB), ingressou com pedido de impugnação de mandato na Justiça Eleitoral. Por conta disso, Luciano Nunes, o pai, estaria suspeito de participar de qualquer julgamento sob pena de tentativa de prejudicar o candidato eleito (Wellington) em favor do filho Luciano.