Política

Revista diz que Ciro comanda versão do Anões do Orçamento

Parlamentares promovem um show de gastos fisiológicos com emendas secretas, criadas pelo Centrão com o apoio de Bolsonaro. Para se reeleger, o presidente criou uma máquina de desviar verbas mais eficiente do que o Mensalão e o Petrolão. A nova versão do escândalo dos Anões do Congresso é uma sabotagem do orçamento público

O esquema coordenado por Jair Bolsonaro, Ciro Nogueira e Arthur Lira para comprar apoio de congressistas, foi tema de capa da Revista IstoÉ. A publicação traz que Eliane Nogueira, mãe do senador piauiense foi a principal contemplada com os recursos do orçamento secreto. Ao todo, foram quase R$ 400 milhões só para a senadora.

Trata-se de uma nova versão do escândalo dos Anões do Orçamento, agora turbinado e com algumas importantes distinções. Se, na década de 90, eram parlamentares do baixo clero os empenhados na manipulação de emendas e no desvio de recursos públicos por meio de entidades sociais fantasmas ou superfaturamentos, hoje a farra tem nomes afinados com a Presidência. Ao todo, parlamentares do núcleo duro do Centrão, formado por cinco partidos que dão sustentação ao governo no Congresso — PL, PP, Republicanos, PTB e PSC —, indicaram o destino de 50% das emendas informadas ao STF, o que equivale a R$ 5,45 bilhões. A lista dos parlamentares conta com nomes ilustres, como Eliane Nogueira, mãe do todo-poderoso Ciro Nogueira. Primeira suplente do filho, a advogada ascendeu ao Senado em 2021, quando o cacique do Progressistas assumiu a Casa Civil. Eliane pouco faz no Legislativo. Em menos de um ano de mandato-tampão, apresentou apenas um projeto de lei, que prevê a identificação do perfil genético de condenados, e discursou dez vezes. Se faltam propostas, sobram viagens internacionais — ela já usou o dinheiro do Congresso para embarcar rumo à Europa duas vezes.

Ministro Ciro Nogueira e sua mãe Eliane Nogueira Foto: Folha de São Paulo

A poderosa mãe de Ciro
Apesar da baixa produtividade, Eliane conseguiu a façanha de, em cinco meses, ditar os rumos de R$ 399,2 milhões do orçamento secreto. Falta transparência nos dados. Mas, conforme o ofício redigido pela senadora, a maior parcela, cerca de R$ 161 milhões, foi destinada ao Ministério da Saúde para investimentos na Atenção Primária e em procedimentos de alta complexidade. A pasta ainda recebeu outras duas transferências — uma de R$ 8,2 milhões para a compra de ambulâncias e outra de R$ 5,6 milhões para a aquisição de veículos e equipamentos. As emendas da mãe de Ciro ainda contemplaram, por exemplo, o DNOCS, o FNDE e os ministérios do Desenvolvimento Regional e da Agricultura, órgãos que estão no centro de suspeitas de corrupção.

A estatal do centrão
O poderio, que, por óbvio, emana de Ciro e não de Eliane, não é pouco. A verba movimentada pela senadora entre agosto e dezembro de 2021 supera, por exemplo, os R$ 357,4 milhões indicados por Arthur Lira, presidente da Câmara, em dois anos para irrigar Alagoas, seu reduto eleitoral. Do total, o deputado do Progressistas repassou pouco mais de R$ 6 milhões para Barra de São Miguel, município comandado pelo ex-senador e pai dele, Benedito de Lira — a cidade, segundo o IBGE, tem uma população estimada de 8.434 pessoas. O parlamentar ainda investiu pesado na Codevasf, apelidada de “estatal do Centrão” em razão da ascendência do grupo sobre os cargos estratégicos — foram 93,8 milhões de reais depositados na pasta que já comprou tratores e maquinários com sobrepreço, conforme apontou a Controladoria-Geral da União.

Eliane fica atrás apenas de Márcio Bittar. Em 2020, o parlamentar movimentou R$ 7,9 milhões em emendas secretas — do total, R$ 7 milhões foram investidos no Ministério do Turismo para o “desenvolvimento e fortalecimento da economia criativa”. No ano seguinte, quando atuou como relator-geral do Orçamento, Bittar viu o quão vantajosa pode ser a interlocução com o Planalto e direcionou R$ 356,9 milhões ao Acre, seu estado natal. Somente na implementação de infraestrutura básica na região de Calha Norte, um bairro que reúne nove pequenos municípios, o senador aplicou R$ 49,7 milhões — as obras tocadas no setor, porém, não foram descritas.

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