Aos gritos de “estão atacando a nossa educação”, alunos e professores do Instituto Federal do Piauí (IFPI) e da Universidade Federal do Piauí (UFPI) realizaram nessa quinta-feira (9) uma manifestação contra a recente decisão do Governo Federal, que realizou um corte no valor de R$ 10 milhões no orçamento do IFPI e R$ 15 milhões na UFPI, que agora buscam recursos para manterem o funcionamento neste ano.
A manifestação iniciou por volta das 16h30, na praça do Fripisa, no Centro de Teresina. Depois os alunos seguiram em caminhada, passando em frente a sede do IFPI e depois seguindo para a Avenida Frei Serafim, onde o trânsito na região ficou congestionado, e os veículos impedidos de circular.
No IFPI, o reitor Paulo Borges já informou que só tem recursos para funcionar até setembro deste ano. A situação causa medo e preocupação aos estudantes sobre o futuro da educação.
“Estamos sofrendo ataques do governo Bolsonaro, primeiro com a PEC 206, que conseguimos barrar e então ele veio com esse corte que afeta o IFPI, vai afetar muito o instituto, que só tem condições de funcionamento até setembro. O reitor me mostrou a planilha de orçamento. Já não está tendo combustível para os ônibus dos estudantes, vai acabar parando o restaurante universitário, que tem muito estudante que depende disso, então queremos que o orçamento seja devolvido para a educação. Estamos muito preocupados, estamos aqui lutando por esse direito. Estamos com muito medo, mas o reitor garantiu que vai tentar manter o funcionamento normal até setembro. Estão atacando a nossa educação”, disse Antônio Victor, vice-presidente da União Nacional dos Estudantes no Piauí (UNE-PI).
Os alunos informaram que já conseguem perceber como os cortes estão afetando o funcionamento da instituição em todo o estado.
“No IFPI já sentimos que os cortes estão reduzindo os serviços, por exemplo, alguns alunos estão reclamando que a comida está diminuindo no restaurante. Já existem deficiências de muito tempo, porque sempre está tendo corte e não tem investimento. Por exemplo, no laboratório de Ciências Biológicas, um deles não conseguiu reforma na eletricidade, por causa desses cortes de muito tempo. E com esse novo corte, agora que não vamos conseguir. Nós institutos federais no interior, ônibus não está saindo para pegar aluno e professores por falta de combustível, então é como se já estivessem poupando agora para depois não faltar. Ontem mesmo para uma visita técnica que seria realizada o ônibus não saiu para a turma de Ciências Biológicas, provavelmente mais um corte”, disse Leandro Fontenele, membro do movimento estudantil do IFPI.
Já a aluna Karla Luz, do DCE da UFPI, criticou o posicionamento do reitor sobre o corte de R$ 15 milhões, pois acredita que ele não tem mostrado a realidade da situação para os alunos.
“Está todo mundo preocupado, mas a gente acha que é um problema que é muito latente, mas não é cobrado pela reitoria, que tenta minimizar a situação. A gente sabe que o corte vai afetar água, luz, o custeio estudantil, estamos fazendo essa denúncia para conscientizar sobre a realidade que está sendo escondida por essa reitoria. No IFPI o reitor foi claro sobre como vai afetar, já no nosso caso a gente teve que ir atrás e sabemos que os recursos também só vão até setembro, precisamos que os alunos entendam isso”, alertou.
A manifestação também teve a participação de professores. Marli Clementino, presidente da Adufpi, afirmou que a categoria também tem sido prejudicada pelas decisões do governo federal.
“O que estamos reivindicado é que se recomponha o orçamento das universidades e institutos federais, condições para que os estudantes possam estudar. Condições também de trabalho, estamos em uma campanha de recomposição salarial. O governo federal não recebe os professores, além disso queremos condições dignas de trabalho, mas estamos longe disso. As universidades e institutos não terão condições de funcionamento, esse é um ataque a educação”, afirmou.
Além de estudantes e professores, o ato também teve a participação de outras pessoas que decidiram apoiar o movimento. É o caso de Layane Cristina, que já está formada em Educação Física.
“Essa é uma briga de todos. Dos que já se formaram e dos que pretendem se formar. A educação é o caminho. Isso tudo que está acontecendo é para deixar de fora a minoria. E disso isso enquanto mulher preta e moradora da zona Rural, como parte desse grupo que tenta ser exceção, que é o que eles não querem. De tanta coisa para cortar, porque não cortam os salários dos políticos? Porque tem que cortar da educação? Porque não pagam o professor?”, questionou.
Fonte: cidadeverde.com