Pai deixa o trabalho para acompanhar filho no 1º emprego
Pai e filho já percorreram mais de 50 quarteirões nos bairros e no centro de Picos após uma semana de trabalho.
Pai deixa o trabalho para acompanhar filho cadeirante no 1º emprego como supervisor no Censo 2022 do IBGE no Piauí: ‘meu pai é minhas duas pernas’
Pai e filho já percorreram mais de 50 quarteirões nos bairros e no centro de Picos após uma semana de trabalho.
Por conta de uma paralisia cerebral, Francisco perdeu parte dos movimentos das pernas e dos braços, além de ter a fala comprometida, mas sempre buscou por oportunidades. Segundo o pai, desde pequeno Francisco conviveu com as desconfianças por conta das condições físicas.
“Quando eu comecei a levar ele pra aula, pequenininho, aí o pessoal dizia ‘rapaz, tu é doido, vai trazer uma pessoa dessa pra escola’ e aí eu dizia que meu filho era inteligente, ‘olha, um dia ele vai ser gente.’ Olha aí onde é que ele tá hoje”, contou o pai.
Ainda segundo o agricultor, num primeiro momento, ele pensou em pagar alguém para acompanhar Francisco durante o trabalho, mas desistiu e resolveu ele mesmo deixar seu trabalho acompanhar o filho.
Após uma semana de trabalho, pai e filho já percorreram mais de 50 quarteirões do centro e dos bairros de Picos coletando informações sobre as ruas, a iluminação pública e a acessibilidade local. Francisco contou que entende a importância do trabalho que está sendo realizado por ele.
“É uma atribuição de muita valia, de muita responsabilidade, tem que ter muito conhecimento técnico a respeito do assunto”, disse Francisco.
Francisco reconhece todo o esforço do pai, que parou de trabalhar na roça para estar com ele pelas ruas da cidade durante o trabalho.
“Não tenho palavras que consigam representar quem é meu pai. Eu costumo dizer que meu pai é minhas duas pernas” ,completou Francisco.
28% de PCDs no mercado de trabalho
Um levantamento mais recente divulgado pelo IBGE destacou que apenas 28% da população com algum tipo de deficiência está inserida no mercado de trabalho. Francisco contou que conhece bem as dificuldades enfrentadas por pessoas com deficiência.
“Eu sei o tanto que não funciona as coisas pras pessoas com deficiência, eu falo em Picos e por aí, no Brasil. Existe a lei mas não existe a aplicabilidade dela”, lamentou Francisco.
Fonte: g1piauí.com