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Morte de aves no Piauí pode ter relação com a Febre do Nilo

Segundo o especialista, a transmissão ocorre somente pela picada do mosquito hospedeiro do vírus. Não existe transmissão de pessoa para pessoa.

A morte de centenas de aves em Milton Brandão, no Norte do Piauí, pode estar relacionada com a Febre do Nilo Ocidental, segundo o médico neurologista e doutor em virologia, Marcelo Adriano Vieira. Esta semana, o Instituto Evandro Chagas confirmou o 10º caso da doença no estado.

Os pássaros mortos foram encontrados próximo a um poço d’água. O problema tem afetado apenas as aves silvestres, não houve registro de mortes de criações, como porcos e galinhas.

“Existem eventos em vigilância em saúde que são chamados eventos sentinelas, então por exemplo, a morte não explicada de aves silvestres em uma região levanta sempre a possibilidade de o vírus da Febre do Nilo está circulando naquela região. Então se essas morte não forem explicada por envenenamento ou algum fenômeno ambiental que esteja ocorrendo, pode ser que essas mortes estejam sendo causadas por este vírus”, afirmou o especialista Marcelo.

Segundo o especialista, a transmissão da Febre do Nilo ocorre somente pela picada do mosquito hospedeiro do vírus. Não existe transmissão de pessoa para pessoa, mesmo que uma destas esteja infectada. O mosquito só adquire o vírus picando uma ave silvestre migratória infectada.

“Essa doença é uma arbovirose, ou seja, é transmitida pela picada de mosquito, como a Dengue, Zika e Chikungunya. Mas, por exemplo, enquanto na dengue a maior preocupação é com sintomas hemorrágicos, queda de pressão, a Febre do Nilo pode preocupar porque o vírus tem uma certa atração pelo sistema nervoso, pelo cérebro e pelos nervos do paciente que podem ficar comprometidos”, explica o médico.

Foto: Reprodução

Desde de 2013, segundo o doutor em virologia, o sistema de vigilância faz testes em todos os pacientes que se internam, na rede pública e privada de hospitais do estado, com síndromes neurológicas como meningites, encefalites e paralisias.

“Até o momento são caso esporádicos, então há motivos para um monitoramento, mas não para pânico”, alerta o médico.

Devido a essa possibilidade, o médico explicou que, a sinalização do adoecimento e morte de aves silvestres migratórias é tão importante, porque elas podem estar servindo como multiplicadores do vírus da Febre do Nilo.

As aves que servem de hospedeiras para o vírus tem características específicas, elas são migratórias, rodam o mundo inteiro. As aves podem albergar o vírus em altas quantidades durante muito tempo e transportá-los de um continente para o outro e onde há mosquitos a doença pode ser transmitida para outras aves nativas, cavalos ou seres humanos.

“O único ser vivo, conhecido como hospedeiro amplificador, que pode transmitir a Febre do Nilo para o ser humano, cavalos e outras aves são as próprias aves silvestres migratórias. O vírus se originou às margens do rio Nilo, na África, foi para a Europa de lá para os Estados Unidos e veio pra o Brasil. O primeiro caso aqui no país foi detectado no Piauí em 2014, em Aroeiras do Itaim”, destaca Marcelo.

O Laboratório Central de Saúde Pública do Piauí (Lacen), a Universidade Federal do Piauí (UFPI) e o Instituto Evandro Chagas vão analisar os materiais coletados nas aves encontradas mortas no município de Milton Brandão. Foram colhidos sangue e aves inteiras para análise.

O sanitarista e técnico da Coordenação de Vigilância Ambiental da Sesapi, Mauro Barbosa, explicou que a equipe permanece acompanhando a situação e as coordenações de vigilância aguardam os resultados dos exames laboratoriais das amostras coletadas.

Fonte: clubenews

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