A menina de 11 anos estuprada pela segunda vez afirmou em depoimento à polícia o desejo de fazer o aborto. Acompanhada do pai, do Conselho Tutelar, a menina falou na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). No depoimento, ela teria dito também que o autor do estupro foi um vizinho, e não o tio paterno como a mãe vem afirmando.
Um ano depois de dar à luz após ter sido estuprada e não ter realizado o aborto legal a que tinha direito, a menina que mora na zona rural de Teresina foi novamente vítima de violência sexual.
Grávida de três meses, a menina está sendo acompanhada por uma junta médica e de psicólogos para definir se é seguro o aborto legal. Na semana passada, a mãe da menina voltou atrás e disse que se os médicos testarem que é seguro, ela é favorável a interrupção da gravidez. O pai se posicionou a favor do aborto.
“Me disseram que há risco dela ou do bebê morrerem por isso fui contra o aborto, mas se uma junta médica me confirmar que é seguro a interrupção da gravidez eu autorizo”, disse a mãe.
Sobre a possibilidade de aborto da atual gestação, a Maternidade Dona Evangelina Rosa afirmou que foi criada uma junta médica para analisar a possibilidade da interrupção da gravidez. A Justiça ainda não se posicionou sobre o aborto.
Veja o que se até sobre o caso até o momento.
QUANDO A MENINA ENGRAVIDOU PELA PRIMEIRA VEZ?
A criança tinha dez anos quando engravidou após ser estuprada em um matagal por um primo de 25 anos, em janeiro de 2021.
A mãe, uma dona de casa de 29 anos, não autorizou o aborto da filha e disse que o médico afirmara que a menina correria risco de morte no procedimento. A menina também decidiu não realizar o aborto —na época, ela estava com quase dois meses de gestação.
A lei brasileira permite o aborto nos casos de estupro e risco de morte para a gestante, e uma decisão da Justiça estendeu o aval para casos de anencefalia do feto. Considera-se estupro presumido os casos de relação sexual de vítimas menores de 14 anos.
O QUE ACONTECEU DEPOIS DA PRIMEIRA GESTAÇÃO?
A menina prosseguiu com a gestação e deu à luz em setembro de 2021. O primo que a teria estuprado foi assassinado pouco tempo depois por motivos que a família diz desconhecer.
Desde que o filho nasceu, a menina abandonou a escola e se tornou uma criança calada que pouco sai de casa. Ela se nega a ter tratamento psicológico e vive um conflito com os pais, que vivem separados.
A criança, que acaba de completar um ano, está sendo cuidada pelo avô. A menina também estava morando com o pai, mas há cerca de um mês passou a viver em um abrigo em Teresina.
O QUE SE SABE SOBRE A SEGUNDA GRAVIDEZ?
A segunda gravidez foi descoberta no dia 9 de setembro após a equipe do Conselho Tutelar levar a menina para realizar exames no Serviço de Atendimento às Mulheres Vítimas de Violência, que fica na Maternidade Dona Evangelina Rosa.
O exame constatou que a menina está grávida de três meses. Estima-se que ela tenha engravidado em junho deste ano, período em que estava morando com o pai na casa da avó paterna.
ONDE ESTÁ A MENINA AGORA?
Depois que foi constatada a nova gravidez, a menina voltou para a casa do pai, que assumiu a responsabilidade de cuidar dela.
A juíza da 2ª Vara da Infância e Adolescência em Teresina, Maria Luiza de Moura Mello, autorizou no dia 12 que a menina saia da casa dos pais e seja encaminhada para um abrigo. Há uma semana, ela está em um abrigo especializado para receber vítimas de violência sexual grávida.
Foto: cidadeverde