Um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado nesta quarta-feira (21), mostrou que a taxa de analfabetismo é três vezes maior entre pessoas com deficiência no Piauí. No estado, cerca de 9,7% dos habitantes possuem algum tipo de deficiência, o que representa 302 mil pessoas.
Segundo o estudo “Pessoas com deficiência e desigualdades sociais no Brasil (2019)”, a taxa de analfabetismo entre pessoas com 10 anos ou mais de idade do Piauí é de 11,8%. Já quando considerada apenas a população com deficiência do estado, o índice atinge a marca de 39,7%.
Os dados apontam ainda que pessoas com deficiência têm índices de escolaridade inferiores às médias da população sem deficiência do estado:
- Possuem até o ensino fundamental incompleto 43% da população sem deficiência e 77,3% das pessoas com deficiência;
- Do fundamental completo ao médio incompleto, são 13,2% da população sem deficiência e apenas 6,9% das pessoas com deficiência;
- Do médio completo até o superior incompleto, há 30,1% da população sem deficiência e 11,5% das pessoas com deficiência;
- Com superior completo, há 13,7% da população sem deficiência e apenas 4,3% das pessoas com deficiência.
Ainda segundo o Instituto, a taxa de pessoas com deficiência cresce quanto mais avançada a faixa etária. Enquanto apenas 1,9% das crianças entre 2 e 9 anos de idade estão nessa condição, o índice chega a 50,9% entre as pessoas com 60 anos ou mais de idade.
De acordo com o IBGE, o levantamento foi realizado por meio da compilação de informações de pesquisas do IBGE que trazem dados sobre a população com deficiência. O estudo apresenta as características gerais do grupo populacional, aspectos relacionados ao trabalho, renda, moradia, educação, saúde, participação e gestão.
Informalidade entre pessoas com deficiência
O levantamento também indicou que a taxa de formalização no mercado de trabalho piauiense é de 32,3% entre pessoas sem deficiência e de apenas 17,4% entre aquelas que têm alguma deficiência.
Também é menor a taxa de participação na força de trabalho entre as pessoas com deficiência. No Piauí, apenas 31,1% delas compõem a força de trabalho, enquanto entre as pessoas sem deficiência a taxa chega a 60,9%. A taxa de participação na força de trabalho inclui as pessoas que estão ocupadas e aquelas sem ocupação, mas que estão em busca de trabalho.
O estudo também mostra que a maioria das pessoas com deficiência do Piauí ainda não têm acesso a benefícios sociais: apenas 36,7% deles informaram ter acesso. Já entre a população em geral, o índice de acesso é maior, cerca de 41,4%.
O índice considera empregados de carteira assinada, militares, funcionários públicos estatutários e empregadores.
Capacidade de atendimento em Libras
Dentre os 224 municípios do Piauí, apenas 11 possuem pessoal capacitado para atendimento em Libras na sede do governo municipal, segundo o estudo “Pessoas com deficiência e desigualdades sociais no Brasil (2019)” do IBGE.
O número representa uma taxa de apenas 4,9% dos municípios piauienses, o que é inferior à média brasileira. No país, 449 dos 5.570 municípios informaram possuir pessoal capacitado para atendimento em Libras na sede do governo municipal, o que equivale à proporção de 8%.
Menor ainda é a quantidade de municípios que possuem tradução em Libras para o conteúdo e serviços disponibilizados pela prefeitura na internet. No Piauí, apenas uma cidade informou ter a tradução (0,44%); no Brasil, foram 385 municípios (6,9%).
No entanto, quando se trata da adaptação de espaços públicos para facilitar a acessibilidade de pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida, a maioria dos municípios possui. No Piauí, 186 dos 224 municípios possuem adaptação (83%); no Brasil, 4.518 das 5.570 cidades possuem espaços públicos adaptados, o que indica uma proporção bem próxima a do Piauí (81,1%).
Fonte: cidadeverde