Polícia investiga desmatamento e grilagem em reserva indígena
O líder indígena Adeildo Gamella o relatou ainda que na reserva vivem cerca de 20 famílias, que é reconhecida pelo Instituto de Terras do Piauí (INTERPI).
A Polícia Civil do Piauí, através da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), está investigando um caso de desmatamento e grilagem de terras em uma área de reserva indígena no município de Santa Filomena, na região da Serra do Quilombo, no Sul do Estado. As equipes, em ação conjunta com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Piauí (SEMAR),estiveram nesta quarta-feira (14) no local apurando as denúncias e constataram os crimes ambientais.
Em entrevista ao Meionorte.com, o delegado Emir Maia, da DPMA, explicou que esteve na reserva indígena Akroá Gamella conversando os residentes e hoje está em Gilbués, ouvindo o representante da tribo e seu filho, que presenciaram o desmatamento. Segundo o delegado, as diligências estão em andamento e há apenas indícios de autoria.
O líder indígena Adeildo Gamella o relatou ainda que na reserva vivem cerca de 20 famílias, que é reconhecida pelo Instituto de Terras do Piauí (INTERPI) e que infelizmente sente medo, pois sofre constante ameaças de morte.
“Nós recebemos essa denúncia de grilagem e desmatamento numa área de reserva indígena. Nós estamos aqui e ontem fomos ao local com o pessoal da Semar e foi identificado o desmatamento. Estamos nesse momento em Gilbués ouvindo o representante da tribo e o filho dele que presenciaram o desmatamento e estamos diligenciando para saber o responsável pelo desmatamento. Há apenas indícios, mas não temos ainda provas, porque o índio chefe da tribo nos relatou que tem medo, é constantemente ameaçado de morte. Tem um fazendeiro que quer grilar essas terras”, disse o delegado.
A reserva indígena Akroá Gamella cobre uma vasta área, onde inclusive, segundo os indígenas, há uma caverna que brota água mineral, a qual abastece um riacho da região. O delegado ressaltou que as investigações seguem para provar a autoria de um fazendeiro, apontado como o suspeito dos crimes ambientais. “Não tem como afirmar que realmente foi ele, mas estamos em diligências para formarmos testemunhas, quem é o proprietário do trator, para ver se indica alguém. Estamos aqui com equipes da Rone de Teresina e da Semar”, pontuou Emir Maia para a reportagem.
Além disso, o delegado destacou haver outros lugares da Serra do Quilombo, que cobre outros municípios da região, com suspeitas de crimes ambientais. O exemplo seria Gilbués, onde a DPMA apura um outro caso de desmatamento em uma área de famílias tradicionais reconhecidas pelo Interpi. A Semar irá encaminhar o auto de infração, para que seja aberto um inquérito policial.
“Inclusive outros lugares aqui também tem. Fomos ontem para Gilbués. Fizemos levantamento com drone e tudo. Tem outra terra sendo desmatada, que é de propriedade que foi concedida pelo Interpi, para famílias tradicionais, que o governo do estado reconheceu. Tem um empresário que já desmatou 60 hectares recentemente e esse inclusive já foi autuado em R$ 1 milhão e alguns reais pela Semar. Ontem fizemos um voo panorâmico com drone para saber se houve mais desmatamento e agora a Semar vai estar encaminhando o auto de infração para instaurar o inquérito no município de Gilbués. Já sabemos que é o autor. Autoria conhecida”, finaliza o delegado.
Fonte: Meio Norte