Política

As idas e vindas de JVC e como um político perde a confiança do eleitorado

Ex-senador já anunciou muitas vezes que seria candidato e chegou a ensaiar atuar na oposição

Voltou a circular nas redes sociais um áudio em que o ex-senador João Vicente Claudino, do PTB, critica aqueles que votaram contra a prorrogação do auxílio emergencial. Seriam deputados e senadores, entre eles o deputado Fábio Abreu (PL), pré-candidato a prefeito de Teresina, a quem João Vicente anunciou apoio ao longo da semana. No áudio, JVC, como é mais conhecido, afirma que estes políticos não têm compromisso com a população mais pobre do país.

POLÊMICA SOBRE VOTAÇÃO
A votação vem gerando polêmica desde sua ocorrência. Os parlamentares que votaram contra, caso de Fábio Abreu, negam com veemência. Dizem que essa votação nunca ocorreu. Mas ocorreu, sim, e nós mostramos isso com toda a clareza, apesar dos discursos contrários. A fala de JVC ganha notoriedade neste momento exatamente porque ele decidiu apoiar Fábio Abreu para a prefeitura de Teresina.

NÃO PODE VIVER LONGE DO GOVERNO
JVC é um político ligado ao governador Wellington Dias. É o tipo de político que não pode viver longe de governo. Lembra aquela frase “hay gobierno, stoy dentro.” Tanto que além de Teresina ele também está apoiando o candidato do governo em Parnaíba. Trata-se do deputado Dr. Helio, que vai disputar contra Mão Santa. Nesta semana JVC esteve reunido com o parlamentar e com o secretário de Saúde Florentino Neto para acertar os detalhes do apoio. Nos dois casos ele deve indicar o candidato a vice-prefeito.

OS ALTOS ÍNDICES DE REJEIÇÃO
O ex-senador João Vicente Claudino como político tem elevados índices de rejeição. Na campanha de 2012, para a prefeitura de Teresina, quando ainda era senador, os apoiadores do então prefeito Elmano Ferrer, seu companheiro de partido, que estava disputando a reeleição, tiveram que escondê-lo do eleitorado. Ele foi orientado a não participar da campanha de Elmano porque estava tirando votos do candidato. Foi por causa de sua presença na campanha que se criou naquele pleito o termo “blocão”. Elmano passou a ser o candidato do blocão. Os publicitários que lhe conferem assessoria dizem que ele tem uma imagem controversa junto ao eleitorado. Ou seja, não gera nenhuma confiança. Pelo contrário, quando se fala em JVC a primeira coisa que aparece na mente do eleitorado é a dúvida. Isso, evidente, tem uma explicação.

DESISTIU DE SER CANDIDATO
O João Vicente vai ser candidato. Perto de toda eleição é o que sempre se escuta. Foi assim a partir de 1998 quando ele participava como secretário do governo Mão Santa. Seria candidato a deputado federal. Faltava apenas escolher um partido. Na última, todos os apoiadores reunidos em seu escritório na fábrica da Guadalajara, zona sul de Teresina, ele decidiu que não seria candidato. E anunciou em cima da hora. O mesmo ocorreu em 2002, quando se esperava que ele fosse candidato novamente à Câmara Federal. Disputou o Senado em 2006 e a princípio seria candidato apoiando Mão Santa. Na última hora decidiu apoiar Wellington Dias. Em 2010 disse que seria candidato do governo e terminou concorrendo pela oposição. 

“O CANDIDATO DO LULA”
Na eleição de 2010, JVC disse que era candidato do Lula e colocou um áudio do então presidente dizendo que o apoiava. Só que a fala era de quatro anos antes, 2006, quando ele realmente fazia parte da campanha petista. Como se pode acreditar nesse tipo de político? Tem mais. Em 2014, ensaiou candidatura ao governo. Não passou disso, ensaio. Depois disse que seria mesmo candidato à reeleição para o Senado. No último momento decidiu lançar a candidatura do hoje senador Elmano Ferrer. Em 2016, manifestou interesse em voltar para a política. Poderia ser candidato a prefeito de Teresina. O assunto morreu antes de ganhar qualquer notoriedade. Em 2018, seria candidato a governador pela oposição. Terminou apoiando a reeleição de Wellington Dias.

NOVA CANDIDATURA SERIA A PREFEITO
O novo balão de ensaio de JVC seria a candidatura a prefeito de Teresina. Não existe outro caminho possível, ele disse. Claro que havia. De novo ele estava apenas contando história – e desfalcando ainda mais sua credibilidade perante o eleitorado. Todos sabiam que ele não seria candidato a nada. São poucos os que acreditam na palavra de JVC como político, dizem observadores da cena política.

NOS BRAÇOS DO PODER
Herdeiro do maior império econômico do Piauí ele havia rompido com Wellington Dias em 2010 depois de passar o tempo inteiro defendendo o governo. Começou a falar até sobre fome no interior do estado, falta de ambulâncias e atos de corrupção. Posteriormente, apaga tudo e volta a defender o governo e seu legado. Fica onde sempre esteve. Nos braços do poder. Poucos acreditam que seu apoio tenha algum valor efetivo. Pelo menos não politicamente. Pode ser que este apoio tenha outro sentido. (Toni Rodrigues)

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