Hemopi identifica paciente com sangue raro no Piauí
A descoberta aconteceu porque uma mulher de 38 anos estava com uma anemia grave e por isso precisou de uma transfusão sanguínea no mês de fevereiro deste ano.
O Laboratório de Imuno-hematologia, do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Piauí (Hemopi), encontrou em uma paciente de Piripiri um anticorpo raríssimo, encontrado apenas em 0,01% da população mundial. A mulher de 38 anos estava com uma anemia grave e por isso precisou de uma transfusão sanguínea no mês de fevereiro deste ano.
No Brasil, apenas três doadores foram compatíveis com a paciente. Conhecido como Anti-ku, segundo o Hemopi, a maior probabilidade de encontrar doadores compatíveis com esse anticorpo é em países como Finlândia, Japão e no Reino Unido.
“Foram testados os quatro irmãos dela, mas nenhum era compatível. Com ajuda da Coordenação Nacional de Sangue conseguimos localizar um doador no interior do estado de São Paulo. A doação foi realizada na cidade de Botucatu (SP) e enviada a Teresina para ser transfundida na paciente”, contou o supervisor do laboratório, Pedro Afonso Sousa.
Pedro explicou ainda que alguns fatores poderiam explicar o caso, entretanto, não foi possível chegar a uma conclusão para a raridade.
“Os pais dela não têm traços familiares, ou seja, não são primos, nem nada, então fica muito difícil de dizer que é uma característica hereditária. Outra explicação seria caso de agrupamentos de sociedades que vivem ‘isoladas’, mas como os irmãos foram testados e nenhum é compatível, então essa condição também não se aplica”, explicou.
Sistemas sanguíneos
Conforme a Sociedade Internacional de Transfusão Sanguíne (ISBT), há 43 sistemas sanguíneos conhecidos atualmente e esse número não é definitivo, porque são constantemente descobertos novos tipos.
O mais conhecido é o sistema ABO, que é combinado com o sistema Rh – por isso o mais comum é que alguém tenha o sangue definido como A-, B+, O- e outras variações. Tanto o sistema ABO quanto Rh são definidos quanto aos antígenos e anticorpos identificados em cada tipo de sangue.
Antígenos são células que reagem em nosso sangue para estimular a produção de anticorpos. Os anticorpos geram proteção ao nosso organismo. Em geral, os exames mais comuns de identificação de tipo sanguíneo definem pelo sistema ABO e Rh, que possuem antígenos específicos.
Contudo, como no caso da paciente piauiense, quando é necessário doar ou receber uma transfusão sanguínea, são necessários exames mais detalhados. Nesses exames é que é possível identificar outros tipos de antígenos, alguns dos quais são muito raros, que geram anticorpos contra qualquer tipo de sangue diferente.
Em caso de transfusão com sangue não compatível, é possível gerar danos irreversíveis ao organismo do paciente. Por isso a importância de identificar corretamente o tipo sanguíneo no momento da transfusão.
Fonte: G1 Piauí
