Família de jovem desaparecido há quase 11 meses diz que “ele jamais se jogaria no rio”
Perito diz que há contradições na versão apresentada pela namorada do jovem.
“As pessoas têm empatia com a minha dor, comentam nas minhas redes sociais que elas também não acreditam que o meu filho se jogou naquele rio. Ele jamais se jogaria, ninguém acredita nisso”, descreveu Ana Lúcia, mãe do estudante de Direito, Lucas Vinícius, em entrevista exclusiva ao Balanço Geral Piauí, da TV Antena 10, na tarde desta sexta-feira (10). O jovem está desaparecido há quase 11 meses.
A família não acredita na versão de que o jovem teria se jogado da ponte após voltar de uma festa com a namorada Gabriela Vasconcellos. O caso ocorreu na madrugada do dia 24 de abril de 2022 em Teresina.
Sem respostas por parte da polícia, Ana Lúcia, que mora em São Paulo, segue buscando por respostas sobre o que teria acontecido com seu filho. Ela citou que não tem retorno das autoridades sobre o andamento das investigações e voltou a cobrar, mais uma vez, respostas acerca do desaparecimento.
“A ex-namorada [Gabriela] disse que teve uma desavença com uma pessoa [em festa] e deixa um rapaz lá dentro e eu acredito que após essa desavença meu filho veio desaparecer. Eu espero respostas, é um direito que eu tenho. Eu não vou desistir nunca”, declarou, bastante emocionada, a mãe do jovem em entrevista à TV Antena 10.
Em depoimento à polícia, a namorada Gabriela Vasconcelos relatou que o jovem estava embriagado e teria se jogado no rio Poti. A família do estudante de Direito não acredita nessa versão e contratou um perito criminal para uma investigação independente sobre o caso. A polícia trata o caso como desaparecimento com possibilidade de suicídio.
Perito cita contradições na versão de namorada
O perito Ricardo Rezende comentou em entrevista à TV Antena 10 que os investigadores estão trabalhando com duas hipóteses: a que ele tenha pulado e a de que o jovem tenha sido empurrado. Ele destacou que existem contradições na versão apresentada pela namorada, Gabriela Vasconcelos.
Foto: Reprodução
“A gente levantou bastante informação que está tendo desencontro. Conseguimos levantar algumas coisas para o DHPP, Ministério Público e também estamos aqui para cobrar essa resposta [cadê Lucas]. Tem essa hipótese dele ter pulado ou ele ter sido empurrado, a gente trabalha hoje com 50% de cada. Até que prove o contrário a gente tem que ter todas essas provas e estamos começando a apresentar para as autoridades pra eles terem o fundamento”, comentou.
De acordo com o perito, um dos pontos que corroboram para essa contradição que o corpo estaria no rio é que os restos mortais não foram encontrados até hoje, quase 11 meses depois.
“Um profissional do Corpo de Bombeiros relatou que, em 32 anos trabalhando aqui, todos os corpos foram encontrados pela equipe. O que causa estranheza seria o do Lucas automaticamente não ter achado até agora. Sendo que o rio deu uma baixada, teve os mergulhadores e também dentro desse próprio rio existe bancos de areia”, explanou.
O perito também destacou que solicitou uma nova análise de DNA do corpo encontrado carbonizado no Assentamento Emiliano Batata. A família aguarda decisão da justiça do Piauí para poder levar uma amostra para São Paulo. Dois testes foram realizados pelo Instituto Médico legal e o laudo deu negativo. A família suspeita que os restos mortais podem ser do estudante de Direito.
Início do caso
Segundo a namorada do estudante, Gabriela Vasconcelos, ambos retornavam de uma festa na madrugada do dia 24 de abril de 2022 quando o jovem quis parar o carro na Ponte Juscelino Kubistchek. Ele se aproximou da mureta da ponte e teria se jogado no rio Poti. Gabriela chamou os bombeiros que iniciaram as buscas pelo estudante, que ainda hoje não foi encontrado.
A namorada do jovem transferiu a quantia de R$ 3,5 mil da conta do estudante para sua conta pessoal. De acordo com o documento que o A10+ e a TV Antena 10 obtiveram acesso com exclusividade, o pix foi realizado no dia 24 de abril às 14h27min, horas após Gabriela Vasconcelos ter afirmado que Lucas havia se jogado no rio Poti.
O advogado Wyttalo Veras, que representa Gabriela Vasconcelos, procurou o A10+ e relatou que a transferência de R$ 3,5 mil foi autorizada pela família de Lucas Vinícius. Segundo ele, o dinheiro seria para pagar um cartão de Gabriela, mas que era usado pelo estudante de Direito.
A defesa afirmou que a quantia seria para pagar um cartão na segunda-feira (25), um dia depois do desaparecimento de Lucas. Wyttalo Veras informou que a família do jovem chegou ao Piauí ainda no domingo (24) e que, segundo ele, teria conhecimento dessa transferência. Em print, o advogado relatou que os pais de Lucas chegaram em Teresina por volta das 12h30 e que do aeroporto foram para casa dos pais de Gabriela.
Antônio Moisés e Ana Lúcia, pais de Lucas Vinícius que residem em São Paulo, vieram para Teresina para acompanhar as buscas pelo filho. Eles se pronunciaram pela primeira vez no dia 10 de maio.
Corpo carbonizado
Um corpo foi encontrado carbonizado no Assentamento Emiliano Batata, próximo ao Rodoanel, zona rural Sudeste de Teresina, no dia 30 de abril, seis dias após o desaparecimento de Lucas. Houve a suspeita de que os restos mortais encontrados poderiam ser de Lucas, mas no dia 20 de junho o Instituto de Medicina Legal (IML) emitiu um laudo negando a suspeita.
Antônio Moisés e Ana Lúcia se pronunciaram no dia 02 de julho, pedindo que um novo exame no corpo carbonizado fosse feito por desacreditarem do resultado.
Fonte: A10+