Mulher incendiada diz que marido sonhava em matar ela e sua filha
Na delegacia, antes de ser encaminhado para a penitenciária, Joel declarou que tudo não passou de uma discussão de casal.
O homem identificado como Joel de Brito Cardoso, de 50 anos, que foi preso no último sábado (25) acusado de jogar álcool e atear fogo contra a própria esposa na cidade de Cocal já possui uma condenação de 14 anos por estuprar a ex-enteada em Brasília.
A ex-companheira do criminoso, Francisca Cerqueira, viveu com ele durante quase 10 anos e relatou tudo que passou com o acusado em vídeo enviado à Rede Meio Norte.
“Sou ex-esposa de Joel de Brito Cardoso, eu vivi com ele por quase 10 anos trabalhando, fazendo salgados. Esse tempo todo que eu passei com ele foi uma vida muito complicada, bem difícil, ele me ameaçava de morte o tempo todo, começou a abusar da minha filha desde criança até a adolescência dela, ele ameaçava ela de morte. Ele é simplesmente um psicopata, um cara que demonstra ser tranquilo, bom moço, todo mundo acha ele sorridente, trabalhador, uma pessoa fria, ele mata mesmo. Ele tentou me matar algumas vezes com gasolina, ficava com isqueiro na mão e gasolina na outra ameaçando jogar fogo em mim e me matar queimada”, contou ela.
A filha de Francisca e ex-enteada de Joel Cardoso hoje tem 15 anos, mas começou a ser abusada pelo criminoso quando tinha apenas cinco.
“Quando eu tinha cinco anos começaram os abusos, ele sempre agiu com naturalidade, como se achasse isso normal, aos 12 que foi quando eu e minha mãe fugimos por medo dele. Ele me ameaçava porque eu sabia que ele era capaz de fazer mal a minha mãe, muitas vezes eu presenciei ele sendo violento e tentando matar minha mãe afogada. Ele já empurrou ela contra um forno industrial, uma vez eu acordei com gritos, corri para ver o que era e ele estava com um galão de gasolina na mão e estava com um isqueiro, segurando a minha mãe, pronto para colocar fogo nela e ele sempre ameaçava ela, falava que se ela deixasse ele, ele ia queimar ela inteira, ela ia ficar desfigurada e ninguém ia querer ela. Ele sempre agia com naturalidade nos estupros, durante todos estupros eu nunca emiti nenhum som porque eu tinha esperança de que isso algum dia incomodasse ele e ele parasse, mas ele nunca parou, ele só parou realmente quando eu comecei a mudar de comportamento e ele começou a ter medo que eu contasse, desde aí nós entramos na justiça, ele recebeu uma pena de 14 anos de prisão que nunca foram cumpridos. Ele é um monstro, sempre se escondeu na face de um homem bom para cometer crimes que estavam até agora cobertos”, disse.
Ele saiu de Brasília com Francisca e a filha e foi para Cocal. Lá iniciou uma atividade comercial onde ficou conhecido como ‘Joel do Salgado’, mas a família tentava a todo instante pedir ajuda para as pessoas da cidade. Até que um dia Francisca conseguiu fugir com a filha e retornar para Brasília.
Em junho de 2016, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal sentenciou Joel a uma pena de 14 anos, 04 meses e 24 dias de reclusão a ser cumprido em regime inicial fechado, no entanto, concedeu-lhe o resto de recorrer da decisão em liberdade.
Depois disso Joel engatou um novo relacionamento com a dona de casa Leidiana da Silva Araújo, de 34 anos. A mulher sofreu queimaduras em 20% do seu corpo após o criminoso arremessar álcool e lhe atear fogo com um isqueiro. Ele foi preso no último sábado e passou por uma audiência de custódia no último domingo (26) onde foi decretada a sua prisão preventiva e encaminhado para Penitenciária Mista de Parnaíba.
Leidiana sofreu queimaduras de 1º grau no tórax, abdome, quadril, costas e no rosto. A vítima encontra-se internada no Hospital Estadual Joaquim Vieira de Brito.
“Ele jogou álcool na minha filha, foi para tocar fogo nela e eu mandei ela correr para a porta da rua, ai na hora que ela correu eu segurei ele, mordi a mão dele para ele não correr atrás da minha filha, aí ele jogou álcool em mim e jogou fogo. Eu tirei toda a minha roupa e estou aqui sofrendo muito”, disse ela.
Foto: Reprodução
Segundo Leidiana, Joel já tinha relatado que o seu sonho era matar Leidiana e sua filha. “Eu fui comprar um remédio para a minha filha que ela estava gripada, quando eu cheguei lá, não demorei nem 20 minutos ele estava assando uma carne na churrasqueira, disse que a carne estava queimando, ai eu disse para ele se acalmar. Disse que ia para a casa da minha mãe e daqui dois dias voltava, ele disse que eu não ia de jeito nenhum, aí disse para ele se acalmar, que não precisava brigar. Aí começou o estresse, ele tinha uma sede monstra de matar minha filha de 13 anos e me matar. Ele dizia que um dia ia realizar o sonho dele de ver eu e minha filha morta, era o sonho que ele tinha”, declarou.
Na delegacia, antes de ser encaminhado para a penitenciária, Joel declarou que tudo não passou de uma discussão de casal. “Foi uma
discussão de casal, uma coisa imprevista, estava com sangue quente, aconteceu de eu pegar o álcool e jogar nela, eu não queria fazer uma coisa dessas, ela começou a morder meu dedo e me enforcar, eu dizia ‘Leidiana por favor me larga, não quero fazer besteira contigo’, ai ela apertava demais a minha garganta e joguei fogo, depois eu peguei a mangueira para jogar água, ai aconteceu as queimaduras. Eu não queria fazer uma coisa daquela, era só um restinho do álcool”, disse.
Fonte: Meio Norte