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Homem sofre golpe de quase 20 mil e denuncia suposta empresa de iPhone no PI

Sérgio Farias Junior contou ao g1 que transferiu o valor para uma suposta empresa de importados em setembro de 2022 e até hoje não recebeu a compra, nem foi ressarcido do valor.

O administrador Sérgio Ricardo Farias Junior contou que teve um prejuízo de R$ 18.698,00 ao tentar comprar dois iPhones 14 Pro Max de 512 GB e dois AirPods 2ª geração via perfil no Instagram de uma suposta empresa de importados chamada ‘Liz Import’. O caso é investigado pela Polícia Civil do Piauí.

Nesta segunda-feira (27), a vítima foi ouvida pela Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI). Além de Sérgio, outras 17 pessoas, que também tiveram prejuízos ao tentarem fazer compras por meio do perfil, procuraram um escritório de advocacia para representar legalmente contra a suposta empresa.

Em nota, o escritório de advocacia informou que os clientes foram vítimas de um ‘claro golpe orquestrado pela Sra. Kezia Lis Neves Gomes Santos’, identificada como a proprietária da Liz Import. O g1 tentou, mas não conseguiu contato com a suspeita ou com a suposta empresa.

Sérgio relatou que fez a compra na segunda quinzena de setembro do ano passado. “Houve o lançamento do aparelho. Fiz a compra ainda na pré-venda. Interagi bastante com a dona da loja, perguntei como ficava a questão de envio e o prazo de entrega”, contou.

Ele fez o pagamento via Pix, pagando um valor adicional para que as mercadorias chegassem em até três semanas, mas, com o passar do tempo, o administrador começou a ficar impaciente, questionar e, consequentemente, desconfiar que havia sido vítima de um golpe.

“Desconfiei que se tratasse de um golpe ao passar o prazo em outubro, novembro. Chegou dezembro e já fiquei com a pulga atrás da orelha, mas acreditando nela pela conversa que ela tinha e porque trabalhar com importação tem problemas, quando a gente compra coisas em outras lojas, o envio deles também tem problema”, disse.

O administrador chegou a pensar que poderia realmente ser um problema no envio. “Eu acreditava que ela de fato estava com um problema. Ainda mais no fim de ano que o serviço postal mundial é uma loucura. Então eu fui acreditando, tolerando, aceitando os prazos que ela dava. Ela sempre dava um prazo além”, relatou.

“Até a segunda quinzena de janeiro deste ano, que falei para ela que era meu último prazo, que se ela não entregasse ou devolvesse o dinheiro eu iria registrar a ocorrência e entrar com uma ação coletiva contra ela”, completou.

Cerca de 70 vítimas

Outras pessoas lesionadas pela loja virtual descobriram a situação de Sérgio e o convidaram para fazer parte de um grupo do WhatsApp, que reunia outras vítimas. “Éramos 30, aumentamos para 50 e hoje já somos 70 integrantes. Cada divulgação que tem aparece mais gente”, contou Sérgio.

Parte do grupo formalizou uma denúncia contra Kezia Lis Santos. “Nosso pensamento hoje é que a gente pode até ficar sem o dinheiro, mas ela vai escolher como paga a gente. Se é sendo presa ou devolvendo o dinheiro. Para a gente vai estar ótimo um dos dois”, desabafou o administrador.

O grupo comemorou ter conseguido tirar a página da suspeita do ar no Instagram. “Era nosso objetivo principal no começo, derrubar a página dela e impedir que ela fizesse mais vítimas. Conseguimos isso em janeiro após um mutirão de denúncias”, relatou.

Investigação policial

O grupo agora quer uma investigação policial sobre o caso. “Estamos correndo para que uma polícia se empenhe em resolver. Instaurar inquérito e levar isso adiante. Eu investiguei por conta própria, já tenho a operação dela completa, como ela fazia, o modo de operação dela, tudo isso eu sei”, afirmou Sérgio.

O administrador contou que apesar de não lembrar como chegou até o perfil, acompanhou suas atividades por um bom tempo antes de decidir fazer uma compra e mesmo assim ainda foi vítima de um golpe.

“Eu a acompanhava há, no mínimo, cinco anos. Durante esse tempo eu não comprei nada, só a via fazendo compras, divulgando os lançamentos e repostando imagens das pessoas recebendo os aparelhos que compravam com ela”, relembrou.

Após a denúncia, Sérgio disse que Kezia Lis Santos ainda tentou um acordo com ele. “Ela tenta acordo com todos, tenta coagir a pessoa com cláusulas abusivas para devolver o dinheiro, mas ela não devolve”, disse.

Segundo o administrador, uma das exigências é que a pessoa saia do grupo de pessoas que não receberam e não tenha contato com nenhum dos integrantes dele. “O plano dela é isolar as pessoas para que o grupo perca força e ela possa reaver a página dela, enviando os acordos para o Instagram, para que ela possa continuar aplicando golpes”, afirmou.

Organização criminosa

Para os advogados que representam Sérgio e outras 17 vítimas, Diogo Biato Neto e Wilibrando Albuquerque, há uma organização criminosa que envolve ‘laranjas’ para movimentar contas bancárias, profissionais da área de contabilidade e administração, além de possíveis remessas de dinheiro para o exterior.

O escritório afirmou que todas as tentativas de acordo com a suspeita foram infrutíferas. “Ficou claro que a ‘empresa’ não possui recursos financeiros, dependendo exclusivamente do Instagram para aplicar novos golpes e pagar prejuízos anteriores e assim sucessivamente”, declarou em nota.

Prejuízo de mais de R$ 2 milhões

Conforme levantamento dos advogados, a suspeita tem 133 ações judiciais contra ela, em todo o país, e nunca foi encontrada para responder nenhuma delas.

“Ela não emite notas fiscais, não recolhe tributos e pode ter lesado mais de 300 pessoas em todo o país, o que indica que gerou prejuízo financeiro estimado em mais de R$ 2 milhões”, afirmaram os advogados.

Diogo Biato Neto e Wilibrando Albuquerque informaram que estão tomando as medidas necessárias junto ao Judiciário, Ministério Público e a Polícia Civil, “para garantir a ordem econômica e pública. Entende a defesa, nesse momento, ao menos pela necessidade de cautelares diversas da prisão, especialmente o monitoramento eletrônico da Sra. Kezia Liz”, declararam.

Os advogados esperam impedir que novas vítimas sejam feitas, além de garantir que as pessoas que caíram no golpe possam saber exatamente onde a suspeita reside para que ela possa responder à Justiça.

Fonte: G1 Piauí 

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