Maioria aprova pressão de Lula pela queda dos juros
O Copom mantém a Selic no autal patamar desde setembro de 2022, quando interrompeu um ciclo de 12 altas consecutivas
Nos primeiros meses de seu terceiro mandato, o presidente Luiz Inácio da Silva (PT) tem questionado a eficácia da manutenção da Selic em 13,75% ao ano, tecendo duras críticas ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Segundo Lula, os juros no Brasil não estão combatendo uma inflação que não é ocasionada pelo aumento de demanda, além de frearem o crescimento econômico. Em consonância com a opinião do presidente, 71% dos entrevistados pelo Datafolha avaliam que a taxa de juros está mais alta do que deveria, sendo que 55% consideram que ela está muito mais alta do que deveria.
Mesmo entre os eleitores do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, que indicou Campos Neto para o BC, a percepção de que os juros estão mais altos do que o recomendado é de 77%. Entre as regiões do país, essa opinião só fica abaixo dos 70% no Nordeste (67%).
Já 17% dos brasileiros dizem crer que os juros básicos estão em um patamar adequado, somente 5% responderam que ela está mais baixa do que deveria, e 6% não souberam responder.
Especificamente sobre a pressão feita por Lula pela redução dos juros, a pesquisa também apontou que 80% dos entrevistados dizem considerar que o presidente está agindo bem. Para 16%, o mandatário age mal, e 5% não souberam responder.
O apoio ao presidente Lula nesde tópico é maior entre os brasileiros que recebem até dois salários mínimos (R$ 2.604), faixa em que 85% dizem concordar com o petista.
Também é assim entre aqueles com até o ensino fundamental (84%), os desempregados e que estão sem procurar emprego (91%) e os que se declaram pretos (84%).
Entre os que têm ensino superior, 24% afirmam que Lula age mal ao pressionar o BC; entre os empresários, 28%; entre os que se declaram brancos, 19%.
“Dizer que a taxa de juros deveria estar em 26,5% para cumprir a meta de inflação, como fez o presidente do BC, mostra o tamanho da besteira que eles fizeram lá atrás”, diz Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-diretor do Banco Central.
Para Clemente Ganz Lúcio, sociólogo e coordenador do Fórum das Centrais Sindicais, a discussão sobre os rumos da economia refletem as diferenças entre o Brasil que Lula encontrou ao tomar posse em 2003 e agora, em 2023.
“Há uma pressão inflacionária, mas estamos com uma política monetária alucinada do ponto de vista do crescimento. A sociedade espera respostas imediatas do governo, e, claramente, o BC tem uma resposta diferente. Como resultado, o país está com um freio na economia como nenhum outro.”
Fonte: Folhapress