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Aquecimento de Teresina é mais rápido que a média global

Programa vai investir R$ 17 milhões em obras para minimizar os efeitos do aquecimento da capital.

O B-R-O Bró está mais quente e o período chuvoso apresentando precipitações mais intensas a cada ano em Teresina. Os fenômenos são consequência direta das mudanças climáticas. Diante desse cenário, a Secretaria Municipal de Planejamento e Coordenação criou o Viver+Teresina, iniciativa que une obras e ações com foco em sustentabilidade, buscando soluções baseadas na natureza para a capital piauiense.

Dados colhidos pela Nasa, e analisados pelo Centro de Eficiência em Sustentabilidade Urbana (Cesu), da Universidade Federal do Piauí, indicam que Teresina tem aquecido duas vezes mais rápido que o resto do mundo. Assim, a cidade precisa se preparar para enfrentar essas consequências.

E a mudança climática não é o único aspecto que torna Teresina uma cidade mais aquecida. Sua localização, logo abaixo da linha do Equador, uma posição que permite a incidência direta dos raios solares, favorece esse aquecimento.

A temperatura aumenta a uma velocidade duas vezes mais rápida se comparada à média global (de 1,1°C em), de acordo com mapas que analisam o aumento de temperatura superficial média no último século (NASA, 2022).

Aliado a essas condições, o desenvolvimento da cidade, com a verticalização, expansão do território urbano e a impermeabilização do solo, tem contribuído para o aumento da temperatura e da sensação térmica, criando ilhas de calor em determinados pontos.

O Viver+Teresina propõe iniciativas que busquem, por exemplo, a diminuição de pontos de calor. Eles estão sendo mapeados e a equipe técnica está desenvolvendo intervenções que busquem a queda das temperaturas.

Além de novos parques, aumentando a cobertura vegetal, alguns equipamentos públicos deverão ser reformulados, como os mercados públicos.

Esses locais concentram grande número de pessoas principalmente aos fins de semana e deverão ter sua estrutura repensada para que sejam pontos em que a temperatura seja mais amena, propício ao caminhar dos frequentadores, e com melhor organização do seu funcionamento.

Inicialmente, o Viver+Teresina prevê a aplicação de R$ 17 milhões, com recursos oriundos de financiamentos externos. São iniciativas que levarão à população um novo conceito de vivência da cidade, com o objetivo principal de minimizar os efeitos das mudanças climáticas, que já fazem parte do cotidiano das pessoas.

“Esse investimento está chegando para colocar Teresina em um outro patamar. A gestão está imbuída na elaboração de projetos inovadores, que permitam que a população tenha mais qualidade de vida, baseados em soluções que respeitam o meio ambiente, com foco na sustentabilidade, na eficiência e na ideia de que a gestão pública é para todos. Teremos, por exemplo, forte atuação na zona rural, levando benefícios que ainda não chegaram a essa população”, explica Bruno Quaresma, diretor geral do Viver+Teresina.

Estão previstas para serem implementadas obras de mobilidade urbana, saneamento, requalificação habitacional, equipamento de promoção da inovação, áreas verdes, ações de eficiência energética, fortalecimento institucional e empoderamento social.

Fossas ecológicas

A primeira obra a ser implementada já tem projeto pronto e beneficiará a população da zona rural e funcionará como piloto. São 50 fossas ecológicas, construídas a partir de materiais recicláveis como pneus e restos de entulhos, em unidades habitacionais que não possuam manejo adequado dos dejetos do banheiro.

A comunidade beneficiada será o povoado Santa Luz, zona rural leste. Posteriormente, o projeto será expandido, com a construção de mais 2.450 unidades.

De acordo com o programa, o sistema da fossa ecológica é sustentável porque reutiliza pneus e restos de entulho de construção. A camada de pneus funciona como uma câmara de fermentação do material que vem do vaso do banheiro.

Ao redor da camada e pneus, é colocada uma outra de entulho cerâmico que abrigam os microorganismos que decompõem o esgoto. Por cima fica uma camada grossa de brita, seguida por uma de areia e outra de terra. Esse sistema permite a perfeita decomposição de todo o material que vem do vaso do banheiro e finaliza com a evaporação do que sobra, que é água.

Na camada mais superficial, estão plantas de espécies frutíferas com folhas grandes, como bananeiras. É essencial que sejam desse tipo porque elas requerem mais água para se desenvolverem.

Se houver nos dejetos qualquer agente que cause doenças nos dejetos que chegam ao sistema fica retido, já que o sistema é todo fechado por uma parede de cimento. Por isso, os frutos produzidos pelas plantas são comestíveis. Existem estudos comprovando a qualidade dos alimentos produzidos e a inexistência de microorganismos provenientes dos dejetos.

Em cada sistema de fossas são utilizados 28 pneus. Elas medem 1,40m de altura; 1,30m de largura e 5m de comprimento. A construção segue as normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).

Cada família beneficiada será atendida também com treinamento sobre o manejo adequado do sistema, para que ele funcione plenamente.

Jardins de chuva

Também já está em fase de concepção e elaboração de projeto dos “jardins de chuva”. São espaços destinados à filtragem e drenagem da água da chuva, que deverão ser espalhados pela cidade com o intuito de minimizar os pontos de alagamentos no período chuvoso. Eles são compostos por camadas de pedra e areia que recebem plantas ornamentais.

Além da função drenante, os jardins de chuva também contribuem para a diminuição da temperatura, contribuindo para que o microclima do local seja agradável.

Fonte: G1 Piauí 

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