Prefeitos ligados a Ciro Nogueira ignoram vacinação e focam só no dinheiro
Gestores irão receber R$ 1,50 por cada dose aplicada e cadastrada no sistema. Senador incentiva que prefeitos não se importem com cadastramento, mas sim, com recursos a serem repassados via co-financiamento da Saúde
Prefeitos ligados ao senador Ciro Nogueira (Progressistas), alvo de investigação da Polícia Federal, procuraram o presidente da Associação Piauiense dos Municípios, o prefeito de Francinópolis (PI), Paulo César, também do Progressistas, para iniciarem uma ofensiva contra o governador Wellington Dias (PT) e a Secretaria Estadual de Saúde (Sesapi).
Os gestores ignoram a vacinação contra a Covid-19 em seus respectivos municípios e focam somente nas vultuosas quantias a serem repassadas através do cofinanciamento da Saúde. Em entrevista, Paulo César alegou que a vacinação em algumas cidades estaria abaixo do esperado pela falta de insumos básicos, como seringas, por exemplo. A informação foi negada pela Sesapi, visto que todos os componentes necessários para a aplicação dos imunizantes é encaminhado juntamente com as doses para as secretarias municipais de Saúde, que são as responsáveis pela aplicação.
“Não houve a realização da vacinação por falta de seringas e diluentes. Portanto, há vários problemas. Existem também o problema de atualização do sistema, porque é um só servidor para atualizar o sistema junto com outras ações a serem alimentadas. Tem problema de internet, alguns municípios possuem área territorial muito grande, mas a questão é: a vacina está sendo realizada”, disse.
Na última semana, o secretário estadual de Saúde, Florentino Neto, anunciou o pagamento de R$ 1,50 por cada cadastramento de dose aplicada. Com isso, o que seria uma obrigação dos municípios passou a ser um ato lucrativo para a gestão. Mas, as questões políticas, com incentivo de Ciro Nogueira, que busca se viabilizar eleitoralmente, fez com que alguns desses gestores dispensasse os valores a serem recebidos de acordo com o avanço da vacinação, em troca das grandes quantias a serem repassadas via co-financiamento.
“O Estado se quisesse ajudar poderia muito bem adiantar o pagamento do co-financiamento da Saúde e HPP e não pagar R$ 1,50 por vacinação. Esse não é o problema, o município não está tendo dificuldade na vacinação em si. Está demorando chegar a vacina, mas quando chega o município vacina”, completou.
O secretário estadual de Saúde, Florentino Neto, não quis entrar na discussão. Ele informou que o momento é de união entre os governos federal, estadual e municipal. Segundo ele, atualmente os municípios contam com 362 mil doses prontas para serem aplicadas na população. Ele ressalta ainda, que além da vacinação é necessário que os municípios cadastrem todas as doses que estão sendo aplicadas.
“Nós queremos rapidez na campanha de vacinação, isso é o que interessa ao nosso povo, porque quanto mais rápido a gente conseguir vacinar as pessoas, mais rápido teremos imunidade e mais rápido teremos uma vitória contra a Covid-19. Hoje nós temos 362 mil doses já de posse dos municípios, temos 10 equipes de monitoramento que estão monitorando essa aplicação em todos os municípios, visitando os municípios e indo in loco verificando a necessidade ou não de um auxílio ou a necessidade de um apoio específico. Estamos também com um incentivo financeiro para o registro das doses, porque o importante não é apenas a aplicação das doses, mas sim, o registro no sistema informatizado do Programa Nacional de Imunização. Isso é importante para que a imprensa tenha acesso aos dados com transparência para o Ministério da Saúde possa acompanhar, para as autoridade sanitárias possam acompanhar e para que os órgãos de controle possam exercer sua função. O momento é de unidade, o momento é de estarmos todos juntos, dentro da filosofia do SUS, que é a união, Estado, Governo Federal e municípios em torno de um objetivo, que é vacinar à todos para garantir a imunidade contra a Covid-19″, disse Florentino Neto.