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Antes de Lázaro: Leonardo Pareja desafiou polícia nos fim dos anos 90

Pareja se tornou assunto no País ao desafiar e debochar das autoridades policiais, inclusive chegando a conceder entrevistas revelando seus próximos passos, mas conseguindo fugir. Ele manteve reféns, liderou rebelião em penitenciária e morreu por colegas de prisão em dezembro de 1996

Na década de 1990, a polícia de Goiás enfrentou uma busca semelhante à de Lázaro Barbosa, que chegou ao 13º dia nesta segunda-feira, 21. Em setembro de 1995, Leonardo Rodrigues Pareja assaltou um hotel em Feira de Santana, na Bahia, e manteve como refém, por três dias, uma adolescente de 16 anos, sobrinha do então senador Antônio Carlos Magalhães.

A fama de Pareja começou enquanto ele negociava com a polícia coberto por lençóis, dificultando a atuação de atiradores. Ele eventualmente liberou a adolescente, mas fugiu dos policiais e passou mais de um mês debochando e desafiando a atuação da corporação. Pareja chegou a conceder entrevistas a emissoras anunciando seus próximos passos. A atuação do goiano atraiu atenção do País e se tornou assunto, principalmente quando sua infância e adolescência de classe média foram reveladas.

A uma repórter da Rede Globo, o criminoso entregou sua localização e foi capturado pela polícia. Em abril de 1996, ressurgiu na mídia ao liderar uma rebelião de sete dias no Centro Penitenciário de Goiás (Cepaigo). No ocorrido, ele e outros 43 detentos fugiram após fazer alguns anônimos e autoridades locais de reféns, segundo publicação da revista Veja de 10 de abril de 1996. No mesmo ano, Pareja foi tema do documentário “Vida Bandida”, de Régis Faria.

Um estudante de Direito acompanhou Pareja durante seus últimos momentos em fuga, antes de voltar à prisão. Ele foi cercado, entregou seu revólver para o refém e entregou-se. A rebelião chegou ao fim pouco depois. 16 prisioneiros foram recapturados e os reféns foram liberados.

“Eu me rendi. De forma alguma fui preso. Eu estava retornando para Goiânia, só que não dava para ultrapassar todas as barreiras [policiais]. As primeiras que ultrapassei já deram problema. Então achei melhor parar e chamamos as autoridades”, explicou ele à Agência Estado.

Pareja foi morto com sete tiros efetuados por cinco colegas de prisão em 10 de dezembro de 1996, pois teria delatado a existência de um túnel por meio do qual alguns dos criminosos fugiriam. Seu plano era fugir somente no Natal ou no Ano Novo. Os cinco assassinos foram condenados a 45 anos e 6 meses de reclusão em abril de 2015, quase 15 anos depois.

O enterro de Pareja foi marcado por discussões entre a polícia e admiradores. Uma bandeira do Brasil deixava em cima do caixão foi tirada à força por agentes militares. O cadáver quase precisou retornar ao Instituto Médico Legal (IML) para ser embalsamado novamente, pois as pessoas o apertavam.

Antes de morrer, o goiano pretendia orientar a juventude. Após sua prisão em 1995, ele assinou contrato para publicação de um livro, o qual começou a ser vendido em 10 de outubro de 1996. Metade do lucro seria usada para criação de uma fundação destinada a reeducar menores infratores, declarou Pareja durante coletiva de imprensa realizada dentro do Cepaigo em 1º de outubro daquele ano e concedida pela Justiça criminal.

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