Empresário anuncia fechamento do Clube da Luta em Teresina
Empresário Luciano Carvalho disse que está com mais de R$ 20 mil de aluguel atrasado
No ano em que completou 10 anos no mercado, a academia de artes marciais Clube da Luta encerra suas atividades em Teresina. Durante a pandemia do novo coronavírus (covid-19), a empresa foi uma das milhares que não suportaram a crise financeira oriunda do isolamento social e decidiram fechar as portas.
Em entrevista, nesta quarta-feira (24), o proprietário da academia, Luciano Carvalho, destacou as dificuldades enfrentadas pelo setor diante das regras de isolamento impostas pelo governador Wellington Dias e o prefeito Firmino Filho. Para o empresário, o agravante da crise foi a falta de perspectiva para o retorno das atividades. A academia de artes marciais funcionava em um galpão no Bairro de Fátima, na zona leste da capital.
“A decisão foi tomada depois de 100 dias fechados e sem perspectivas. Fomos a primeira atividade a parar e provavelmente seremos uma das últimas a reiniciar e a cada dia que passa, a bola de neve aumenta. Nosso projeto, inicialmente era 15 dias de quarentena, dava para segurar. Mas começou prorrogação, prorrogação e a gente perdeu as esperanças de que vai voltar agora dia 6, como prometido. No virar do mês vai virar mais um aluguel”, desabafou o empresário.
R$ 20 mil de aluguel atrasado
“O meu aluguel é caríssimo, é um galpão próximo à Nossa Senhora de Fátima. A cada prorrogação de prazo, aumenta meu débito e hoje estou com mais de 20 mil reais de aluguel atrasado. Não tem mais como manter”, lamentou Luciano Carvalho.
Empresários sem proteção
Luciano avaliou que os empresários estão sem proteção dos governos, tendo em vista que não há uma medida para garantir a diminuição dos valores de aluguéis de pontos comerciais, colocando nas mãos de locatários o bom senso de diminuir o preço cobrado.
“Tentamos negociar o aluguel, tentamos financiamento bancário, tentamos todos os tipos de financiamentos, empréstimos para sobreviver, mas não deu mais. A cada virada de mês chega água, luz, internet, funcionário e o aluguel, que é o que pra mim está pesando. Se tivesse uma medida que nos protegesse, pelo menos os aluguéis comerciais, que a gente pudesse renegociar, mas não, a gente ficou nas mãos do proprietário”, afirmou o empresário.
10 anos de mercado
Em 2020 a empresa completou 10 anos de mercado e o proprietário decidiu investir para expandir a academia. Sem auxílio de banco e apenas com recursos próprios, Luciano usou suas reservas e foi pego de surpresa com a pandemia.
“Minha empresa tem 10 anos de funcionamento. Começou pequena, no quintal da minha casa, conquistamos mais de 300 alunos e começamos a expansão. Neste ano comemoramos 10 anos de academia, mas 100 dias fechado ficou inviável, pois foi justamente no ano de expansão. Fiz um investimento muito alto para conseguir um local bom, o investimento é todo em recurso próprio, não tem banco envolvido e eu fiquei sem capital e fui pego de surpresa”, lamentou.
Professores desempregados
Embora trabalhe com parceria e não tenha professores com carteira assinada, Luciano explicou que os profissionais que dão aula na academia estão sem receber salário. “Trabalhamos por parceria. O professor da aula e recebe por turma, 50%. Tínhamos seis professores nessa situação, esta todos seis desempregados. Como é parceria, eles recebiam por aluno e como não tem aluno, ninguém está recebendo”, disse Luciano Carvalho.
Demissão em massa
O empresário, que tem amigos no ramo de academias, informou que está “todo mundo quebrado” e que quando retomarem as atividades, o setor não vai aguentar e haverá demissão em massa.
“Hoje em Teresina a gente tem em média 500 academias, 7 mil funcionários na área e pela visão que a gente tem, está todo mundo quebrado. O pior ainda está por vir. Hoje com a suspensão dos contratos, os funcionários estão recebendo seu auxílio, seus salários. Mas quando voltarem e os salários forem suspensos, que os proprietários tiverem que voltar as atividades, o operacional lá em cima e 100 dias de atraso, vai ter uma demissão em massa. Hoje está todo mundo seguro, mas quando voltar com 100% de custo e 30% de receita, vai ter demissão em massa”, finalizou o empresário Luciano Carvalho.
Fechamento de empresas
Desde o início da grave crise causada pela pandemia de coronavírus no Piauí vários empresários anunciaram o fechamento de empresas.
O educador físico e empresário Demóstenes Ribeiro anunciou em entrevista ao GP1 o fechamento de duas academias e ressaltou que pode fechar uma terceira, caso as atividades econômicas não sejam retomadas no Piauí.
O empresásio Bob Ziegert anunciou na tarde desta segunda-feira (22), o fechamento de um dos maiores resorts do litoral piauiense, o luxuoso BobZ, localizado no povoado Barrinha, região de Barra Grande, município de Cajueiro da Praia. O proprietário do hotel afirmou que a atual situação é “insustentável”.
Danilo Damásio é outro empresário que vem sofrendo bastante com os decretos de Governo do Estado e Prefeitura de Teresina. Nesta quarta-feira (24), ele anunciou o fechamento do Motel Garden, localizado na zona sul de Teresina.
O Restaurante Poco Loko Gastrobar, localizado na zona leste de Teresina, também divulgou por meio de suas redes sociais uma nota nesta quarta-feira (24), informando que encerrou as atividades em Teresina.