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Operário morre soterrado ao ajudar colega em reservatório

Segundo a polícia, o homem ajudava um colega que havia se acidentado no silo quando foi "sugado" pelos grãos.

O operário Francisco Pereira Alves, de 46 anos, morreu no sábado (9), dentro de um silo, grande estrutura metálica usada para armazenar grãos, em uma fazenda em Uruçuí.

Segundo a Polícia Civil do Piauí (PC-PI), o homem ajudava um colega de trabalho que havia se acidentado no local quando foi “sugado” pelos grãos de soja.

O primeiro operário que se acidentou no silo foi resgatado com vida. Foi realizada perícia no local e os trabalhadores foram ouvidos pela polícia.

Após a coleta de informações, foi concluído que não há evidência de crime, que a morte teria sido acidental.

Mortes em silos

Acidentes como esse têm se tornado frequentes. Um levantamento inédito feito pela BBC News Brasil revela que, entre 2009 e 2018, ao menos 106 pessoas morreram em silos de grãos no país, a grande maioria por soterramento.

Somente em 2017, houve 24 mortes, alta de 140% em relação ao ano anterior. Os estados que tiveram mais casos são os mesmos que lideram o ranking de produção de grãos: Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás. Houve mortes em 13 estados distintos, em todas as regiões do país.

Segundo Idelberto Muniz de Almeida, professor de Medicina do Trabalho da Universidade Estadual Paulista (Unesp), a maior parte dos acidentes ocorre quando medidas de prevenção não são adotadas ou não funcionam de forma adequada.

Em geral, soterramentos em silos matam em instantes. O trabalhador é asfixiado ao afundar nos grãos e não consegue subir à superfície, como se fosse sugado por uma areia movediça.

Na maioria dos casos, ele é engolido ao caminhar sobre os grãos sem cordas de segurança enquanto tenta movimentar as partículas para desobstruir dutos. Os grãos costumam se aglutinar quando há excesso de umidade, travando o funcionamento do silo.

Em outros casos, menos numerosos, o trabalhador é encoberto por uma avalanche de grãos quando paredes do armazém colapsam – pondo em risco até quem está fora da construção – ou quando há grandes deslocamento de partículas dentro da estrutura.

Silos podem ainda explodir se tiverem grande quantidade de pó de cereais – material que se transforma em combustível quando em contato com superfícies muito aquecidas ou faíscas.

Em alguns casos, o trabalhador cai nos grãos e é soterrado após passar mal com gases tóxicos produzidos por sua fermentação. Há ainda casos em que as mortes são causadas unicamente pela inalação desses gases.

As normas de segurança em silos incluem o uso de sistemas de ventilação e de detecção de gases tóxicos. Em situações extremas, trabalhadores só devem entrar nas instalações com máscaras de oxigênio.

Fonte: G1 Piauí 

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