Jornal diz que Ciro possui dois inquéritos inéditos onde responde por corrupção
Colaborações relatam suposto acerto de propina. Defesa de político critica duramente os inquéritos
Matéria do jornal O GLOBO deste domingo (25) informa que o periódico teve acesso a informações de duas investigações inéditas que tramitam contra o senador Ciro Nogueira (PP), cotado para assumir a Casa Civil no governo de Jair Bolsonaro. A defesa do senador nega qualquer alto ilícito e faz duras críticas aos inquéritos. Até agora se sabia que existiam três investigações contra o parlamentar que tramitam no Supremo Tribunal Federal, sendo que duas delas resultaram em ações penais.
Segundo a publicação jornalística, o mais recente desses dois inquéritos “inéditos” foi aberto em outubro do ano passado, tendo como relator o ministro Edson Fachin, do STF.
A investigação busca saber se o então presidente da OAS Léo Pinheiro fez algum acerto com o senador pelo Piauí no ano de 2014 para repassar ao PP a cifra de R$ 1 milhão, em meio a doações oficiais, em face de alteração da legislação tributária, através de medida provisória, para beneficiar a empreiteira.
Segundo Léo Pinheiro, houve um café da manhã na casa do senador para acertar os repasses, que seria algo em duas vezes de R$ 500 mil. O café da manhã teria ocorrido no dia 6 de agosto de 2014, informa O GLOBO, que complementa acrescendo que após essa data houve três doações de R$ 500 mil à direção nacional do partido.
Até o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, teria feito cobranças a Léo Pinheiro em nome de Ciro Nogueira.
Um outro inquérito também inédito, segundo o jornal, diz respeito à suposta influência de Ciro Nogueira visando a liberação de valores junto à Caixa Econômica Federal para a Engevix, outra empreiteira.
O GLOBO noticia que há um acordo de colaboração premiada com o dono da Engevix José Antunes Sobrinho e que esse inquérito tramita no gabinete do ministro do STF Luís Roberto Barroso – notório pelas contundentes críticas contra corruptos e corruptores.
Ainda segundo a publicação, José Antunes Sobrinho informou à Polícia Federal que a Engevix tinha uma cifra de R$ 270 milhões para receber da Caixa, que seria referente a obras do aeroporto de Brasília. Só que mesmo após o empreendimento pronto e inaugurado, a empreiteira não tinha recebido o valor.
Seria aqui que teria entrado Ciro Nogueira, segundo o informado à PF. A reportagem ressalta que à época, Gilberto Occhi, aliado de Ciro Nogueira, era quem comandava o banco estatal.
O dono da Engevix afirma então que foi procurado por dois lobistas e recebeu a proposta de que teria o valor liberado, desde que pagasse propina de R$ 500 mil.
ABAIXO NOTA DO ESCRITÓRIO QUE DEFENDE O SENADOR:
“A defesa do Senador Ciro Nogueira vem esclarecer que, em relação à investigação do suposto pagamento de R$ 1 milhão pela OAS, de acordo com relato do colaborador Leo Pinheiro, a defesa – por incrível que possa parecer- nunca teve acesso ao inquérito. Uma delação homologada em 2019 e até o presente momento o Senador sequer foi chamado a prestar esclarecimentos. É claro que a investigação, em dado momento, até pode tramitar em sigilo. Mas depois de tanto tempo, o investigado tem o direito de ter conhecimento da apuração. Isso só evidencia o abuso do poder investigativo do MP na condução da Operação Lava Jato e todos os excessos que foram praticados, razão pela qual a operação está tão desmoralizada. Esta operação se notabilizou pela criminalização da política, numa tentativa- felizmente hoje desmascarada- do Ministério Público capturar a pauta do Legislativo. Hoje está evidenciado que o juiz/ político da Lavajato e os seus comandados do Ministério Público corromperam o sistema de justiça em prol de um projeto político.
Quanto ao INQ 4784, trata-se de investigação antiga. Os fatos já eram de conhecimento público, noticiados em veículos de imprensa desde 2016, apesar do inquérito só ter sido formalmente instaurado no Supremo em abril de 2019. Desde então, a apuração não avançou em absolutamente nada relevante, pois os relatos do colaborador José Antunes são inverídicos. Tanto são, que tal delação foi desmentida por outro colaborador ouvido nos autos desse mesmo inquérito, Victor Sérgio Colavit.
As duas investigações têm algo em comum, demonstram a falência de uma operação criminosa e oportunista, alimentada por inúmeras delações inverídicas, a operação Lava Jato. Tais inquéritos tramitam há anos, sem nunca o Senador ter sido chamado a prestar depoimento e sem qualquer avanço, pois os fatos não são verdadeiros e não tem relação com o senador Ciro Nogueira.
Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay
Almeida Castro, Castro e Turbay Advs”