Margarete diz que voto impresso não aumenta segurança das eleições
Para Margarete, as urnas eletrônicas são confiáveis e o retorno do voto impresso traria mais instabilidade ao processo eleitoral
CIDADE VERDE – Relatora do grupo de trabalho da Câmara dos Deputados sobre mudanças na legislação eleitoral, a deputada federal Margarete Coelho (PP), se manifestou nesta segunda-feira (2) sobre o polêmico voto impresso auditável. O tema é tratado em outra comissão especial e analisa a PEC 135/2019, redigida pela deputada federal Bia Kicis (PSL-DF). Para Margarete, as urnas eletrônicas são confiáveis e o retorno do voto impresso traria mais instabilidade ao processo eleitoral.
“Primeiro precisamos saber de que voto impresso nós estamos falando. As maiores fraudes no processo eleitoral que nós vimos, elas aconteceram quando a cédula era manual. Eu vejo com muita desconfiança e muita restrição. Nós já temos um processo eleitoral extremamente judicializado. As urnas eletrônicas já são auditáveis. É possível auditar. Eu confio na urna eletrônica. Há possibilidade de fraude em qualquer lugar. E não seria uma fraude no varejo. A urna é imune a essa fraude do dia a dia, de alguém votar por alguém, de mudar os mapas das urnas”, afirmou em entrevista à TV Cidade Verde.
Segundo a deputada, a Justiça Eleitoral poderia ter demonstrado mais que a urna eletrônica é segura. “A Justiça Eleitoral precisa fazer mea-culpa e demonstrar que a urna é segura e que há possibilidade de auditar. Colocar essa urna na mesa e dizer: está aqui, violem a urna. Ela é inviolável e a Justiça Eleitoral jogou uma cortina de fumaça. Ela sempre transformou a segurança das urnas em um dogma. É seguro e pronto. Não é assim. A sociedade tem todo o direito de auditar”, declarou.
Especialista no assunto, Margarete rechaçou as declarações do presidente Jair Bolsonaro de que se não tiver voto impresso, não haverá eleição.
“Acho que você dizer ou tem voto impresso ou não tem eleição é uma posição muito divisionista. É uma posição muito antagônica ao processo eleitoral. Isso termina por promover um debate que não é real. Não há possibilidade de não se ter eleição. Não podemos trabalhar, em pleno século 21, com a democracia que nós temos, com a possibilidade de não termos eleições. Isso é uma conquista do estado civilizatório. É uma conquista com o estado democrático. Temos que ter cuidado com o discurso”, afirmou.
Ainda de acordo com a deputada, o voto impresso não aumentará a segurança das eleições. “Eu não vejo como o voto impresso aumente a segurança das eleições. Pelo contrário. A mão humana tem muito mais possibilidade de fraudar, do que uma máquina”, disse.
De acordo com Margarete, o debate sobre o tema se polarizou dificultando consensos. Seu partido, o Progressistas, por exemplo, é um dos 11 partidos que assinaram uma lista atestando que confiam na urna eletrônica.
“O debate polarizou e ficou difícil se conseguir os consensos necessários. Teremos uma reunião amanhã e vamos discutir tanto o distritão como voto impresso. O presidente Ciro Nogueira assinou aquela lista de 11 partidos que declararam ter total confiança na urna eletrônica”, afirmou.
O grupo de trabalho que a deputada atua discute o processo eleitoral em si, como o ato de votar, a propaganda, dentre outras questões eleitorais.
“Nosso texto já está pronto e eu devo ser relatora no grupo de trabalho e no plenário”, finalizou.