Após faltar duas vezes, Flávio Dino comparece à Câmara
Ministro da Justiça participou de audiência na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle nesta quarta. Antes, Dino não atendeu a convocações do colegiado de Segurança Pública.
O ministro da Justiça, Flávio Dino, compareceu nesta quarta-feira (25) a uma reunião da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara.
A ida do ministro à Câmara ocorreu após ele faltar duas vezes neste mês a audiências na Comissão de Segurança Pública, para as quais havia sido convocado – ou seja, o comparecimento dele era obrigatório.
A primeira ausência no colegiado de Segurança Pública, que é controlado por deputados de oposição ao governo Lula, ocorreu no dia 10 de outubro. A segunda, nesta terça-feira (24).
“As razões pelas quais eu não compareci estão escritas e entregues ao presidente da Casa, Arthur Lira. A ausência é um direito. Nem o réu é obrigado a comparecer para prestar depoimento, e eu nunca fui nem sou réu, então se há justificativa, ela é apresentada ao presidente da Casa, foi assim que eu fiz”, afirmou Dino sobre as ausências.
Na Comissão de Fiscalização, nesta quarta, o ministro atendeu a um pedido de convite, quando a presença não é obrigatória.
No colegiado, Dino tratou de três temas centrais:
- as imagens de câmeras de segurança no Ministério da Justiça no dia 8 de janeiro
- suposta interferência na Polícia Federal
- cortes orçamentários para 2024 em ações de prevenção de criminalidade
Sobre as imagens de câmeras de segurança do MJ no dia dos atos golpistas, o ministro afirmou que os registros foram coletados pela Polícia Federal após o 8 de janeiro.
Na audiência, o ministro negou interferências na PF, e disse que declarações suas sobre a corporação foram erroneamente interpretadas. Uma das falas referente a uma parceria entre ministérios da Justiça e Esporte contra violência nos estádios.
“Eu falei ao deputado [André Fufuca, ministro do Esporte] que temos uma parceria a fazer. Ele perguntou qual. Eu expliquei: ‘Eu tenho a polícia, você tem o dinheiro’. Aí é interpretação de texto. Claro que não sou eu ‘pessoa física’, eu me referi ao meu ministério”, declarou.
Ele também negou cortes orçamentários para ações de combate à criminalidade no ano de 2024.
“Eu lembro que o Orçamento de 2024 ainda não foi votado, portanto não é possível aquilatar se há ou não redução em relação a um item fundamental que são as emendas parlamentares. É claro que, após apresentação de emendas parlamentares, que será possível dispor sobre redução, ou não. Como não há ainda o prazo de emendas ao orçamento de 2024, fizemos comparação sem levar em conta os orçamentos das emendas. Não há redução. Esse suposto corte inexiste”, declarou.
‘Não sou vizinho de miliciano’, diz Dino
Em outro momento da audiência, o ministro foi questionado sobre a criminalidade no Rio de Janeiro. Ele disse que o problema “vem de décadas” e afirmou considerar um dos “maiores erros políticos” do estado o que chamou de “incentivo às milícias”. Na sequência, ironizou:
“As milícias foram incentivadas por políticos e protegidos por políticos. Eu nunca homenageei miliciano. Eu não sou amigo de miliciano, não sou vizinho de miliciano, não empreguei no meu gabinete filho de miliciano, esposa de miliciano e, portanto, não tenho nenhuma relação com o crime organizado no Rio de Janeiro”.
O ministro da Justiça não citou diretamente, mas membros da família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) já foram acusados de ter ligações com integrantes da milícia. O miliciano Ronnie Lessa, envolvido no assassinato da vereadora Marielle Franco, morava no condomínio em que Bolsonaro tem casa na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Já Flávio Bolsonaro, quando era deputado estadual no Rio de Janeiro, empregou a mãe e a esposa de um suspeito de integrar milícia.
Zambelli diz que colega está ‘apaixonado’ por ela; deputado nega: ‘Tenho bom gosto’
Em um momento da audiência com Dino, os integrantes da comissão caíram na risada com diálogo travado entre os deputados Carla Zambelli (PL-SP) e Duarte Jr. (PSB-MA).
Carla Zambelli elaborava perguntas para o ministro da Justiça, quando Duarte Jr. afirmou que o tempo da parlamentar já havia se esgotado.
Zambelli, então, afirmou: “O Duarte deve estar apaixonado por mim, porque não consegue me esquecer. Eu sou casada, viu Duarte?”.
“E eu tenho bom gosto”, retrucou o deputado do PSB. A resposta provocou risos dos parlamentares.
Na sequência, a presidente da comissão, Bia Kicis (PL-DF), disse que a declaração de Duarte era um “desrespeito” com Zambelli. O deputado afirmou que a fala de Zambelli que era um “desrespeito” com a sua esposa e família.
Os ânimos se acalmaram e a reunião prosseguiu.
Fonte: G1 Política