DHPP indicia empresário pelo assassinato da esposa em Teresina
O inquérito foi concluído pela delegada Nathália Figueiredo, do Núcleo de Feminicídios do DHPP.
O empresário Eliesio Marinho da Silva, 31 anos, foi indiciado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) pelos crimes de fraude processual e feminicídio contra a esposa, Kamila Carvalho do Nascimento. O crime ocorreu no dia 20 de outubro deste ano, no bairro Aeroporto, zona norte de Teresina.
O inquérito policial foi concluído, nesta sexta-feira (29), pela delegada Nathália Figueiredo, do Núcleo de Feminicídios do DHPP. Agora, o resultado será enviado ao Ministério Público e Poder Judiciário.
A delegada explicou que a perícia constatou que ocorreram alterações na cena do crime e que não havia a possibilidade de a vítima ter efetuado o tiro contra ela mesma, como alegou o empresário. “Foi indiciado por homicídio com qualificadora de feminicídio, com causa de aumento, por ter sido o crime praticado na presença de menor de 14 anos, a filha do casal. Alguns pontos foram encontrados pela perícia, por exemplo, a faca, nas condições em que foi encontrada, jamais a vítima estaria empunhando a faca no momento em que teria atirado em si própria, porque era incompatível, tudo indica que ela foi colocada após a morte da vítima”, pontuou Nathália Figueiredo.
Ainda conforme a delegada Nathália Figueiredo, o exame também não apontou vestígios de pólvora na mão de Kamila. “O exame residuográfico também deu negativo e a perita realizou um teste. Ela fez um único disparo com essa arma que deixou vestígio de pólvora, então se a vítima tivesse atirado em si própria teria vestígio na mão dela”, relatou.
Outro ponto refutado pela perícia foi o fato de que o tiro teria sido disparado a uma curta distância. “Ele alegou que [o tiro] foi a curta distância, mas foi constatado que foi à longa distância e ele mesmo disse que na casa só havia ele, a companheira e a filha do casal”, afirmou Nathália Figueiredo.
“Além da questão de ter sido comprovado que não foi a vítima que se suicidou, foi constatado através da perícia que ele tentou alterar a cena do crime para simular um suicídio. Tinham evidências de que o corpo foi manipulado, pois as manchas de sangue eram incompatíveis com a posição em que o corpo foi encontrado. Houve manipulação, ele moveu a cabeça, possivelmente os membros”, explanou a delegada Nathália Figueiredo.
Eliésio está preso deste o dia 23 de outubro no presídio de Altos. Ele teve a prisão temporária prorrogada e, posteriormente, convertida em preventiva.
Relembre o caso
Kamila Carvalho do Nascimento, de 22 anos, foi encontrada morta, com um disparo de arma de fogo na cabeça, na madrugada de 20 de outubro de 2023, dentro da casa onde morava com o marido e a filha de 2 anos, no bairro Aeroporto, na zona norte de Teresina.
O marido de Kamila, que é corretor de veículos, acionou um advogado e deixou a residência antes da chegada do DHPP. “O marido entrou em contato com o advogado para que ele avisasse à Polícia Militar [e depois foi embora da casa]. Ele disse que ela havia cometido suicídio, mas toda morte violenta nós tratamos como homicídio, até que se prove o contrário”, afirmou o delegado Barêtta à imprensa na ocasião.
Ainda conforme o delegado, a mulher foi encontrada nua em um dos quartos do imóvel, segurando uma faca, mas os indícios apontam que ela foi morta com um disparo de arma de fogo na cabeça. “Essa senhora estava no quarto, completamente despida, caída próxima à cama com uma faca na mão e uma pistola [PT 380] caída ao lado. Encontraram também um estojo deflagrado e, segundo consta, há compatibilidade de disparo de arma de fogo, mas quem vai dizer são os peritos”, finalizou Barêtta.
O que disse o empresário
Durante seu depoimento, o empresário contou à polícia que resolveu chamar seu advogado em vez de chamar a Polícia Militar, pois estava nervoso e, por esse motivo, sequer chamou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). “Ele disse que estava bastante nervoso, que foi uma situação bastante traumática, que não acionou o SAMU, mas acionou o advogado. Ele não narrou conflito anterior com a vítima. A arma não é registrada no nome dele, mas ele afirmou que era de uso dele. Ele também disse que ela tinha conhecimento de onde a arma poderia estar, mas não era uma pessoa que manuseava a arma, dando a entender que ela não era uma pessoa que tinha intimidade com arma de fogo”, concluiu a delegada.