Política

Lula quer reatar aliança com MDB em estados do Nordeste

Em giro pelo Nordeste, Lula conversou com caciques emedebistas, como Sarney, Eunício, Jarbas e Garibaldi; o petista costura palanque no Rio Grande do Norte

Na caravana pelo Nordeste, Lula busca reconstruir alianças do passado, especialmente com o MDB, que tem mantido certa independência em relação a Jair Bolsonaro. Na passagem pelo Rio Grande do Norte, o petista costurou uma parceria com o MDB para a reeleição da governadora Fátima Bezerra (PT).

Ontem, Lula jantou com o ex-senador Garibaldi Alves Filho (MDB-RN), ex-presidente do Senado e ministro da Previdência Social do governo de Dilma Rousseff, que, em 2016, votou a favor do impeachment da petista após o rompimento com o PT.

Um ano depois, Garibaldi foi denunciado por corrupção ao lado da cúpula do MDB no âmbito da Operação Lava Jato, acusado de integrar esquema que desviou recursos da Transpetro, mas o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou extinta a punibilidade do político por prescrição.

Garibaldi; seu filho, o deputado Walter Alves (MDB-RN), e o líder do MDB na Câmara dos Deputados, Isnaldo Bulhões (RN), foram ao hotel Tulip de Natal, onde Lula estava hospedado.

As conjunturas política e econômica foram tema da conversa, entre os pratos de carne de sol. O ex-senador emedebista quer retornar ao Senado e acredita ter como potenciais adversários dois ministros do governo Bolsonaro: Fábio Faria, das Comunicações, e Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional. Uma coligação com a governadora pode facilitar os planos de Garibaldi.

Em 2018, na disputa no Rio Grande do Norte, o partido do então presidente Michel Temer compôs a chapa do candidato Carlos Eduardo (PDT), derrotado no segundo turno pela petista. Na coligação, Garibaldi Alves concorreu à reeleição, mas também não teve sucesso nas urnas. Ficou em quarto lugar, com 12,93% dos votos.

Em pré-campanha no estado, Lula foi recebido na noite da segunda-feira (23/08) na casa do senador Jean Paul Prates (PT-RN), em Natal, com a presença da senadora Zenaide Maia (Pros-RN) e da governadora Fátima Bezerra.

A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), também esteve no jantar.

Zenaide deve integrar a coligação. Uma das apostas é de que o ex-prefeito de São Gonçalo do Amarante Jaime Calado, secretário de Desenvolvimento Econômico do governo do Rio Grande do Norte e marido de Zenaide, seja o vice na chapa de Fátima Bezerra.

Na visita a Natal, Lula se tornou padrinho da filiação ao PT da prefeita Marina Dias Marinho, de Jandaíra, município a 120 km de Natal. Eleita com 60,19% dos votos em 2020, Marina se desligou do MDB. Mas a aliança continua com a permanência do vice-prefeito Laércio Neves no partido.

Nas últimas semanas, Lula conversou com líderes do MDB, como José Sarney, Roseana Sarney, Jarbas Vasconcelos e Eunício Oliveira, e deixou claro na conversa com Garibaldi o desejo de reatar a parceria com o partido. “Falamos sobre uma aproximação. A conversa foi boa, mas ainda é muito cedo para uma decisão”, diz Walter Alves.

Em entrevista coletiva nesta manhã em Natal, Lula disse que a aliança é necessária para vencer as eleições e, em caso de vitória, para governar o país.

“O PMDB foi parceiro nosso durante muito tempo. Depois tivemos o golpe em cima da Dilma que muitos deputados de todos os partidos participaram, mas nessa visita que estou fazendo no Rio Grande do Norte, eu não posso pensar com o fígado. Eu preciso pensar de forma civilizada. Como é que a gente vai manter relações com todas as forças políticas, porque a gente precisa se (for) candidato ganhar as eleições e se ganhar as eleições precisa governar o país?”, afirmou.

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