Motorista escapa de assalto ao passar pela PM e usar farol alto
Vítima percebeu movimentação suspeita dos passageiros e decidiu pedir ajuda aos policiais, que abordaram o veículo. Dois suspeitos foram conduzidos e uma arma de fogo foi apreendida.
O motorista por aplicativo Clenilson Gomes, de 36 anos, escapou de uma tentativa de assalto ao cruzar por uma viatura da Polícia Militar do Piauí (PMPI), acender o farol alto e atrair a atenção dos policiais, na noite de quarta-feira (14), no bairro Porto Alegre, Zona Sul de Teresina.
Dois suspeitos, um jovem e um adolescente, foram conduzidos à Central de Flagrantes pela PM, que apreendeu ainda uma arma de fogo e dois aparelhos celulares.
Clenilson relatou que aceitou o pedido de corrida da dupla na Vila Irmã Dulce com destino a um endereço não identificado no bairro Torquato Neto. Os passageiros afirmaram inicialmente que pagariam em espécie, mas depois disseram que fariam um Pix.
“Eles começaram a inventar dificuldade para pagar pelo Pix, um deles disse que ia ligar para a namorada, mas ela não atendia. Depois falou que a mãe pagaria. Achei estranho, parei em um posto de gasolina e mandei mensagem para um grupo de colegas motoristas, pedi que acionassem a polícia”, lembrou.
Após enviar as mensagens, a vítima avistou uma viatura do 17º Batalhão de Polícia Militar (BPM), próximo a um supermercado no Porto Alegre, e decidiu acender o farol alto para pedir ajuda.
“Comecei a dar luz alta, pisca-alerta, eles viram e acompanharam até abordar o carro na entrada do Torquato Neto. Acharam a arma e dois celulares e nos levaram à Central de Flagrantes, onde registrei o B.O. A mãe do adolescente pagou o valor da corrida”, acrescentou o motorista.
Clenilson afirmou que, passado o susto, ainda não conseguiu voltar a trabalhar. Para ele, faltam medidas de segurança mais eficazes nos aplicativos, que apenas gravam o áudio e as imagens de cada corrida.
“Estou em choque desde ontem, traumatizado. Agradeço a Deus por não ter chegado ao destino, sabe-se lá o que teriam feito comigo”, relatou.
O tenente-coronel Flávio Henrique, comandante do 17º BPM, informou que a guarnição realizava o policiamento ordinário da região quando encontrou o carro do motorista por aplicativo e começou a segui-lo para realizar a abordagem.
Segundo o comandante, um dos presos em flagrante é suspeito de uma série de assaltos a motoristas na Zona Sul da capital. A investigação dos outros crimes ficará a cargo da Polícia Civil.
Terceiro caso em dois meses
A tentativa de assalto ao motorista por aplicativo é a terceira interceptada pela polícia nos últimos dois meses, conforme o presidente da Cooperativa de Transportes por Aplicativos do Piauí (COOPERTAPP-PI), Érico da Luta.
Outros dois casos foram registrados em janeiro deste ano; em um deles, o condutor se livrou de um sequestro ao sinalizar para uma equipe das Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas (Rocam) no bairro Noivos, Zona Leste de Teresina.
Érico destacou a importância do policiamento ostensivo da PM, sobretudo por meio das blitzen, que impediu que os três casos evoluíssem para assaltos. Ainda assim, sugeriu a implementação de um “botão do pânico”, já existente em outros estados do Brasil.
“Esta foi a terceira tentativa de assalto prevenida, mas quantos outros motoristas não são vítimas de assaltos e não notificam? É importante registrar o Boletim de Ocorrência, assim como o policiamento e as blitzen, mas precisamos de outras medidas de segurança”, ressaltou.
As reivindicações da COOPERTAPP-PI se intensificaram após a morte do motorista Marcos Vinícius Cordeiro da Silva Filho, de 24 anos, baleado durante um assalto em dezembro de 2023 no bairro Lourival Parente, Zona Sul de Teresina.
Outro caso que repercutiu entre a classe foi o resgate de outra motorista, mantida refém dentro do porta-malas do próprio carro, no bairro São Pedro, também na Zona Sul da capital, em novembro do ano passado. Os suspeitos de ambos os crimes estão presos.
À época, a Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP-PI) informou que conduzia um estudo para atender às demandas dos motoristas por aplicativo e solicitaria dados dos motoristas credenciados às plataformas.
Além disso, a pasta afirmou investigar pessoas que se passam por usuários para cometer crimes.